... Abri mais um pouco meus olhos, mas, oh!, eles já estavam abertos. Socorro, estou perdendo a visão?!?! Onde está o sol! Esfreguei meus olhos com as mãos, mas eles continuavam com aquela névoa que me atrapalhava a visão. Nem as árvores do parque à frente da minha casa eu conseguia enxergar.
... Será a primeira câmara de defumação ao ar livre. Podemos até patentear....super ecológico!
Leia o artigo abaixo ... Será a primeira câmara de defumação ao ar livre. Podemos até patentear....super ecológico!
Salaminhos ecológicos
Por Adriana Vandoni
Acordei na segunda-feira, abri a porta da varanda e do alto do 5º andar, admirei o amanhecer na minha Cuiabá, na minha cidade verde.
- Bom dia, sol!, respirei fundo, enchi meu peito de ar e cof, cof, cof...
Abri bem meus olhos e... - Sol, cadê você?
Abri mais um pouco meus olhos, mas, oh!, eles já estavam abertos. Socorro, estou perdendo a visão?!?! Onde está o sol! Esfreguei meus olhos com as mãos, mas eles continuavam com aquela névoa que me atrapalhava a visão. Nem as árvores do parque à frente da minha casa eu conseguia enxergar.
Custei alguns segundos para perceber que o problema não era meu, mas uma cortina de fumaça que transformou a minha cidade verde numa paisagem sombria, tal como nos filmes de Hitchcock.
Atrás daquela espessa fumaça, um tímido sol me conta que existe alguém mais forte que ele, alguém para quem o meio ambiente é apenas um estorvo. Esse alguém se esqueceu que é preciso prevenir incêndios. Quando o estado começou a pegar fogo, nossos bravos bombeiros foram obrigados a trabalhar sem a mínima condição, faltou tudo, desde a vestimenta apropriada até aqueles abafadores de fogo, e mesmo assim, e com a ajuda de abnegados voluntários, nossos bravos bombeiros vão cumprindo a função.
De tão indignada por ver minha cidade que era verde virar cenário de filme de terror, liguei para o setor encarregado e perguntei: vem cá, eu estou ficando velha ou este ano a fumaceira está maior? Claro que a pessoa me respondeu que eu de fato devo estar ficando velha, como todo mundo, mas disse que este ano está atípico.
Em 2004 foi ano recorde do estado em focos de incêndio, foram 75 mil focos. Este ano está muito pior que 2004, porém, uma mudança de satélite fez com que o governo perdesse o referencial. Pelo satélite novo que hoje está sendo usado, Mato Grosso registra apenas 20 mil focos. “Mas nós sabemos que esse número está muito longe da realidade”, me disse o técnico da defesa civil.
Já ia fechando o artigo quando uma pessoa da área de combate a incêndios, sabendo do meu interesse, me ligou dizendo ter duas informações, uma boa e outra ruim. A boa é que existe previsão de uma ligeira chuva no dia 6, sábado. A ruim é que a defesa civil recebeu uma denúncia de que uma fazenda de 25 mil hectares está em chamas, se for confirmada a tal denúncia, será a maior queimada registrada de um só proprietário.
E quando já ia desligando o telefone ele disse: - Ah, o Pantanal está queimando, você sabe, né? Não, eu não sabia, mas imaginava...buááááááá...
Sabe de uma coisa?, Brairo é que está certo em ir paras Zoropa marretear soja. Só doido fica em Mato Grosso. Eu, apesar de não ter soja pra merretear, peço licença ao leitor, mas vou dar uma saída. Volto em dez dias, depois de respirar um ar melhor que deste inferno.
Aos que ficam, uma sugestão: tentem aproveitar o clima para fabricar salaminhos defumados na varanda. Será a primeira câmara de defumação ao ar livre. Podemos até patentear. Já estou até imaginando: “salaminhos à Brairo – os únicos defumados ao ar livre”. Nossa!...super ecológico!
- Bom dia, sol!, respirei fundo, enchi meu peito de ar e cof, cof, cof...
Abri bem meus olhos e... - Sol, cadê você?
Abri mais um pouco meus olhos, mas, oh!, eles já estavam abertos. Socorro, estou perdendo a visão?!?! Onde está o sol! Esfreguei meus olhos com as mãos, mas eles continuavam com aquela névoa que me atrapalhava a visão. Nem as árvores do parque à frente da minha casa eu conseguia enxergar.
Custei alguns segundos para perceber que o problema não era meu, mas uma cortina de fumaça que transformou a minha cidade verde numa paisagem sombria, tal como nos filmes de Hitchcock.
Atrás daquela espessa fumaça, um tímido sol me conta que existe alguém mais forte que ele, alguém para quem o meio ambiente é apenas um estorvo. Esse alguém se esqueceu que é preciso prevenir incêndios. Quando o estado começou a pegar fogo, nossos bravos bombeiros foram obrigados a trabalhar sem a mínima condição, faltou tudo, desde a vestimenta apropriada até aqueles abafadores de fogo, e mesmo assim, e com a ajuda de abnegados voluntários, nossos bravos bombeiros vão cumprindo a função.
De tão indignada por ver minha cidade que era verde virar cenário de filme de terror, liguei para o setor encarregado e perguntei: vem cá, eu estou ficando velha ou este ano a fumaceira está maior? Claro que a pessoa me respondeu que eu de fato devo estar ficando velha, como todo mundo, mas disse que este ano está atípico.
Em 2004 foi ano recorde do estado em focos de incêndio, foram 75 mil focos. Este ano está muito pior que 2004, porém, uma mudança de satélite fez com que o governo perdesse o referencial. Pelo satélite novo que hoje está sendo usado, Mato Grosso registra apenas 20 mil focos. “Mas nós sabemos que esse número está muito longe da realidade”, me disse o técnico da defesa civil.
Já ia fechando o artigo quando uma pessoa da área de combate a incêndios, sabendo do meu interesse, me ligou dizendo ter duas informações, uma boa e outra ruim. A boa é que existe previsão de uma ligeira chuva no dia 6, sábado. A ruim é que a defesa civil recebeu uma denúncia de que uma fazenda de 25 mil hectares está em chamas, se for confirmada a tal denúncia, será a maior queimada registrada de um só proprietário.
E quando já ia desligando o telefone ele disse: - Ah, o Pantanal está queimando, você sabe, né? Não, eu não sabia, mas imaginava...buááááááá...
Sabe de uma coisa?, Brairo é que está certo em ir paras Zoropa marretear soja. Só doido fica em Mato Grosso. Eu, apesar de não ter soja pra merretear, peço licença ao leitor, mas vou dar uma saída. Volto em dez dias, depois de respirar um ar melhor que deste inferno.
Aos que ficam, uma sugestão: tentem aproveitar o clima para fabricar salaminhos defumados na varanda. Será a primeira câmara de defumação ao ar livre. Podemos até patentear. Já estou até imaginando: “salaminhos à Brairo – os únicos defumados ao ar livre”. Nossa!...super ecológico!
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