Por Ralph J. Hofmann
Não sei se devo admirar ou rejeitar a incrível calma e aceitação filosófica do povo brasileiro ante o que lhe é imposto por seus governantes. Trezentos e tantos deputados passam todas as semanas por aeroportos brasileiros, repletos de passageiros massacrados por um apagão. Refiro-me a trezentos e tantos deputados que votaram contra a CPI do Apagão. Uma coisa tão acintosamente errada que parece impossível que algum aposentado de bengala não caia em cima deles. Que as salas VIP não sejam depredadas por albergarem um destes deputados.
É assombroso. Há algo errado na prática, não na teoria. Afeta a modernidade do país. Coloca em risco vidas. E ninguém ainda linchou um grupo de deputados. Nenhum funcionário de baixo escalão de companhia aérea ainda sussurrou para o povo nos aeroportos: “ Lá vai o deputado fulano, vai para pro portão B. Podem pegá-lo lá. ”.
Ninguém pega esses deputados no cafezinho em suas cidades natais e lhe aplica um corretivo.
Reelegê-los já foi mau. Continuar tolerando este tipo de comportamento é muito, mas muito pior. A tranqüilidade, a falta de comportamento rancoroso do povo brasileiro, uma vez um dos grandes méritos deste país agora já virou coisa patética.
O ser humano tem de colocar limites aos seus algozes. Caso contrário vira escravo. Escravo e pedinte.
"Por favor sinhozinho Lula, por favor sinhozinho deputado, dá para dar um governo decente. Dá pra trabalhar um pouco. Ah? Não dá não! Hmm. Desculpe ter lhe incomodado ta?".
Mendigando o que é um direito! Tsk, tsk,tsk.
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