23 de mar. de 2007

Os Piratas de Classe Média

Por André Leite

Vamos falar as coisas em português claro. Entende-se por pirataria a violação aos direitos autorais de que tratam as Leis nos 9.609 e 9.610, ambas de 19 de fevereiro de 1998. Se você, nobre leitor ou leitora, compra cópias não autorizadas, ou manda copiar produtos, está desrespeitando a lei. Está cometendo um crime. Simples assim.
Recentemente dois amigos empresários se queixaram do estrago que os piratas de classe média causam aos seus negócios. Um deles tem uma moderna e bem montada locadora de filmes. Ele tem se queixado que as locações têm caído pelo simples motivo que seus clientes (maioria das classes A/B) preferem comprar no “camelódromo” uma cópia pirata pelo mesmo preço de sua locação. Já outro amigo tem uma loja de móveis, também muito bem montada. Os móveis são projetados por designers que tem propriedade intelectual sobre sua obra e que ganham royalties com isso. Ele me contou que outro dia, um cliente (um respeitado médico) teve a pachorra de mandar uma marcenaria em sua loja para medir e copiar um móvel. Naturalmente ele colocou para correr o funcionário pirata desta marcenaria. Esses são dois pequenos exemplos que se repetem aos montes em todo Brasil.
Um aspecto de tudo isso é moral. Supõe-se que nossa elite para merecer esse nome, seja além de abastada e instruída, o norte moral de nossa sociedade. O que esperar de uma sociedade onde a elite (classe média e alta) não respeita as leis? Essa mesma classe média que se escandaliza com as corrupções dos petralhas & amigos não pode desrespeitar a lei. Se o doutor pirateia um móvel para o deleite de sua patroa, o filho do doutor deve achar normal “colar” na prova para passar de ano. Afinal é tudo propriedade intelectual. Que sociedade é essa de vale-tudo que estamos formando? A empregada do doutor se pegar uma maçã no mercado pega alguns anos de cadeia, já o doutor usa e abusa dos produtos piratas impunemente.
Outro aspecto é o econômico. Toda uma cadeia produtiva trabalha e vive honestamente do seu suor para que o seu filme chegue ao seu aparelho de DVD. Comprando produtos piratas você está desestimulando a inovação tecnológica, o investimento e a geração de empregos. Você está dando dinheiro para bandidos. Você está gerando desemprego. Além disso, você está dando um tiro no pé, pois o pirata nunca tem a garantia e a qualidade de um original.
Absurda mesmo é a postura dos governos municipais e estaduais. Wilson Santos e Blairo Maggi deixam os piratas livre-leves-soltos em Cuiabá. Com isso estão fazendo gol contra. Piratas não recolhem impostos nem geram empregos formais. Os empresários que perdem com os piratas, deixam de recolher aos cofres públicos. O que eles estão esperando para uma ação sistemática de repressão contra os piratas? Não me venham com essa balela de “problema social” se desmontarem o camelódromo, isso é discurso de petralha conivente com o crime. Pirataria enfraquece a economia e é crime.

2 comentários:

Saramar disse...

Adriana, este comportamento considerado "esperteza" é um elo da ilegalidade que ninguém mais sabe onde começa e muito menos onde termina. De coisas assim, toleradas pela maioria dos brasileiros, é que nossos "representantes" alimentam sua amoralidade.
Este país está doente.

beijo e bom final de semana.

Anônimo disse...

É o que dá uma carga tributária sem limites. Além disso, a classe o povo, icluido aí a classe média, está se mirando no exemplo da "elite" política e empresarial Se não são punidos pelos seus delitos por que o povo tem que respeitar a lei???? E viva a pirataria!!!!!