5 de abr. de 2007

Escândalo no palácio Tiradentes

Por Francisco Marcos, cientista político.

“Poucas vezes o Congresso terá apanhado tão grande enchente. Desde cedo, muito antes da abertura dos trabalhos, já o Palácio Tiradentes se apresentava superlotado de congressistas. Devia ser votado, entre outros vetos parciais, o que incidiu sobre a emenda imoral, de autoria do Sr. Ari Pitombo, que permite a importação de automóveis por deputados, senadores e ministros do Supremo e do Tribunal Federal de Recursos. Os congressistas iam votar em causa própria. A cabala era infrene. Foi um espetáculo triste, jamais presenciado no Congresso, e que deixará sempre dúvidas como acentuou o Sr. Carlos Lacerda, perante a opinião pública, sobre a lisura do resultado proclamado pela mesa. Nesse ambiente de confusão, o veto moralizador foi posto à margem, pela ínfima diferença de um voto.”
Chamo a atenção para um pequeno detalhe do texto, Ari Pitombo é Sr. enquanto Carlos Lacerda é Sr. firlas da época. Fica patenteado que nada mudou, o comportamento de nossos políticos é o mesmo, os atores são outros, mas os personagens são inamovíveis. Ari Pitombo era correligionário de Silvestre Péricles de Góis Monteiro, que anos depois se tornou senador. Em pleno senado o senador Arnon de Mello, pai do atual senador Fernando Collor de Mello, atirou em Silvestre, e acabou acertando José Cairala, senador pelo então território do Acre, que em decorrência morreu. A atuação dos pais da pátria continua a mesma, exploradores e escravocratas do povo. Este ser cordial e contumaz pagador de impostos, que vive descendo a ladeira e não se dá conta, hoje a quantidade de despossuídos é muito maior de que há meio século. Naquela época nós não tínhamos seres humanos vivendo e comendo no lixo. O topo destas colocações, aspado, é transcrito de O Globo de três de abril de 1957. Cheguei à conclusão de que muitos dos atores políticos atuais possuem DNA dos atores da década de 50. Traduzindo cabala infrene: conspiração desenfreada.
“Mexer, mexer, para deixar do mesmo jeito”.

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