7 de abr. de 2007

Ou Dá ou Desce!

Na Itália se diz “O mangia la minestra o salta la finestra” (ou toma a sopa o pula a janela), mais ou menos o nosso “ou dá ou desce”.
Foi exatamente o que aconteceu com o presidente Lula na crise com a aeronáutica. Primeiro ele demagogicamente, mandou cancelar a ordem de prender os controladores de vôo amotinados.
Quando voltou ao Brasil, tomando conhecimento da lambança que fizera, voltou atrás, dando várias explicações contraditórias para o fato. Ligou para o comandante da Aeronáutica brigadeiro Junito Saito, desculpando-se e transferindo a responsabilidade ao ministro do Planejamento Paulo Bernardo, que “excedera-se nas concessões”. Pobre Bernardo, sua única culpa foi estar em Brasília, pois o presidente antes tentara o ministro da Defesa Waldir Pires que estava viajando, depois a chefe da casa Civil Dilma Roussef, idem, Walfrido Mares Guia, ministro das Relações Institucionais também, não foi encontrado, assim sobrou para o ministro do Planejamento. Que está aceitando tudo calado, confundindo submissão com lealdade.
A meia volta nada teve a ver com medo de um golpe militar, como mostram Otávio Cabral e Diego Escosteguy. A coisa foi assim: logo que chegou a ordem do presidente apara negociar com os amotinados, cancelando a prisão que lhe fora feita pelo comandante da Aeronáutica, este reuniu-se com alguns oficiais, assessores jurídicos, e representantes do Supremo Tribunal Militar. Dessa reunião concluiu-se que o presidente da República, poderia ser acusado de crime de responsabilidade, uma vez que a lei prevê punição para a autoridade que “incitar militares à desobediência à lei ou à infração à disciplina. Munido desse argumento o brigadeiro Saito, peitou Lula, e este resolveu tomar a sopa.
A crise foi assim avaliada pelo cientista político e historiador Octaciano Nogueira, da Universidade de Brasília. "Lula não resolveu o apagão aéreo e ainda criou uma crise militar. Transformou um problema em dois. Operou o milagre da multiplicação das crises". (G.S.)
*Na ilustração, o presidente com o brigadeiro Saito (à dir.) e os demais membros da cúpula das Forças Armadas: eles peitaram Lula e ganharam a parada

Leia a matéria na Veja online

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