19 de abr. de 2007

Serra desce tucanos do muro

Jucélio Duarte é jornalista e editor do ABC Politiko

O governador José Serra, de São Paulo, teve papel fundamental na decisão tucana de apoiar a instalação da CPI do Apagão Aéreo no Senado Federal. Os tucanos estavam em cima do muro em relação à criação da comissão parlamentar de inquérito pelos senadores. Queriam antes a decisão do Supremo Tribunal Federal para instalar a CPI na Câmara, por um detalhe insignificante: a paternidade de criação da comissão. Na Câmara, o pedido foi apresentado por dois tucanos; no Senado, pelo Democratas (ex-PFL).
Serra almoçou nesta quarta-feira com os senadores tucanos e bateu firme: o PSDB não deveria fazer o jogo do governo, que diante de uma decisão possibilidade de instalação da CPI no Senado, quer apressar a instalação na Câmara. Coisa que não admitia de jeito nenhum há um mês atrás.
O governo percebeu que uma CPI no Senado pode ser muito mais danosa para a sua imagem do que uma na Câmara. Por uma simples questão matemática: na Câmara, a base governista é sólida e pode barrar qualquer investigação mais espinhosa, como é o caso das contas da Infraero. No Senado, a situação é outra. A oposição - PSDB e Democratas - conta com número significativo de parlamentares, 30 ao todo, e ainda consegue atrair outros senadores do PMDB, como é o caso de Jarbas Vasconcelos (PE), Mão Santa (PI) e Pedro Simon (RS), que não rezam pela cartilha do Palácio do Planalto.
Serra fez ver aos tucanos presentes ao almoço que se a bancada do PSDB da Câmara insistisse em manter a posição contrária à instalação da CPI no Senado, estaria fazendo o jogo do Planalto. O mais resistente era o líder do partido, deputado Antonio Carlos Pannunzio, mas ele acabou cedendo após conversa com o governador paulista, que criticou as questões menores, como a questão da paternidade da comissão.
Serra acha que uma CPI no Senado pode buscar os "podres" do governo Lula e enfraquecer a gestão petista neste segundo mandato. O tucano aposta nisso para viabilizar a sua candidatura ao Planalto em 2010.

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