Lula, por sua crônica vontade de nada fazer, de ficar de papo pro ar comendo siri patola, acaba deixando espaços para seus ministros mais ativos. Assim foi com José Dirceu, a quem delegou todos os poderes até o de roubar como bem entendesse e deu no que deu. Com a saída de Dirceu, quem passou a carregar o piano foi Dilma Rousseff, mas apresentando algumas desvantagens: não a ajudam a estampa, a falta de simpatia pessoal, a arrogância e a incompetência que ela escondia sob a máscara do mau humor.
No momento que Lula teve que pegar no lesco-lesco para resolver a grande crise no sistema aéreo brasileiro, além de não saber como, não tinha vontade de fazê-lo.
Ao que parece Nelson Jobim por mais que declinasse do convite, tinha como vontade maior ser ministro, mas em grande estilo e chegar com tudo que tinha direito e, assim foi feito.
Em dois dias, como mostra Dora Kramer, ele ocupou os espaço que Lula insiste em deixar vazios, se medo e um dia encontrar alguém sentado na sua cadeira, confiante que está na “enorme” popularidade que a empresas de pesquisas mostram.
Todavia há um problema, Nelson Jobim guarda uma grande mágoa da sacanagem que Lula lhe fez e, não há a mínima dúvida, que na primeira oportunidade se vingará. É só esperar. (G.S.)
Abaixo Dora Kramer:
“Luiz Inácio da Silva deixou-se docemente substituir, abrindo mão de prerrogativas e delegando atribuições que seriam suas.
Era ele, e não o ministro, quem deveria ter exposto um diagnóstico da crise, ter pontuado que o momento não era de comemoração, no lugar de posar de mestre-de-cerimônias de uma tragicomédia na solenidade de posse de Jobim.
Era ele quem deveria ter visitado o local da tragédia, procurado as autoridades de São Paulo (Lula nem sequer telefonou para o governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab, com quem Jobim esteve na sexta-feira), ter tomado a si funções rejeitadas pelo antigo ministro da Defesa e estabelecido o roteiro de trabalho anunciado pelo ministro para garantir o mínimo exigido e até então por todo o governo ignorado: “Decolar, trafegar, para chegar finalmente à comodidade”, com foco prioritário da segurança”.
NA CORDA BAMBA
Dora Kramer, dora.kramer@grupoestado.com.br
No momento que Lula teve que pegar no lesco-lesco para resolver a grande crise no sistema aéreo brasileiro, além de não saber como, não tinha vontade de fazê-lo.
Ao que parece Nelson Jobim por mais que declinasse do convite, tinha como vontade maior ser ministro, mas em grande estilo e chegar com tudo que tinha direito e, assim foi feito.
Em dois dias, como mostra Dora Kramer, ele ocupou os espaço que Lula insiste em deixar vazios, se medo e um dia encontrar alguém sentado na sua cadeira, confiante que está na “enorme” popularidade que a empresas de pesquisas mostram.
Todavia há um problema, Nelson Jobim guarda uma grande mágoa da sacanagem que Lula lhe fez e, não há a mínima dúvida, que na primeira oportunidade se vingará. É só esperar. (G.S.)
Abaixo Dora Kramer:
“Luiz Inácio da Silva deixou-se docemente substituir, abrindo mão de prerrogativas e delegando atribuições que seriam suas.
Era ele, e não o ministro, quem deveria ter exposto um diagnóstico da crise, ter pontuado que o momento não era de comemoração, no lugar de posar de mestre-de-cerimônias de uma tragicomédia na solenidade de posse de Jobim.
Era ele quem deveria ter visitado o local da tragédia, procurado as autoridades de São Paulo (Lula nem sequer telefonou para o governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab, com quem Jobim esteve na sexta-feira), ter tomado a si funções rejeitadas pelo antigo ministro da Defesa e estabelecido o roteiro de trabalho anunciado pelo ministro para garantir o mínimo exigido e até então por todo o governo ignorado: “Decolar, trafegar, para chegar finalmente à comodidade”, com foco prioritário da segurança”.
NA CORDA BAMBA
Dora Kramer, dora.kramer@grupoestado.com.br
Descontada a arrogante auto-suficiência de sempre - que na atual conjuntura pode ajudar muito, mas pode atrapalhar tudo -, Nelson Jobim impressionou bem em seus primeiros momentos como ministro da Defesa.
Dada a premência da crise e o ineditismo desse tipo de função em sua carreira, comparações com outros momentos e outras funções ocupadas por ele soam algo deslocadas e não ajudam a previsões sobre o sucesso ou fracasso da empreitada à sua frente.
Nada que Jobim tenha feito até hoje se iguala à tarefa atual para a qual, no instante em que assume, demonstra ao menos noção sobre a performance mais adequada à ocasião.
Seu mérito por ora reside em perceber a necessidade de zerar a conta da omissão do governo federal ao longo de toda a crise aérea e particularmente em relação às atitudes (ou falta delas) logo após o desastre de 17 de julho.
Credite-se na conta de Jobim também o talento de explicar bem direitinho ao presidente da República que alguém precisava marcar presença nacional dando às coisas seus nomes próprios: falta de comando, ausência de gestão, inação e tolerância com malfeitorias (na Anac e Infraero) de toda sorte.
Luiz Inácio da Silva deixou-se docemente substituir, abrindo mão de prerrogativas e delegando atribuições que seriam suas.
Era ele, e não o ministro, quem deveria ter exposto um diagnóstico da crise, ter pontuado que o momento não era de comemoração, no lugar de posar de mestre-de-cerimônias de uma tragicomédia na solenidade de posse de Jobim.
Era ele quem deveria ter visitado o local da tragédia, procurado as autoridades de São Paulo (Lula nem sequer telefonou para o governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab, com quem Jobim esteve na sexta-feira), ter tomado a si funções rejeitadas pelo antigo ministro da Defesa e estabelecido o roteiro de trabalho anunciado pelo ministro para garantir o mínimo exigido e até então por todo o governo ignorado: “Decolar, trafegar, para chegar finalmente à comodidade”, com foco prioritário da segurança.
Não fez, mas encontrou quem o fizesse em seu lugar. E Jobim assumiu a frente do processo, lembrando um pouco o papel exercido no bastidor pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, quando dos escândalos de corrupção no primeiro mandato.
O advogado Thomaz Bastos salvou o governo de quase todas, com arranhões aqui e ali. Resta saber se o advogado Nelson Jobim também o salvará desta. Vai depender.
Se o gestual e o verbal do novo ministro da Defesa (em todos os sentidos) não passarem de mera figuração para ajudar Lula a substituir a imagem da incúria pela estampa do vigor hiperativo, Jobim não terá como disfarçar adiante, pois os fatos lhe cobrarão desempenho consistente.
Por sua fala e por seus gestos, na administração da crise substituiu-se ao presidente da República - obviamente com a anuência dele. Está na berlinda, portanto. Obrigado a se revelar mais competente na prática do bem gerir que na arte de iludir.
Dada a premência da crise e o ineditismo desse tipo de função em sua carreira, comparações com outros momentos e outras funções ocupadas por ele soam algo deslocadas e não ajudam a previsões sobre o sucesso ou fracasso da empreitada à sua frente.
Nada que Jobim tenha feito até hoje se iguala à tarefa atual para a qual, no instante em que assume, demonstra ao menos noção sobre a performance mais adequada à ocasião.
Seu mérito por ora reside em perceber a necessidade de zerar a conta da omissão do governo federal ao longo de toda a crise aérea e particularmente em relação às atitudes (ou falta delas) logo após o desastre de 17 de julho.
Credite-se na conta de Jobim também o talento de explicar bem direitinho ao presidente da República que alguém precisava marcar presença nacional dando às coisas seus nomes próprios: falta de comando, ausência de gestão, inação e tolerância com malfeitorias (na Anac e Infraero) de toda sorte.
Luiz Inácio da Silva deixou-se docemente substituir, abrindo mão de prerrogativas e delegando atribuições que seriam suas.
Era ele, e não o ministro, quem deveria ter exposto um diagnóstico da crise, ter pontuado que o momento não era de comemoração, no lugar de posar de mestre-de-cerimônias de uma tragicomédia na solenidade de posse de Jobim.
Era ele quem deveria ter visitado o local da tragédia, procurado as autoridades de São Paulo (Lula nem sequer telefonou para o governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab, com quem Jobim esteve na sexta-feira), ter tomado a si funções rejeitadas pelo antigo ministro da Defesa e estabelecido o roteiro de trabalho anunciado pelo ministro para garantir o mínimo exigido e até então por todo o governo ignorado: “Decolar, trafegar, para chegar finalmente à comodidade”, com foco prioritário da segurança.
Não fez, mas encontrou quem o fizesse em seu lugar. E Jobim assumiu a frente do processo, lembrando um pouco o papel exercido no bastidor pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, quando dos escândalos de corrupção no primeiro mandato.
O advogado Thomaz Bastos salvou o governo de quase todas, com arranhões aqui e ali. Resta saber se o advogado Nelson Jobim também o salvará desta. Vai depender.
Se o gestual e o verbal do novo ministro da Defesa (em todos os sentidos) não passarem de mera figuração para ajudar Lula a substituir a imagem da incúria pela estampa do vigor hiperativo, Jobim não terá como disfarçar adiante, pois os fatos lhe cobrarão desempenho consistente.
Por sua fala e por seus gestos, na administração da crise substituiu-se ao presidente da República - obviamente com a anuência dele. Está na berlinda, portanto. Obrigado a se revelar mais competente na prática do bem gerir que na arte de iludir.
Um comentário:
Giulio, Nelson Jobim me assusta mais que Lula. Tá bom? É Peemedebista da pior estirpe. E o PMDB é o verdadeiro cancro político deste país.
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