29 de jul. de 2007

Se Vacilar o Cachimbo Cai e Lula Está Vacilando

Lula, por sua crônica vontade de nada fazer, de ficar de papo pro ar comendo siri patola, acaba deixando espaços para seus ministros mais ativos. Assim foi com José Dirceu, a quem delegou todos os poderes até o de roubar como bem entendesse e deu no que deu. Com a saída de Dirceu, quem passou a carregar o piano foi Dilma Rousseff, mas apresentando algumas desvantagens: não a ajudam a estampa, a falta de simpatia pessoal, a arrogância e a incompetência que ela escondia sob a máscara do mau humor.
No momento que Lula teve que pegar no lesco-lesco para resolver a grande crise no sistema aéreo brasileiro, além de não saber como, não tinha vontade de fazê-lo.
Ao que parece Nelson Jobim por mais que declinasse do convite, tinha como vontade maior ser ministro, mas em grande estilo e chegar com tudo que tinha direito e, assim foi feito.
Em dois dias, como mostra Dora Kramer, ele ocupou os espaço que Lula insiste em deixar vazios, se medo e um dia encontrar alguém sentado na sua cadeira, confiante que está na “enorme” popularidade que a empresas de pesquisas mostram.
Todavia há um problema, Nelson Jobim guarda uma grande mágoa da sacanagem que Lula lhe fez e, não há a mínima dúvida, que na primeira oportunidade se vingará. É só esperar. (G.S.)
Abaixo Dora Kramer:
“Luiz Inácio da Silva deixou-se docemente substituir, abrindo mão de prerrogativas e delegando atribuições que seriam suas.
Era ele, e não o ministro, quem deveria ter exposto um diagnóstico da crise, ter pontuado que o momento não era de comemoração, no lugar de posar de mestre-de-cerimônias de uma tragicomédia na solenidade de posse de Jobim.
Era ele quem deveria ter visitado o local da tragédia, procurado as autoridades de São Paulo (Lula nem sequer telefonou para o governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab, com quem Jobim esteve na sexta-feira), ter tomado a si funções rejeitadas pelo antigo ministro da Defesa e estabelecido o roteiro de trabalho anunciado pelo ministro para garantir o mínimo exigido e até então por todo o governo ignorado: “Decolar, trafegar, para chegar finalmente à comodidade”, com foco prioritário da segurança”.


NA CORDA BAMBA
Dora Kramer, dora.kramer@grupoestado.com.br
Descontada a arrogante auto-suficiência de sempre - que na atual conjuntura pode ajudar muito, mas pode atrapalhar tudo -, Nelson Jobim impressionou bem em seus primeiros momentos como ministro da Defesa.
Dada a premência da crise e o ineditismo desse tipo de função em sua carreira, comparações com outros momentos e outras funções ocupadas por ele soam algo deslocadas e não ajudam a previsões sobre o sucesso ou fracasso da empreitada à sua frente.
Nada que Jobim tenha feito até hoje se iguala à tarefa atual para a qual, no instante em que assume, demonstra ao menos noção sobre a performance mais adequada à ocasião.
Seu mérito por ora reside em perceber a necessidade de zerar a conta da omissão do governo federal ao longo de toda a crise aérea e particularmente em relação às atitudes (ou falta delas) logo após o desastre de 17 de julho.
Credite-se na conta de Jobim também o talento de explicar bem direitinho ao presidente da República que alguém precisava marcar presença nacional dando às coisas seus nomes próprios: falta de comando, ausência de gestão, inação e tolerância com malfeitorias (na Anac e Infraero) de toda sorte.
Luiz Inácio da Silva deixou-se docemente substituir, abrindo mão de prerrogativas e delegando atribuições que seriam suas.
Era ele, e não o ministro, quem deveria ter exposto um diagnóstico da crise, ter pontuado que o momento não era de comemoração, no lugar de posar de mestre-de-cerimônias de uma tragicomédia na solenidade de posse de Jobim.
Era ele quem deveria ter visitado o local da tragédia, procurado as autoridades de São Paulo (Lula nem sequer telefonou para o governador José Serra e o prefeito Gilberto Kassab, com quem Jobim esteve na sexta-feira), ter tomado a si funções rejeitadas pelo antigo ministro da Defesa e estabelecido o roteiro de trabalho anunciado pelo ministro para garantir o mínimo exigido e até então por todo o governo ignorado: “Decolar, trafegar, para chegar finalmente à comodidade”, com foco prioritário da segurança.
Não fez, mas encontrou quem o fizesse em seu lugar. E Jobim assumiu a frente do processo, lembrando um pouco o papel exercido no bastidor pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, quando dos escândalos de corrupção no primeiro mandato.
O advogado Thomaz Bastos salvou o governo de quase todas, com arranhões aqui e ali. Resta saber se o advogado Nelson Jobim também o salvará desta. Vai depender.
Se o gestual e o verbal do novo ministro da Defesa (em todos os sentidos) não passarem de mera figuração para ajudar Lula a substituir a imagem da incúria pela estampa do vigor hiperativo, Jobim não terá como disfarçar adiante, pois os fatos lhe cobrarão desempenho consistente.
Por sua fala e por seus gestos, na administração da crise substituiu-se ao presidente da República - obviamente com a anuência dele. Está na berlinda, portanto. Obrigado a se revelar mais competente na prática do bem gerir que na arte de iludir.

Um comentário:

tunico disse...

Giulio, Nelson Jobim me assusta mais que Lula. Tá bom? É Peemedebista da pior estirpe. E o PMDB é o verdadeiro cancro político deste país.