15 de ago. de 2007

Renangate: Podridão de todos poderá inocentar Renan?

Por Pedro Oliveira - Jornalista e presidente do Instituto Cidadão.

O cenário desta semana começou a dar sinais tenebrosos de que as coisas possam enveredar pelos caminhos tortuosos dos balcões de negócios sujos e haja um festival de chafurdice a começar no Conselho de Ética e terminar no plenário do Senado Federal. Se o povo não ganhar as ruas, a sociedade organizada se acomodar, e a pressão da ética e da moralidade não eclodirem, tudo pode acontecer em Brasília. Inclusive nada.
A estratégia de Renan Calheiros parece que começou a surtir efeito, muito mais que suas provas de inocência duvidosas e inconsistentes. A imprensa nacional começou a especular que o senador acusado, em conversas reservadas, estaria revelando fatos depreciativos contra aqueles que defendem seu afastamento ou sua cassação. Até senadores acima de qualquer suspeita como o amazonense Jefferson Péres (PDT) teria sido chamado por Renan de “flor do lodo” por supostamente haver sido acusado na década de 50 de gestão fraudulenta.
Também o senador José Agripino (DEM/RN) não teria sido poupado das ameaças de intimidação de Renan com relação a concessões de emissoras de rádio e televisão e empréstimos não pagos a bancos oficiais.
O senador Demóstenes Torres (DEM/GO) também teria voltado a ser alvo das confidências intimidatórias do presidente do Senado, sempre usando emissários da base aliada.
Mais um trunfo que estaria na pauta de ameaças de Renan seriam as prestações de contas da verba indenizatória de 15 mil reais, a qual todos os senadores têm direito, mas também a obrigação de aplicá-la legal e moralmente.
Outro sintoma da sombra da imoralidade seria um suposto pacto entre o Palácio do Planalto e o PMDB para que seja dado um fim ao processo que ameaça o mandato do presidente do Senado, mesmo pagando o alto preço da total desmoralização da instituição. O próprio presidente Lula, que chegou a cogitar nomes para substituir Renan, já acredita em sua absolvição e incentiva as negociações de sarjeta, buscando a qualquer custo um desfecho rápido e favorável ao acusado. Na opinião de um dos integrantes da base aliada da marginalidade parlamentar “vai funcionar o rolo compressor e a absolvição é certa. Durante um tempo iremos enfrentar um bombardeio cerrado da imprensa e da opinião pública, mas tudo passará como sempre aconteceu”.
Um segundo processo contra Renan Calheiros sobre suposto benefício dado para a empresa Schincariol tende a ser relatado pelo serviçal senador Almeida Lima (PMDB/SE), para o qual o presidente do Senado nem deveria estar sendo processado. Já deve ter pronto um relatório medíocre na sua proporção, pedindo o arquivamento. O crescimento astronômico do seu patrimônio?Sorte, destino e predestinação.
E finalmente o escabroso caso das concessões de rádios em nome de “laranjas”, embora todos saibam tratar-se da mais cristalina verdade, vão faltar provas documentais que possam incriminá-lo.
É assim é o nosso sacrossanto Senado Federal. Renan Calheiros poderá ser inocentado pela podridão de todos.

2 comentários:

lgn disse...

A solução para o bem do povo brasileiro, se o notável senador estiver certo, é convocar eleições gerais para o Senado sem que nenhum que não possa provar sua integridade moral participe. Seria a operação corpo limpo.

Léo

Anônimo disse...

Se a norma da Casa considerar ético "se locupletar", Renan não poderá ser crucificado por estar dentro dos conformes.