10 de ago. de 2007

Violência moral contra a mulher é crime!

Expressões como estas significam violência moral contra as mulheres. O triste é vulgarmente ela foi dita pelo governador Blairo Maggi (PR) na ocasião do manifesto “Eu também vou vaiar”, onde a maioria presente era formada por mulheres.

Machismo: “Mulheres mal-amadas”
Por Maíra Sardinha no Jornal Circuito MT

A política ainda é dominada em sua maior parte por homens e rotineiramente podem ser percebidas ações machistas, que ofendem a moral das mulheres. Já não é de hoje, que fatos como estes vêm ocorrendo no ambiente político. Segundo a pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre as Mulheres e Relações de Gênero, Vera Bertolini, o governador Júlio Campos também utilizou esta informação ao se referir a um grupo de professoras do Estado, durante uma manifestação.
Quando questionada sobre a oração, Vera disse: mas, o que é ser bem-amada? “Seria receber presentes e flores, ou seria no sentido delas estarem insatisfeitas com a relação com os parceiros?”, indaga a estudiosa. “Se ser mal-amada é estar insatisfeita, estou sim, e é com a política de Mato Grosso, principalmente a educacional”, complementa Vera.
A redação do Circuito Mato Grosso procurou personalidades políticas do sexo feminino para se pronunciar sobre o assunto. A primeira-dama e secretária de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social, Terezinha Maggi, não atendeu aos telefonemas; a assessoria da senadora Serys Slhessarenko (PT) disse que ela estava com problemas na voz e não poderia se manifestar, e a diretora do Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Urbano e primeira-dama de Cuiabá, Adriana Bussiki, também não foi localizada para se pronunciar a respeito da agressão moral.
Não se sabe o motivo, mas elas, e até mesmo as pesquisadoras, foram delicadas ao analisar a afirmação de Blairo Maggi a respeito das mulheres que estavam realizando manifestação próximo ao Centro de Eventos Pantanal, local que naquela data estava recebendo a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a psicóloga do Núcleo Psicossocial Forense do Juizado Especial Criminal e do Programa de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual, Priscila Batistuta Nóbrega, é complicado fazer a análise da situação, pois nem sempre a mulher se reconhece como vítima da violência e o homem não se reconhece como um agressor. “O machismo é uma questão cultural tão forte e cristalizada, que para muitos isto é banal! Podemos perceber que a fala independe da classe econômica. Seja um padeiro ou um governador, as pessoas mesmo assim reproduzem este esteriótipo”, explica Priscila.
Vera afirma que o preconceito de gênero independe da classe social e esta relação machista se deve à sociedade patriarcal, onde os homens é que estão à frente dos poderes e o lugar da mulher ainda é dentro de casa. “Isto é percebido na educação: se o menino chora, ele é criticado, se a menina brinca de carrinho ela está errada. Como se pode construir uma sociedade igualitária caso não ocorram mudanças na forma de agir?”, questiona a pesquisadora.
Conforme a psicóloga, as agressões morais estão inseridas na sociedade ocidental por ela ser caracterizada pelo sistema de patriarcalismo, e atitudes como estas não se pode mudar em pouco tempo. "O processo é lento, são anos de reeducação", diz Priscila. Quando nos deparamos com atitudes de agressões morais, nem sempre percebemos o quanto ela é ofensiva às mulheres.

Um comentário:

Abreu disse...

Não, esta atitude relatada não é uma "atitude machista"! Quando menos, apenas reflete a estupidez de quem - como "esse tal de" Blairo, seja capaz de proferir tamanha idiotice.

Há certas expressões (principalmente as grosseiras) que um "homem público" jamais deveria se utilizar - quando mais "de caso pensado".

O sujeiro não passa de um estúpido.