10 de set. de 2007

Ao anônimo

Em atendimento a um anônimo. Meu comentário está no rodapé. Francisco Marcos.

Texto manuscrito da carta-testamento
"Deixo à sanha dos meus inimigos, o legado da minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia. A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela maliginidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa.
Acrescente-se a fraqueza de amigos que não defenderam nas posições que ocupavam à felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês, à insensibilidade moral de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa.
Se a simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem-me.
Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas. Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes.
Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos. Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus.
Agradeço aos que de perto ou de longe me trouxeram o conforto de sua amizade.
A resposta do povo virá mais tarde...
Getúlio"
Comentário: Política & Prosa age respeitando inclusive os anônimos. As vezes a ignorância e a intolerância se valem do anonimato. Francisco Marcos.

Um comentário:

Anônimo disse...

A sua humildade recebe o aplauso da inteligência; é uma reverência de sua distinta pessoa à História, pois é um documento interessante. Parabéns e saiba perdoar a ignorância e intolerância do leitor da Adriana, que poderia sugerir, mas nunca ser grosseiro. Não há verdade absoluta e ninguém é dono da verdade, por isso o anônimo não podia extrapolar a educação que eleva o ser humano. Respeitosamente, observando o seu zelo, este visitante, também anônimo - não é um agir à socapa, é uso de um direito que o Blog assegura, informa um site que cuidou com elegância de um fato semelhante, também envolvendo a carta do pranteado Getúlio Vargas. Com permissão da titular do Blog, seu gentil acolhimento, fica informado:
http://www.culturabrasil.org/vargas.htm