
A lama suja que escorreu pelos ralos do Congresso Nacional aos borbotões no episódio da absolvição do senador Renan Calheiros deixou sua marca pútrida em cada recanto do país, indignando milhões de cidadãos que já não acreditam mais na vergonha e no caráter de cada parlamentar, mesmo aqueles que secretamente votaram a favor da cassação. O obscuro do gesto de votar, os segredos e as combinações espúrias atingiram a todos do governo e da oposição.
Foi vergonhoso e deprimente o episodio assistido por todos que já não acreditavam muito em um resultado moral, mas lá dentro nutriam a esperança de que pudesse prevalecer a ética e o interesse público. Decepcionante equivoco. O Senado votou como deveria votar jogando de vez no charco da marginalidade o resto de moral que existia, se é que ainda existia.
Dá para acreditar em julgamento de iguais?
Foi vergonhoso e deprimente o episodio assistido por todos que já não acreditavam muito em um resultado moral, mas lá dentro nutriam a esperança de que pudesse prevalecer a ética e o interesse público. Decepcionante equivoco. O Senado votou como deveria votar jogando de vez no charco da marginalidade o resto de moral que existia, se é que ainda existia.
Dá para acreditar em julgamento de iguais?
Fala-se que o senador foi “momentaneamente absolvido”, pois ainda restam graves denúncias pesando sobre sua vida afastada dos princípios morais e legais. Mas, quem pode acreditar nisso se é o mesmo Senado que vai julgar sua conduta ética nos próximos processos? Os julgadores serão os mesmos: seus iguais. A maioria com medo de condenar e ter que mais tarde se ver à frente de seu próprio processo por falta de decoro? Como guardar esperança de uma condenação se os crimes de Renan são também os crimes de muitos que fazem o plenário do Senado?Eles se sentem ameaçados e sabem que o presidente acusado tem informações sobre suas canalhices, seus crimes. A manobra indecente do voto secreto vai continuar escondendo os bandidos asquerosos que desonram o mandato e afrontam o eleitor brasileiro.
Comemorando a vergonha nacional
Usando da citação de Rui Barbosa, patrono do Senado Federal que se envergonha dos que mancham seu nome e sua honra: “Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer”, assisti e o Brasil assistiu um dos maiores atos de cinismo, hipocrisia e imoralidade como parte da farsa da absolvição de Renan Calheiros.
A pobre e explorada cidade de Murici, terra do “Rei do Gado de Ouro”, fez festa, soltou fogos e até romaria a Juazeiro do Padre Cícero promoveu, com o intuito de comemorar e agradecer a absolvição do seu filho mais ilustre (sic). O espetáculo circense grotesco foi visto por milhões e organizado por asseclas do poderoso senador e sua família como se a comemorar a vitória da corrupção, da bandalheira, do assalto ao erário. Confesso a minha vergonha diante dos serviçais, dos domésticos e daqueles que são pagos por Renan Calheiros festejar a sua abominável absolvição.
E não foi é em Murici. Vi também em Maceió, em mansões de luxo adquiridas ninguém sabe como, com as ruas tomadas de carrões importados comprados sabe-se lá de que maneira, em bebedeiras e festejos tão sujos quanto os da cidade berço dos Calheiros, tão imorais quando foi a absolvição, tão podres como o putrefato Congresso Nacional.
A semana que passou ficará na história da política brasileira como uma página escura que envergonhou a todos e mergulhou de vez o Senado no pantanoso e horripilante lamaçal da imoralidade.
Faço minhas as palavras do destemido Fernando Gabeira que inconformado bradou: “O Congresso está sufocado e o Senado dirigido por uma quadrilha. A corrupção tem um peso grande e um alto custo. Os interesses do país só serão conduzidos de maneira efetiva, se for reduzido o poder da quadrilha que domina o Congresso Nacional”.
O Brasil precisa sair às ruas para buscar a dignidade que o Senado usurpou. Restaurar a moralidade representa o compromisso de cada um brasileiro, com a pátria e com a cidadania.
2 comentários:
Alô, Adriana
Estava eu a folhear o dicionário, quando me deparei com o seguinte e interessante verbete:
canalha | s. f. | adj. e s. m.
de can = cão
s. f.,
gentalha;
populacho;
plebe;
ralé;
adj. e s. m.,
vil;
infame.
Alô, Adriana
A letra 'C' de um dicionário é plena de significados. Veja este outro verbete:
crápula
do Lat. crapula, embriaguês
s. f.,
vida devassa;
desregramento;
libertinagem;
s. m.,
devasso.
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