Fui convidada para participar de um encontro para debater as perspectivas de desenvolvimento em Mato Grosso diante do boom do etanol. Fui, mas meu objetivo nem era tanto saber dos benefícios e da viabilidade de produção no nosso estado, mas ouvir o governador de Mato Grosso, o empresário Blairo Maggi. Imaginei vê-lo relatando os projetos já em andamento para atrair indústrias, para incentivar a produção, enfim... se nada disso ele tivesse para dizer àquela enorme platéia, então ouviríamos o governador explicar as razões do estado não ter interesse em entrar nesse mercado.
Nem isso.
Na segunda-feira à tarde (03/09), horário do encontro, o empresário Blairo Maggi estava, estava... em local desconhecido do público. Não foi liberada a agenda, como de costume. Liguei então na secretaria de comunicação, mas a resposta foi: “o governador não teve agenda na segunda-feira”. Fiquei com vontade de dizer que sim, ele tinha compromisso, tinha uma platéia inteira esperando para ouvi-lo, mas ele faltou. Ah, estava descansando. Tudo bem. Tem todo direito. E teria mais direito ainda se não fosse o empresário, governador do estado. Está certo que ele mandou o super vice, mas este só tem representatividade figurativa, sem autonomia administrativa.
A falta de interesse neste tema parece um mistério.
Conversei com o representante de um grupo europeu que veio pesquisar a viabilidade de instalação de uma usina no estado. Depois de muitas reuniões, audiências e viagens a todos os cantos de Mato Grosso, ele me disse: “ficou claro que o governador não tem o menor interesse no desenvolvimento deste setor no estado, pois não pertence a sua matriz de negócios pessoais, pelo contrário, o setor é concorrente às suas atividades, pois pode tirar produtores da escravidão da soja”.
O executivo lança a suspeita de que interesses pessoais estejam interferindo nas questões públicas. Esta é a justificativa mais plausível, afinal de contas, como entender os motivos do estado perder a oportunidade deste nicho de mercado? Até por ser o governador um empresário que sabe muito bem a importância de diversificar a produção e que sabe como ninguém aproveitar as oportunidades de mercado.
Aliás, o governador parece viver um transtorno bipolar. Quando é preciso o Blairo governador, ele age como o empresário. Quando o estado precisa da visão do empresário, ele brinca de governador. Quer ver só? Neste caso do etanol, se ele estivesse visando o desenvolvimento do estado, e usando para isso o seu tino empresarial, o estado não perderia o investimento do grupo europeu, por exemplo, e veríamos o presidente da Transpetro acenando com a possibilidade de um alcoolduto.
Já no caso da venda da dívida do estado, que seria preciso a atuação do governador, ele se comporta como empresário.
Segredo comercial com a dívida pública?
Ah... meus anjinhos, segredo comercial é para negociação privada e o estado ainda não é um departamento da Amaggi, entenderam? Esta dívida está sendo paga por todos os contribuintes, pelos pagadores de impostas daqui, ela não é da empresa do governador. A população tem o direito de saber tintim por tintim e o governador tem a obrigação legal de ser transparente.
Vi na agenda do governador que na quarta-feira passada ele tinha um encontro com o representante do Crédit Suisse First Boston, um dos interessados na compra secreta da dívida pública. Achei instigante o fato deste banco integrar um consórcio de bancos que viabilizou um financiamento de US$ 230 milhões ao grupo Amaggi, do empresário Blairo. Seriam interesses comuns? Instigante!
Ah, governador, agora vou te contar um segredo: Mato Grosso está pegando fogo. Literalmente. E a imprensa nacional está te chamando de Nero. Ô gente maldosa!
Nem isso.
Na segunda-feira à tarde (03/09), horário do encontro, o empresário Blairo Maggi estava, estava... em local desconhecido do público. Não foi liberada a agenda, como de costume. Liguei então na secretaria de comunicação, mas a resposta foi: “o governador não teve agenda na segunda-feira”. Fiquei com vontade de dizer que sim, ele tinha compromisso, tinha uma platéia inteira esperando para ouvi-lo, mas ele faltou. Ah, estava descansando. Tudo bem. Tem todo direito. E teria mais direito ainda se não fosse o empresário, governador do estado. Está certo que ele mandou o super vice, mas este só tem representatividade figurativa, sem autonomia administrativa.
A falta de interesse neste tema parece um mistério.
Conversei com o representante de um grupo europeu que veio pesquisar a viabilidade de instalação de uma usina no estado. Depois de muitas reuniões, audiências e viagens a todos os cantos de Mato Grosso, ele me disse: “ficou claro que o governador não tem o menor interesse no desenvolvimento deste setor no estado, pois não pertence a sua matriz de negócios pessoais, pelo contrário, o setor é concorrente às suas atividades, pois pode tirar produtores da escravidão da soja”.
O executivo lança a suspeita de que interesses pessoais estejam interferindo nas questões públicas. Esta é a justificativa mais plausível, afinal de contas, como entender os motivos do estado perder a oportunidade deste nicho de mercado? Até por ser o governador um empresário que sabe muito bem a importância de diversificar a produção e que sabe como ninguém aproveitar as oportunidades de mercado.
Aliás, o governador parece viver um transtorno bipolar. Quando é preciso o Blairo governador, ele age como o empresário. Quando o estado precisa da visão do empresário, ele brinca de governador. Quer ver só? Neste caso do etanol, se ele estivesse visando o desenvolvimento do estado, e usando para isso o seu tino empresarial, o estado não perderia o investimento do grupo europeu, por exemplo, e veríamos o presidente da Transpetro acenando com a possibilidade de um alcoolduto.
Já no caso da venda da dívida do estado, que seria preciso a atuação do governador, ele se comporta como empresário.
Segredo comercial com a dívida pública?
Ah... meus anjinhos, segredo comercial é para negociação privada e o estado ainda não é um departamento da Amaggi, entenderam? Esta dívida está sendo paga por todos os contribuintes, pelos pagadores de impostas daqui, ela não é da empresa do governador. A população tem o direito de saber tintim por tintim e o governador tem a obrigação legal de ser transparente.
Vi na agenda do governador que na quarta-feira passada ele tinha um encontro com o representante do Crédit Suisse First Boston, um dos interessados na compra secreta da dívida pública. Achei instigante o fato deste banco integrar um consórcio de bancos que viabilizou um financiamento de US$ 230 milhões ao grupo Amaggi, do empresário Blairo. Seriam interesses comuns? Instigante!
Ah, governador, agora vou te contar um segredo: Mato Grosso está pegando fogo. Literalmente. E a imprensa nacional está te chamando de Nero. Ô gente maldosa!
Um comentário:
importante off topic:
da narizgelado.apostos.com
Sabe-se que os petistas querem a permanência de Renan. Para eles, quanto pior a imagem do Senado, melhor - e a proposta de extinção daquela casa, surgida no III Congresso Nacional da pocilga, não me deixa mentir. Há, também, um certo despeito em tal manifestação: os petistas acreditam piamente que o único brasileiro que pode fazer pressão por telefone é José Dirceu. Ao ligarmos para o Senado, estaríamos, no imaginário petralha, usurpando um direito exclusivo daquele célebre réu.
De minha parte, só este prazer já valeria o telefonema, que é gratuíto e não toma mais do que cinco minutos. Portanto, na segunda-feira, disque 0800 61 22 11 e faça rugir o monstro.
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