10 de out. de 2007

O administrador do ano

Por Peter Wilm Rosenfeld

O Presidente Lula da Silva certamente será agraciado com o título de Administrador do Ano, pelo Conselho Federal de Administração ou por uma das entidades empresariais federais representativas de uma atividade qualquer.
Realmente, sua declaração de há algumas semanas, de que administrar bem é admitir empregados (funcionários públicos, no caso) tomou o mundo de surpresa. Talvez a revista Time o eleja Homem do Ano por esse seu enunciado...
Pois até então todas as escolas de administração do mundo ensinavam que para otimizar custos e aumentar a eficiência de qualquer empreendimento, uma das medidas fundamentais a implantar era o aumento da produtividade, essa expressa em quantidade (com qualidade, evidentemente) de tarefas executadas por empregado (a)-hora.
Quanto mais parafusos, ou automóveis, ou computadores, ou quartos arrumados em um hotel, ou refeições servidas em um restaurante, determinado número de pessoas produzissem, ou fizessem, ou servissem, mais eficiente seria considerado o empreendimento.
Pois o Presidente Da Silva disse, em público e com todas as palavras, exatamente o contrário: o administrador que mais admitisse funcionários seria o melhor; e como o atual (des) governo tem admitido mais e mais funcionários, em todos os níveis e para todas as tarefas, com maior eficiência estaria se havendo.
Ah, de passagem mencionou que os admitidos deveriam ser bem qualificados e bem remunerados (de preferência, CC ou DAS, que são admitidos sem concurso, supondo-se que sua qualificação profissional seja aferida pelo critério de quem indicou, o conhecido “QI”.
Vale mencionar que no Gabinete da Presidência estão lotadas 109 pessoas (ainda havendo vaga para mais 40), nos seguintes órgãos: Chefe de Gabinete Pessoal (1 Chefe e 12 Assessores Especiais), no Gabinete um Chefe, 6 assessores, 2 assessores técnicos e 4 assistentes, na Ajudância de Ordens 9 assessores técnicos, no Cerimonial um chefe e um chefe adjunto e 9 assessores, 5 assistentes e 1 assistente técnico, no Gabinete Adjunto de Agenda (?) um chefe adjunto, 3 assessores especiais, 3 assessores, 1 assessor técnico e 5 assistentes, no Gabinete Adjunto de Informações em Apoio à Decisão (?) 1 chefe adjunto, 3 assessores especiais, 2 assessores, 3 assessores técnicos, 2 assistentes e mais 1 assistente técnico, no Gabinete Adjunto de Gestão e Atendimento (?), além de um chefe adjunto mais 5 assessores especiais, 1 assessor técnico e 4 assistentes, no Gabinete Regional de São Paulo além do diretor há 3 pessoas, na Diretoria de Gestão Interna há 6 pessoas, na Diretoria de Documentação Histórica além do Diretor há mais 10 pessoas. (Nota do Autor: essa relação, com o nome dos diversos gabinetes e de cada um dos ocupantes dos tantos cargos consta do Diário Oficial da União de 18.09.2007; o autor se desculpa pela enfadonha relação...)
O nome de cada um desses órgãos já demonstra sua inutilidade em minha opinião.
Dentro dessa filosofia presidencial, em seus quase cinco anos de mandato já foram admitidas milhares de pessoas.
O assim chamado aparelhamento da máquina estatal foi monumental. Além do aumento absurdo de ministérios e de secretarias com status ministerial aumentou tremendamente a despesa do governo, sem qualquer retorno para a sociedade.
Deixando de lado esse aspecto dos conhecimentos de administração do Presidente Da Silva, vale mencionar outra máxima presidencial, também enunciada em uma cerimônia pública: a de que o aumento da carga tributária não é a responsável pelo fato de os brasileiros estarem pagando mais impostos. Isso acontece porque estamos ganhando mais dinheiro !
Certamente o Presidente tem como certo de que 5% sobre 100 é o mesmo 10% sobre 50, já que em ambos os casos o resultado é de 5.
É impressionante como nossos economistas e administradores e, principalmente, os especialistas em impostos, não se tenham dado conta disso; é uma verdade aritmética, ora pois.
Ademais, o brasileiro não merece ter que ouvir com uma nauseante insistência que “nunca antes nesse País.....”seja o que for e agora mais essa monumental besteira de que “pagamos mais impostos porque estamos ganhando mais”.
Pode ser que o Sr. Da Silva pense que todos têm a facilidade de gastar que ele e seus apaniguados têm.
Podendo usar seu cartão de crédito corporativo à vontade e sem qualquer limite, não tendo que prestar contas a ninguém e longe do alcance do Tribunal de Contas, pois a revelação dos gastos poria a perigo a “segurança nacional”, nas palavras do Senador Aloizio Mercadante, realmente o Sr. Da Silva acaba com uma visão deturpada de como é a vida de quem trabalha, coisa que ele não faz há mais de 20 anos !
Mais impressionante, tristemente impressionante, diga-se de passagem, é que a Presidência não conte com qualquer ministro, secretário ou seja lá o que for, que diga ao Sr. Da Silva que a coisa não é bem assim.

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