Por Giulio Sanmartini
Jorge Amado (1912/2001), antes de Paulo Coelho, foi sem dúvidas o mais conhecido escritor brasileiro. Viveu durante tempos de seus livros enjoados e carregados de raivosa ideologia, com o dinheiro vindo do leste europeu, pois no Brasil e no resto do mundo culto era pouco lido.
Essa situação mudou com Gabriela Cravo e Canela, onde mostrou todo seu valor, tornando-o popular. Depois disso, escreveu outros livros de boa qualidade: em Velhos Marinheiros, a História do capitão Vasco Moscoso de Aragão, Pastores da Noite e Tereza Batista Cansada de Guerra, os outros, inclusive Dona Flor são repetitivos e de qualidade discutível. Dessa forma ficou rico e suas as ideologias foram para o espaço, mas é interessante de se notar o comentário que o romancista faz sobre Lula em 1989: "Atento, acompanho nos vídeos a trajetória de Lula, candidato do poderoso PT, cuja fundação durante o regime militar tanto me alvoroçou. Não conheço Lula pessoalmente, dele falam-me bem e acredito. Parece-me homem direito, hoje coisa rara, sua atuação de dirigente sindical nas greves dos metalúrgicos, durante a ditadura, foi exemplar. O alarmante sectarismo de seu discurso eleitoral, ao que tudo indica, não é inerente à sua personalidade, decorre da própria campanha, influência talvez dos ideólogos do PCdoB que a dirigem e orientam. Discurso de um atraso pasmoso, como é possível imaginá-lo diante dos acontecimentos do Leste Europeu, ao fim de uma época, quando ruem teorias e estados, se desmorona o socialismo real, se assiste ao funeral da ditadura do proletariado? Discurso classista, aponta exatamente para a ditadura do proletariado: tão antigo e superado, dá pena".
Pois é, da mesma forma que o dinheiro mudou Jorge Amado, o mesmo dinheiro, junto ao poder mudou totalmente Lula, com uma diferença: Lula jamais escreverá o que quer que seja, falta-lhe mais alfabetização.
Apoio: Ancelmo Gois
Um comentário:
Giulio
Lembro que no livro "Um Chapéu para viagem" da Zélia Gattai ha um relato de uma conversa entre Pablo Neruda, Ilya Ehrenburg e Jorge Amado em que Jorge Amado protesta contra o processo contra Arthur London e a redyuçãoa não pessoas de sua família.
Neruda e Ilya gozam com o Amado por ser romântico, dizem que a revolução precisa se refrescar de vez em quanto.
No entanto Amado continuou anos e anos correndo o mundo com esses dois, e que eu saiba só falou contra o comunismo justamente em 1989.
Fica claro que se descorçoou já na década de 50, mas foi conveniente para ele continuar comunista até o fim.
Aliás, como Niemeyer que até hoje é um arquiteto oficial que ninguém pode contestar sob pena de ser taxado de fascista, mas cujos prédios são um pesadelo na prática apesar de bonitos na teoria.
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