11 de out. de 2007

O velho lobo do mar!

Por Erni Bender

Numa destas “filosofadas” da vida, cheguei à conclusão de que quero passar meus últimos dias no mar! Mas não é apenas morando em uma cidade litorânea não, quero me integrar ao oceano, que tanto me amedronta e que tanto me fascina.
Durante os anos, conheci muitas pessoas que vivem literalmente no mar, ou seja, moram em pequenas embarcações, e este é meu caso, pretendo numa longínqua velhice habitar um veleiro.
Para aqueles que pensam que fiquei louco, até pode ser, mas muitas e muitas pessoas optam por este tipo de vida, a vida nos oceanos. Pode não parecer, mas na minha tenra idade, já pratiquei surf, portanto tive um convívio íntimo com o mar, o que me fez admira-lo pela sua indescritível beleza, como também aprendi a respeitá-lo por sua magnífica força. Em certa ocasião, por muito pouco não morro afogado, tragado por uma grande onda em um dia de “mar alto”, na praia de Guaratuba, no Paraná.
E mesmo passando por este dissabor, de quase ter perdido a vida nas águas salgadas do oceano Atlântico, ainda assim quero morrer no mar, (como já dizia Dorival Caymmi, é doce morrer no mar! Será???) porque penso que antes de minha morte, encontrarei toda a tranqüilidade do mundo no embalo das ondas.
Você deve estar se perguntando: Aonde vou arrumar dinheiro para comprar um veleiro, não é? Pois saiba que um veleiro de porte médio não custa muito caro não, aliás, o preço é menor que o valor de uma casa de pequeno porte, portanto, não é impossível o meu sonho de virar um “velho lobo do mar”.
Como habitante de um veleiro, minha residência sendo a própria embarcação, não terei endereço fixo, pois a cada dia, conforme mandar minha vontade, estarei em novos horizontes. Por exemplo: digamos que estou ancorado na baia de Guaratuba no Paraná. De repente, não mais que de repente, me dá vontade de ir até Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Bastará içar as velas e partir, não é fantástico? E poderei ir costeando nosso belíssimo litoral, com a população nas praias a admirar meu belo veleiro, e eu mandando todos às favas! Parece até a terra imaginada por Manuel Bandeira em um de seus mais belos poemas: “Vou-me embora pra Passargada, lá sou amigo do rei, lá tenho a mulher que quero, na cama que escolherei...” Pois bem, se Deus permitir, em um futuro distante, vou-me para meu veleiro, “vou-me embora pra Passargada”.

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