31 de out. de 2007

Renan: afastamento não refresca

Por Pedro Oliveira - Jornalista e presidente do Instituto Cidadão

“De nossa parte não haverá acordo para que ele escape” (Senador Demóstenes Torres)

Se o senador Renan Calheiros imaginava que o seu afastamento forçado da presidência do Senado poderia significar o abrandamento das graves acusações das quais é alvo e contribuir para uma possível absolvição no Conselho de Ética, equivocou-se profundamente.
O senado não vai certamente repetir a vergonhosa decisão que o absolveu no primeiro processo, por alguns notórios motivos: 1) os senadores do governo e da oposição sabem que o Brasil inteiro está de olho em seus votos e serão cobrados mais tarde; 2) todas as pesquisas realizadas demonstram que a maioria esmagadora dos brasileiros deseja a condenação de Renan; 3) o voto poderá não ser mais secreto, escondendo a vergonha de cada um e a hipocrisia de muitos; 4) com golpes baixos e ações marginais Renan angariou a ira até de antes aliados e provocou indignação e revolta na oposição que teve alguns de seus integrantes ameaçados moralmente por artimanhas escabrosas gerenciadas pela pequena tropa de choque que teima em insistir na criminosa e impossível absolvição.
“Canalhas de todos os matizes, eu não sou como vocês: ética para mim não é pose, não é bandeira eleitoral, não é construção artificial de imagem para uso externo”. Esta frase é do senador Jefferson Peres, em discurso no plenário do Senado esta semana, contestando “armações” dentro da própria Casa visando denegrir sua imagem. Peres é o relator de um dos processos contra Renan e a frase com certeza não foi dirigida a mim.
O senador Arthur Virgilio, revoltado com a ofensa ao colega reagiu na mesma sessão: “Se trata de uma tentativa de intimidação. Não espero e não aceito outra providência de Jefferson Peres que não seja o pedido de cassação de Renan por quebra de decoro parlamentar”. Pelo menos dez senadores apartearam Peres em seu discurso, todos mostrando indignação. O senador Heráclito Fortes, afirmou que: “O Brasil sabe quem é Jefferson Peres e que ele está sendo vitima de pressão. O Senado não vai permitir uma possível temporada de caça às bruxas” O Brasil também sabe quem teria ou não interesse em pressionar e ameaçar o honrado e ético relator.

Renan amarelou

Diante da repercussão entre os senadores, até mesmo alguns da sua tropa de choque, Renan tratou, como sempre, de desqualificar a denúncia da revista Veja e em mensagem a Jefferson Peres lhe faz rasgados elogios e diz: “A revista de sempre, desejando estimular a intriga, me atribuiu, falsamente, suposta distribuição de um dossiê com acusações pesadas contra o colega amazonense, com a finalidade de intimidá-lo”. Não foi “a revista de sempre”, mas toda a imprensa nacional, inclusive o senador acusado e muitos de seus colegas que atribuíram a pessoas de Renan a autoria da imoral farsa de intimidação. Fala Renan em sua nota em “Caráter formado em maciças lições de vida e do exemplo de dignidade do meu saudoso pai e de minha mãe, hoje com 74 anos de idade. Vem de berço, não tenha dúvida”. Será? Vai ter que rolar muito para provar, o que o Brasil já não acredita mais.
A oposição responsável no Senado avisa por seus lideres que jamais se prestariam a participar de qualquer acordo para livrar Renan da cassação quando os processos por quebra de decoro forem julgados. A licença de Renan foi um acordo entre ele e o Palácio do Planalto, e quantas licenças venha a tirar com certeza não irão interferir na disposição da maioria dos senadores em fazer justiça, optando por sua condenação no Conselho de Ética.
Prevalecendo a vontade da maioria, a seriedade honrada de Jefferson Peres e os demais relatores, a exceção do desprezível Almeida Lima, Renan percorre o “corredor da morte” a caminho do cadafalso.

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