6 de nov. de 2007

A banda dos enganadores

Assistimos, semana passada, a um verdadeiro desfile de ministros e altas figuras do PT criticando duramente a proposta do terceiro mandato.
Parece até coisa encomendada, porque Guido Mantega, Paulo Bernardo, Luiz Dulci, Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia, Tarso Genro, Tião Viana, Arlindo Chinaglia e outros personagens da intimidade do presidente Lula, ordenadamente, repudiaram a hipótese de ser aprovada emenda permitindo ao chefe do governo disputar mais um mandato no exercício de suas funções.
Não há argumento para questionar a sinceridade deles, ou até para duvidar de que assim se tenham pronunciado por inspiração do presidente Lula. Agora, com todo o respeito, há o reverso da medalha. Porque sem o terceiro mandato, isto é, sem Lula disputando as eleições, condena-se o PT a perder o poder, já que falta ao partido um candidato em condições de vitória. Menos ele.
Assim, as perguntas surgem: admitiria Guido Mantega deixar o todo-poderoso comando da política econômica para aceitar dar aulas de economia numa universidade qualquer? Paulo Bernardo, do Planejamento, recomeçaria do zero sua carreira política, sabendo que perdeu faz muito as chances de se eleger deputado federal? Luiz Dulci, secretário-geral da presidência, abdicaria da condição de estrategista maior da política palaciana para voltar a dar aulas de latim e português num cursinho de vestibular?
Dilma Roysseff, de chefe da Casa Civil e primeira-ministra informal do governo, retornaria à vida sindical no Rio Grande do Sul? Marco Aurélio Garcia conseguiria tornar-se consultor para assuntos de política externa? Pois é. Hoje, eles e outros se mostram contrários ao terceiro mandato, mas, à medida que 2010 se aproximar, resistirão à tentação de manter o poder a importância que seus cargos ensejam? (Carlos Chagas)

Um comentário:

tunico disse...

Giulio, é sintomático. Claro que está combinado. Além destes que você citou, em seguida, Senadores petistas ontem, a saber, Sibá Machado, seguido por Paulo Paim, por João Pedro, se pronunciaram em tribuna contra a idéia do terceiro mandato. Hoje deveremos certamente ter mais Senadores petistas falando a mesma coisa. Mas na Câmara, somente o líder deles falou alguma coisa. E o principal ator, Lula, é evasivo. Não diz nem sim, nem não, muito pelo contrário.Como estamos assistindo, o macarrão foi jogado contra a parede. A esperança dos petistas é que ele cole.Se a CPMF passar, pode ter certeza que colará. Creio que vamos assistir a partir de 2009 uma verdadeira blitz petista a favor da continuidade. O PT não tem sucessor e não vai querer largar o osso de forma alguma.Não faz parte do seu DNA.