27 de nov. de 2007

Chavez vai segurar ele?

Por Ralph J. Hofmann

O sangue começou a correr na Bolívia. Alguém começou a protestar contra alguma coisa, a outra facção reclamou, e agora houve um enterro com protestos de populares. Não sei qual o número do próximo golpe de estado. Antigamente eu tinha um livro do Maurice Duverger em que havia um quadro com mais ou menos 160 golpes de estado e revoluções na Bolívia entre 1825 e 1964. Hoje em dia devem ser 190 ou 200 golpes de estado.
Há inclusive fatos interessantes. Alternância no poder entre presidentes afastados por um golpe retornando muitos anos depois por outro golpe.
Então devemos considerar, para o caso específico da Bolívia como algo muito natural. O golpe na Bolívia precisa ser visto como manifestação cultural, não política.
Se as movimentações contra Evo Morales, manifestações de rua, etc. forem coibidas como sempre foram por forças legitimamente bolivianas devem ser consideradas parte de uma rotina. “Business as usual”. O próprio Evo já as usou na sua escalada para a vitória.
Mas se o Chavez mandar suas forças interceder ao lado de Evo? Como deve ser considerado isto? Uma ingerência na vida política da Bolívia?: Uma invasão semelhante à interferência russa na Hungria em 1956. O fim da “Primavera de Praga” em 1968?
Ou seria o equivalente ao Indiana Jones interrompendo uma cerimônia de adoradores de Kali nos contrafortes do Himalaia?
Afinal, como já dissemos, há um aspecto cultural, até um aspecto ritualístico nos golpes Bolivianos. Na maioria das vezes o presidente derrubado é escoltado para a fronteira para esperar a oportunidade de dar um novo golpe.
Se o Chavez subverter esta ordem natural das coisas,interferindo, creio que podemos dizer que ele deveria ser proscrito por todos os bolivianos. Imiscui-se em um dos aspectos culturais mais antigos do país. Sugeriria até que os bolivianos poderiam levá-lo, se capturado, para a execução. Seria lhe arrancado o coração com uma faca de obsidiana, seu corpo seria esquartejado e seus restos mortais jogados no Lago Titicaca.
Assim os deuses do Golpe de Estado se sentiriam propiciados.

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