2 de nov. de 2007

Lula X PT. Uma briga esquisita

Escreve Dora Kramer: Com a autoridade de criador e profundo conhecedor das idiossincrasias da criatura, Lula vê projetos de candidaturas presidenciais por trás das candidaturas adversárias de Berzoini
Uma das maiores lendas urbanas do cenário político reza que o presidente Luiz Inácio da Silva é uma coisa, o PT outra diferente e caminham ambos para se distanciar cada vez mais. Puro fruto de imaginações deformadas pela indução da conveniência de separar a figura do presidente das peripécias ‘alopradas’ do PT.
Quando se trata de manter o controle do partido e evitar mudanças de rumo inconvenientes, a realidade ocupa o seu devido lugar. Agora, por exemplo, a um mês da eleição do novo presidente do PT, Lula detectou o risco de derrota de seu candidato, Ricardo Berzoini, caso haja segundo turno, e já partiu para a ação no sentido de arrefecer os ânimos dos mudancistas.
Neles, o presidente não enxerga apenas as alegadas intenções de corrigir rumos e fortalecer o partido para as futuras disputas eleitorais sem a sua presença na linha de frente. Até porque Lula não parece minimamente disposto a se afastar dela – seja como protagonista ou coadjuvante privilegiado.
Com a autoridade de criador e profundo conhecedor das idiossincrasias da criatura, Lula vê projetos de candidaturas presidenciais por trás das candidaturas adversárias de Berzoini. No caso de Jilmar Tatto (o segundo mais bem cotado nas previsões petistas), a postulação de Marta Suplicy ao Planalto, e no de José Eduardo Cardozo, a de Tarso Genro.
Como não nutre simpatia por nenhuma das duas hipóteses de candidato a presidente da República e quer manter o processo de sua sucessão sob controle estrito, Lula considera fundamental a permanência das coisas tais como estão no partido. Não pretende abrir espaço a surpresas ou questionamentos ao governo nesse período tão sensível.
À falta de Marco Aurélio Garcia, candidato preferido de Lula, mas vetado internamente, o homem para assegurar o comando direto do Planalto sobre o partido é Ricardo Berzoini. Mas ele começou a perder fôlego na proporção inversa do crescimento do movimento das outras candidaturas em torno de um pacto de unidade contra ele em possível segundo turno, nas eleições marcadas para 2 de dezembro.
Juntou-se a isso a falta de compromisso da militância filiada (votante, pois as eleições no PT são diretas) com a candidatura de Berzoini, muito em função do tratamento dado a ele por Lula quando precisou, na campanha da reeleição, marcar distância dos "aloprados" do dossiê antitucano.
Devidamente informado, Lula já começou a agir. Muito discretamente e em caráter extra-oficial. Para todos os efeitos, o PT tem vida própria e o presidente da República não interfere nela.
Como primeira medida de precaução, mandou abrir entendimentos com o grupo de Jilmar Tatto por intermédio dos deputados Rui Falcão (estadual) e Cândido Vaccarezza (federal), na tentativa de convencê-lo a pôr o pé do freio: seja no ritmo de campanha de Tato – frenético, em busca de apoio de petistas no País inteiro – ou na idéia de união às outras tendências para derrotar Berzoini no segundo turno.
E disso tudo fica o seguinte: nessa eleição para presidente do PT não interessa a vitória do melhor quadro nem a aposta no projeto de revitalização do partido. Está em jogo mesmo é o manejo da máquina de fazer votos com vistas à manutenção do poder. Muito justo, mas é bom esclarecer.

2 comentários:

ma gu disse...

Alô, Giulio.

Assistiremos às demarches aloprísticas, que é o que nos resta fazer.
De qualquer maneira, nenhum brasileiro terá problemas de anemia, porque o que tomamos de Ferro é brincadeira...

Anônimo disse...

A turma do campo majoritário,agora com a roupagem de unidade na luta devido a vergonha de estarem metidos em todas as mazelas políticas do governo Lula,jamais entregara o poder dentro da confederação de partidos chamados PT,sob pena de terem os seus casos de policia afrorando sem a proteção do grande chefe no palácio do planalto.[julio augusto]