24 de nov. de 2007

Não Brinca, Governador!

Por Fabiana Sanmartini

É lamentável que o Rio de Janeiro, Estado onde se encontra a cidade homônima, de maior relevância turística na América Latina, seja governada por uma pessoa que adquiriu o modo de gestão “lulística”.
Já falei isso há poucos dias, mas novamente ele nos dá prova de franqueza, imperdoável em governantes e pior, usa erros de outros paises para justificar os seus. Vamos esclarecer. Esta semana em coletiva com a imprensa estrangeira, o Governador do Rio Sérgio Cabral irritou-se com os repórteres. Dentre eles um português que questionou a corrupção e alegou "a PM carioca é corrupta e boa parte das pessoas aqui seguramente já deu R$ 1 ou R$ 2 para essa polícia", corrigiria dizendo que paga-se muito mais caro à policia carioca, e que o cidadão é coagido a pagar por medo da truculência e da conhecida violência e vingança dos mesmos. O governador alegou acertadamente que “quem corrompe também é corrupto”. Bem continuando com as suas declarações disse: “Primeiro, a polícia não é corrupta. O que você está dizendo é um desrespeito a milhares de policiais. Segundo, quem corrompe também é corrupto. Eu não me incluo nessa lista e vi muitas reações negativas à sua fala", e ainda, "Se as pessoas, quando abordadas por um policial corrupto, em vez de dar os R$ 2, denunciassem, seria mais fácil combater esses corruptos." Ok, e a quem vamos recorrer quando a milícia cobra na nossa porta a “segurança” da casa, onde dormem nossos filhos? A ele, o Governador? Que também garante a vida dos cidadãos de bem que vivem nas comunidades dominadas pelo narcotráfico com a sabida ajuda da polícia? Há mais ou menos 3, 4 anos atrás, em Bangu, zona oeste do Rio, as Kombis que faziam a lotada (transporte de passageiros das comunidades por preços mais baratos que os ônibus) eram paradas próximas a estação de trens de Bangu pela blitz costumeira.
(*) Foto: Turista italiano Giorgio Morassi, morto durante um assalto em Ipanema
Os motoristas paravam antes na padaria e só não tinham o carro apreendido os que levavam o lanchinho dos policias. É... Refrigerante, e só servia Coca-Cola, pão fresco, queijo e presunto. A blitz era em frente a um, digamos comércio, o mais antigo do mundo e não é costureira... Quem me relata é um profissional de saúde que prestava serviço ao comerciante, dono do bordel. Acho que o lanche saia um pouco mais caro que o calculado pelo repórter que tanto irritou o governador!
Aos repórteres italianos que se encontravam obviamente na coletiva internacional por conta do caso Giorgio Morassi, o rapaz atropelado ao ter seu pai assaltado no calçadão de Ipanema, o Governador da “Terra do Nunca” citou a máfia italiana e pediu respeito à Polícia Militar (PM). Primeiro que respeito, eu aprendi com meu pai, é uma via de mão dupla, ou seja, só é respeitado quem respeita. Porém, a comparação com a máfia foi quase acertada, ocorre que nas máfias italianas ou chinesas existe código de conduta, o que não acorre com a PM, mas verdadeiramente são todos bandidos. Eu pessoalmente preferia ter a polícia do meu Estado comparada com a polícia de qualquer lugar do mundo, desde que garantissem o direito do cidadão de bem. A italiana, por exemplo, prendeu no último dia 5 Salvatore Lo Piccolo, O Barão, de 65 anos, foragido há 13. Este era o vértice da “Cosa Nostra” parlemitana. E não foi só ele, na mesma operação prendeu seu filho, Sandro Lo Piccolo (35 anos), foragido há 9 (nove) e mais integrantes da máfia, todos igualmente foragidos. Nesta operação articulada pela inteligência, invadiu-se a casa de Lo Piccolo e sem a morte de passantes, moradores vizinhos, sem o fechamento de escolas, sem feridos, sem balas perdidas, foram presos algo em torno de 30 (trinta) integrantes da máfia. Ficam registrados os dados para o governador do Rio que deve saber muito mais sobre outros lugares do que sobre nossa cidade, afinal o coitado viaja muito. Operação bem parecida com a do Complexo do Alemão a que foi feita ontem no Cantagalo e no Pavão-Pavãozinho, ambas na zona sul, a procura do responsável pelo assalto que levou a morte Giorgio. A tempo, a polícia foi recebida à balas e com bombas de fabricação caseira; passantes abandonaram os carros com medo do tiroteio e pior, mas costumeiro, a “força da ordem, saiu de lá de mãos abanado. É a ...realidade do Rio, sem Sininho, sem Peter Pan, sem a “Terra do Nunca”... Abra os olhos, Governador! O morador do Rio é que merece respeito!

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