28 de nov. de 2007

Perdeu-se totalmente o senso

Por Giulio Sanmartini

Jamais fui Juscelinista, nem quando este era vivo, nem depois que morreu, tenho sérias restrições ao seu sistema de trabalho e ao progresso que alavancou, dando o ponta pé inicial a inflação descontrolada que levou mais de 30 anos para ser extinta. Mas que vou contar o fato não é esse.
Na segunda metade dos anos 1950, o capital ainda era o Rio de Janeiro e a sede do governo o Palácio do Catete, houve um desastre ferroviário perto da estação de Mangueira: dois trens correndo pelo mesma linha em sentidos contrários engavetaram-se.
Era hora de pico com uma das composições superlotas. Logo os repórteres radiofônicos em edição extraordinária anunciaram os fatos, mas o número de mortos era desencontrado, falavam-se as centenas chegando perto do milhar, a fora os feridos e mutilados. O diretor da Central do Brasil (hoje Rede Ferroviária) partiu logo paro a local, pouco tempo depois chegou o presidente Juscelino e lhe perguntou como as coisas estava. O diretor da Central lhe disse que os mortos não poderiam ser muitos pois cada vagão carregava no máximo 200 passageiros. Juscelino o demitiu sumariamente ali mesmo, sem nem o direito de arrumar suas gavetas.
Agora sobre o caso da menina de 15 anos violentada numa prisão no Pará leio as declarações do Delegado Geral da Polícia Civil, que foram publicadas em notas por Cláudio Humberto
“Considerado um dos responsáveis pela situação que resultou no encarceramento de mulheres em celas coletivas masculinas, que vitimou até uma menina de quinze anos de idade, o Delegado Geral da Polícia Civil do Pará, Paulo Benassuly, atribuiu o fato à suspeita de "problemas mentais" da adolescente, porque ela supostamente não teria informado a própria idade, ao ser presa. A ousadia do delegado mereceu a pronta reprimenda do ministro Paulo Vanucci (Direitos Humanos), durante audiência na CPI do Sistema Carcerário, afirmando que a avaliação da saúde mental da menina deve ficar a cargo de "instâncias profissionais".
Quer dizer então que uma louca pode ser estuprada? Ou que as maiores de idade também podem, pois ela não disse ser menor? Qual a habilitação profissional que tem um delegado para determinar a saúde mental de quem quer que seja.?
Pior ainda o ministro dos Direitos Humanos Paulo Vanuci, que só repreendeu esse delegado. Passou-se o tempo em os funcionários públicos, que insultassem o bom senso, eram demitidos sumariamente.
(*) Foto: A menor L. entre as mães biológica e adotiva

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