21 de nov. de 2007

Quando a manguaça fala mais alto

Ainda inconformado com a abstinência imposta pela reportagem do jornalista americano Larry Rother, o presidente Lula fica muito mais interessante quando desanda a falar depois de almoços em homenagem a forasteiros ilustres, sempre regados a vinho. Autorizado pelo cerimonial, o anfitrião ergue um brinde ao visitante e, até a hora da sobremesa, molha a garganta com três ou quatro taças. É a dose certa para lubrificar a garganta e destravar a língua de Lula.
Foi assim na quarta-feira passada, ao fim do almoço no Itamaraty em louvor do presidente da Guiné-Bissau. Alguns jornalistas estavam lá para saber o que Lula achara do incidente entre o rei Juan Carlos e o presidente Hugo Chávez. Como já deixara Santiago, o comandante do Aerolula não testemunhara o cala-boca. Mas um falante compulsivo não nega fogo.
E assim num momento perdeu o equilíbrio e perdeu o rumo. "Podem criticar o Chávez por qualquer coisa, mas não por falta de democracia na Venezuela. Por que ninguém se queixa quando a Margareth Thatcher fica tanto tempo no poder? E o Felipe González, o François Mitterrand, o Helmuth Kohl?".
Um repórter ponderou que "são situações distintas", mas o presidente irritado não aceitou e respondeu: "Não tem nada de distinto. O que importa não é o regime, é o exercício do poder".
(...) Essa verdade se desdobra em outras duas. Primeira: nunca houve um presidente tão visceralmente ignorante. Segunda: ele é a cara do Brasil que o escolheu. Milhões de eleitores hoje se sentem dispensados de ler, estudar, pensar. O pastor não precisou de nada disso para chegar lá. Bastaram a intuição e a esperteza. Cumpre ao rebanho segui-lo.
O país está submerso na Era da Mediocridade. Enquanto não voltar à tona, Lula será o homem certo no lugar certo.
(*) Foto: Sepioteuthis lessoniana, vulgarmente chamada de Lula

Leia a matéria de Augusto Nunes no Jornal do Brasil online.

2 comentários:

Stefano di Pastena disse...

BRAVO, AUGUSTO.

ma gu disse...

Alô, Giulio.

Foi muito difícil engulir a parte final da última frase do post mas, a sua lógica é irretorquível, porque analfabeto vota em analfabeto.