28 de nov. de 2007

Quem não se ufana do Brasil?

Por Chico Bruno

O Brasil é o país do balacobaco, do samba do crioulo doido, segundo o inesquecível Sérgio Porto, ou da piada pronta, como diz o jornalista José Simão.
O PSDB e DEM, divididos sobre como tocar a CPMF, deram o toque de união e decidiram acelerar a votação da PEC da CPMF e DRU, pois acham que tem votos suficientes para derrubar a proposta de prorrogação da contribuição provisória.
O presidente Lula, seus ministros e senadores batem boca sobre a CPMF, mas sobre a DRU – Desvinculação de Receitas da União, que faz parte da PEC, ninguém pia, com exceção do senador Cristovam Buarque (PDT-DF). A DRU, para quem não sabe, é um instrumento que permite ao governo remanejar recursos da saúde e educação para outros fins, é perniciosa ao desenvolvimento social do país. É uma praga, mas sobre ela o silêncio é total, não se faz uma mínima discussão. Ninguém diz nada.
Justo num momento em que o Instituto IPSOS faz pesquisa e descobre que 50% dos brasileiros não conseguem identificar no Mapa Mundi onde fica o Brasil. Uma notícia que espelha o deficiente grau de instrução de nosso povo.
Na briga pelos R$ 40 bilhões da CPMF vale tudo. Vale tanto, que o senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) denunciou pela imprensa e confirmou em plenário o “assedio” de um assessor palaciano. Segundo o senador do Acre, o tal assessor propôs a ele a troca do voto pela liberação de suas emendas parlamentares.
Como sempre acontece nessas horas, o presidente interino do Senado, Tião Viana, também acreano, mandou apurar o “assédio” do Planalto ao conterrâneo. Geralmente isso não dá em nada.
A tática da oposição de acelerar a votação da CPMF foi um sucesso. Ela colocou em banho Maria a obstrução. Limpou a pauta e finalmente foi aberta formalmente a tramitação da CPMF no Senado.
Como analgésico para minimizar a dor de cabeça, o presidente Lula chamou o neo-aliado Blairo Maggi, governador do Mato Groso, para tentar cooptar os votos de dois senadores do DEM daquele estado em favor da aprovação da prorrogação da contribuição. O rei da Soja, como é conhecido o governador, concordou com a empreitada e cobrou caro pelo trabalho. Quer que Lula atropele a Lei de Responsabilidade Fiscal e renegocie de forma truculenta a dívida de Mato Grosso. Aos dois senadores, Maggi ofereceu mundos e fundos, inclusive, financiamento em futuras jornadas eleitorais.
Pela CPMF vale tudo, inclusive liberar emendas parlamentares de meio bilhão em 23 dias, quanto mais fazer um pedidozinho besta como o que Lula fez a Maggi.
Confiante que tem votos suficientes para derrubar a CPMF, a oposição reúne os dissidentes governistas.
Quer se certificar se eles não irão roer a corda na hora H.
Mais a vida de Lula não se resume a CPMF. Ele sempre que pode encontra tempo para dar o troco a alguma declaração mais dura de FHC sobre ele. Foi o que fez agora. Disse que pode ser menos letrado que FHC, mas que em contrapartida sabe governar melhor do que FHC. E sabe mesmo, basta ver a sua popularidade e a do adversário.
Voltando a vaca fria da CPMF. O presidente Lula está fazendo qualquer negócio para prorrogar a contribuição até 2011. Tanto que ordenou a base aliada na Câmara dos Deputados a obstruir qualquer votação naquela casa, inclusive a da MP que cria a TV Pública. As excelências aliadas como carneirinhos amestrados cumpriram a ordem e se postaram de joelhos perante o chefe.
Henrique Fontana (PT-RS), líder do governo na Câmara, defende a ordem do Planalto e diz sem o mínimo pudor:
- Nossa posição, com muita transparência, é ligada à votação da CPMF no Senado. Abrir mão de 7% da arrecadação, ou R$ 40 bilhões, seria colocar em risco esse ambiente econômico favorável vivido pelo Brasil.
Mais como a vida do país não se resume a novela da CPMF.
O bispo Dom Luiz Flávio Cappio, do município de Barra, no oeste baiano, às margens do Rio Grande, um importante afluente do São Francisco, alegando que o governo não cumpriu o acordo feito com ele, decidiu fazer uma nova greve de fome contra a transposição do referido rio. Em resposta ao bispo, o herdeiro dos métodos de ACM na Bahia, o ministro Geddel sacou a seguinte frase: “Não dialogo com posições que tangenciam a chantagem. Reconheço na Igreja e nele (Cappio) legitimidade para muitas coisas, mas não para governar”.
As Forças Armadas ocuparão favelas cariocas do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo para garantir a segurança de Lula em sua visita aquelas comunidades.
O senador José Sarney (PMDB-AP), muito pouco preocupado com o processo de cassação de seu mandato que corre no TSE, pressiona Lula a aceitar o senador Edson Lobão, um neo-peemedebista maranhense, como ministro de Minas e Energia.
A ilha de Fernando de Noronha prepara mordomias para receber Lula e Marisa Letícia durante os festejos do Natal e Ano Novo.
O lago do Sobradinho com apenas 15% do volume de águas, obriga dirigentes da CHESF a acender diariamente um pacote de velas para São Pedro. A coisa, ainda, não apagou no Nordeste porque hidrelétricas do Sudeste estão socorrendo a CHESF.
A presidente da União Nacional dos Estudantes, a gaúcha Lúcia Stumpf (PcdoB-RS), comanda o jantar dos 70 anos da entidade, no Porcão, em Brasília, cujo rodízio custa em torno de R$ 50 per capita. O grande homenageado é o ex-presidente da UNE, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), responsável pela reconstrução da entidade.
Quem sabe a festança da UNE não é para exorcizar o espantalho de um terceiro mandato para Lula ou para festejar o companheiro Haroldo Lima (PCdoB-BA), presidente da Agência Nacional de Petróleo pelo sucesso do leilão das bacias petrolíferas, no qual o grande vencedor, até agora, foi o empresário Eike Batista, que disse ao fim do pregão que: "Troquei ouro por petróleo". O filho de Eliseu Batista deixou a Petrobras a ver navios, ficou com o filé mignon do leilão.
Enquanto isso, o grau de ufanismo da mídia foi aos píncaros. O Brasil entrou para elite da qualidade de vida. Saiu da segunda divisão do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano e foi guindado à primeira divisão dos países com qualidade de vida. Ocupa a última colocação, o 70º lugar, abaixo de três vizinhos da América do Sul, a Argentina que está em 38º, o Chile em 40º e o Uruguai em 46º. Está também abaixo de outros países da América Latina, entre eles Cuba. Uma comemoração de birro.
Pelo conjunto da obra é para se ufanar do Brasil.

4 comentários:

telescopionegro disse...

postei um texto de adriana vandoni intitulado É PRECISO CHUTAR O PAU DA BARRACA
acesse http://telescopio.vze.com
clique em AGENDA
e confira.abçs do everi rudinei
jornaltelescopio@gmail.com

telescopionegro disse...

seu blog está potimo,concordo com os autores dos textos.estou farto desse desgoverno.é um país de piadas prontas,um samba do crioulo doido!!
jornaltelescopio@gmail.com
estarei postando do seu site na AGENDA em telescopio.vze.com

Edson Camargo disse...

Olá, Adriana,

Com uma oposição cínica, acovardada e pensando que, ao lidar com gente que se entusiasma com os pisões que leva de Hugo Chávez, está lidando com típicos fisiológicos e raposonas, e não com uma quadrilha de revolucionários treinados para mentir até conseguir o que querem, o Brasil não vai pra frente, mesmo.

Quando PSDB, DEM e outros reclamam da força que o PT tem hoje, não conseguem ver que foi sua própria superficialidade, descompromisso e anemia moral e intelectual que os fez se tornarem meros fantoches nas mãos de gente perigosa como Zé Dirceu, Dilma Roussef, Marco Aurélio Garcia e outros picaretas.

O blog tá ótimo.
Fica com Deus.
Edson.

ma gu disse...

Alô, Adriana.

Depois de ver a reportagem da tv Bandeirantes (jornal da noite), mostrando os hospitais de P. Alegre e sua superlotação, (pelo menos estavam limpos, ao contrário do que já vi no Rio de Janeiro, onde é melhor o cara morrer em casa) e, em seguida, o sapo barbudo, comentando a entrada do país no último lugar da lista de IDH, dizer que o Brasil cuida bem de sua população, não tenho o que dizer, a não ser - "Que povo burro. Votem no partido dele. Aprovem o terceiro mandato ou seja lá o cazzo que proponham. Vendam-se por uma bolsa, imbecis. Parece que a população merece isso!"