31 de jan. de 2008

Desculpem, foi só um pensamento

Por Adauto Medeiros, engenheiro civil e empresário

Fui a um posto de Saúde aqui em Natal em um bairro chamado de Mão Luiza para vacinar-me contra a Febre Amarela. A exigência, no meu caso, é que vou viajar para uma área de risco e preciso apresentar o bilhete de passagem no avião (meu caso) ou de ônibus, no entanto, quem vai de carro próprio é dispensado de vacinar. Não me perguntem por que, que eu não sei. Mas é assim.
Bom, em lá chegando, no posto de saúde, encontrei uma criança autista, acompanhada da mãe, Maria de Lourdes dos Santos Belo, residente na rua D. Pedro I, 18B, no loteamento José Sarney se batendo e gritando tão alto que chamou a atenção de todo o posto. Fui informado que a criança toma dois remédios controlados e que são fornecidos pelo posto de saúde, que são Respiridon e Prometazina, mas que infelizmente estava faltando em todos os postos.
Incontinente levei filho e mãe para uma farmácia e comprei os dois remédios, que juntos custaram a importância de 25 reais. Olhem a bagatela, e caso fossem comprados pelo estado seria menos da metade do que paguei.
Nesse momento fiquei impressionado com o descaso dos governos para os pobres e desassistidos que eles juram defender, e nesse momento pensei nos 921 bilhões de reais arrecadados pelos governos nas três esferas do poder em 2007 com impostos; lembrei do Congresso com 34 mil funcionários e um gasto em torno de 4,3 bilhões por ano; lembrei das viagens e das comitivas imperiais nas viagens ao exterior gastando dólares (sem nenhuma produtividade), e claro, sempre com os cartões corporativos pagando despesas pessoais nos free shops com whisky e charutos cubanos, que só em 2007 consumiram de recursos públicos um total de 75 milhões de reais.
Também pensei nos mensaleiros, pensei nas aplicações dos dinheiros públicos sem o menos critério. Pensei no consumo de 650 garrrafas de vinho do palácio do Planalto durante 120 dias, pensei no vice governador do Maranhão, que assumiu o governo durante 15 dias (15 dias) e aposentou-se ex-oficio (por causa desses 15 dias) com salário, acreditem, de governador, e, claro, tudo dentro da lei, feita por eles, os políticos que legislam em causa própria.
Pensei no superfaturamento das obras públicas, pensei nos policiais do Rio de Janeiro pedindo esmolas na Boca do Túnel Santa Bárbara, pensei na maldição que temos sofrido dos deuses da honestidade, pensei em tudo, mas infelizmente não consegui entender como pode faltar remédio tão barato para crianças excepcionais.
Estamos realmente desumanizados e desgovernados. É triste e vergonhoso.

6 comentários:

Getulio Jucá disse...

Tudo o que diz aqui o Sr.Adauto Medeiros, expressa o verdadeiro sentimento e a sincera vontade de tbem dizer de toda uma população basileira, que vive indignada com a forma de governar do Sr.Presidente Lula e seus comandados.
É triste ver nosso país chegar na situação em que se encontra: um desmando total, onde o próprio Presidente não conhece os problemas do seu povo.

Anônimo disse...

E mais: tudo é invenção da imprensa. Agora até o INPE está sob suspeita por causa do desmatamento da Amazônia.

Getulio Jucá disse...

O relato feito pelo Sr.Adauto Medeiros me deixou bastante sensibilizado. Morei em Natal por muito tempo e foi lá que meus dois filhos nasceram. Amo aquela cidade. Infelismente,o RGNorte, assim como os demais estados do Nordeste,ainda beija e come na mão das oligarquias.Em Natal,por exemplo,quando o poder não está com a familia "Maia" (José Agripino Maia, Vilma Maia,Felipe Maia - filho de José Agripino, etc), está com os "Alves" (Garibaldi Alves -atual presidente do Senado, e etc).

Anônimo disse...

Não é só nos Estados do nordeste que isso acontece. Tenho uma sobrinha autista,minha irmã é viúva e tem poucos recursos, que tbm precisa dos mesmos remédios e quase nunca têm nos postos de saúde do meu Estado, Mato Grosso do Sul.

Atenciosamente,
L.A.S.

Anônimo disse...

Banânia é isso, nada mais do que isso, total descaso com os mais necessitados, que são explorados em sua ingenuidade e votam nesses políticos insensíveis. A troco de vale isso, vale aquilo, bolsa isso, bolsa aquilo, vão sendo enganados cotidianamente. O que mais me revolta é saber que trabalho 3,6 meses (cálculo que fiz, irrefutável), quase qatro meses do ano, só para pagar o Imposto de Renda, que deveria ser utilizado para isso, pagar remédios para meus irmãozinhos necessitados, autistas, epiléticos, diabéticos, e tantos outros que por destino nasceram com enfermidades e não tem recursos para se socorrerem e deveriam ser assisitidos pelo governo. Não computei ICMS, IPTU, IPI... Se assim o fizesse, talvez chegasse a mais de meio ano de trabalho para pagar impostos para sustentar Cartões Corporativos, viagens de ministros, presidente, vice-presidente, deputados, senadores, seguranças da PF e carros para a filha Lurian do presidente em Florianópolis, dos filhos que moram em S. Paulo, aposentadorias milionárias, salário de mais de 25 mil para Meneguelli no SESI e Okamoto no SEBRAE. Não computei também um dia de trabalho todos os anos para sustentar a CUT do Luiz Marinho atual ministro da previdência, a CGT do Paulinho, atual deputado federal do PDT e todos os sindicatos de nababos e de fachada que proliferam pelo país.
Banânia acabou há muito tempo. Nossa indignação é inútil.
Creio eu que um país onde o povo é tido como cordato, festeiro e exímio no jeitinho, e isso é tido como a suprema virtude desse povo, esquecido de suas obrigações e com amnésia crônica de seus direitos, não tem futuro.
Nenhuma nação grande, avançada e com qualidade de vida chegou onde chegou sem luta, sem reivindicações honestas, sem trabalho duro.
Em nenhuma dessas nações, se reivindicou pensões e aposentadorias milionárias por ter lutado por uma causa. A suprema virtude foi a luta pela idéia, pela crença. Jamais a luta por um princípio pode ter um preço. Em Banânia tem. Aqueles que outrora eram os defensores de um país justo, livre e democrático (na idéia deles) são hoje os milionários pensionistas que tiram o dinheiros dos necessitados que defendiam então.
"Pessoalmente, acho lastimável essa história de nascer entre paisagens incultas e sob céus civilizados. Tenho uma estima bem medíocre pelo panorama brasileiro. Sou um mau cidadão, confesso. É que nasci em Minas, quando devera nascer em Paris. O meio em que vivo me é estranho: sou um exilado. SAbe de uma coisa? Acho o Brasil invecto." Carlos Drummond de Andrade (Carta de 22 de novembro de 1924 a Mário de Andrade)
Acho que isso diz tudo sobre Banânia.
Quando lemos Padre Vieira, vemos que Banânia sempre foi o que é.
Alguém tem uma solução para problemas seculares?

Getulio Jucá disse...

Sou solidário a vc L.A.S.
Lamento muitissimo...
Meu abraço de irmão!
Que bom pudessemos estar vivendo outros tempos.