Em recente decisão, a juíza Sirley Claus Prado Tonello, do Foro Regional de Pinheiros/SP, julgou improcedente denúncia apresentada por José Dirceu contra o jornalista da revista Veja Fábio Portella. Dirceu teria ficado ofendido com o texto "O Quadrilheiro no Banco Suíço" (abaixo, em leia mais), publicado em 10 de maio de 2006, na matéria "A tecla replay do mensalão".
Na decisão, a magistrada diz o que Dirceu já deve estar careca (sic) de ouvir, que certa dose de sarcasmo, peculiaridade do jornalismo crítico, não torna a matéria criminosa. (clique aqui para ler a decisão da juíza)
Fonte: Migalhas
O QUADRILHEIRO NO BANCO SUÍÇO
Por Fábio Portela – Revista Veja, edição 1955, de 10/05/06
Na próxima terça-feira, o ex-ministro José Dirceu desfrutará mais um episódio da dolce vita de que se tornou protagonista depois que deixou o governo. Ele será recebido com pompas na sede brasileira do Credit Suisse. O banco convidou seus "clientes especiais" para uma confraternização em torno do petista. É isso mesmo. Será um bate-papo íntimo com o chefe da quadrilha do mensalão. Segundo a direção do Credit, o objetivo é manter seus principais correntistas "atualizados e bem informados sobre o que se passa no Brasil". Eles se apressam em dizer que a presença da imprensa está vetada, claro. A reportagem de VEJA, por exemplo, não é bem-vinda. Em qualquer país sério, José Dirceu teria problemas até mesmo para abrir uma conta bancária – afinal, a quadrilha que ele chefiava roubou recursos públicos, fez caixa dois, falsificou documentos e praticou evasão de divisas. No Credit Suisse brasileiro, no entanto, o quadrilheiro-mor terá direito a tratamento vip. Para o banco, não há nenhum problema em associar sua imagem à de um político acusado de chefiar uma organização criminosa. É sintomático. A direção da instituição informa, candidamente, que "o mercado tem todo o interesse em ouvir José Dirceu". É arrepiante imaginar quais podem ser esses interesses.
Essa não é a primeira vez que o nome do Credit Suisse é associado a assuntos de natureza criminal. Em março, Peter Schaffner, gerente do escritório brasileiro de private banking do Credit Suisse, foi preso pela Polícia Federal. Ele tentava embarcar às pressas para a Suíça depois de descobrir que estava sendo investigado por suspeita de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e operações ilegais feitas em parceria com doleiros. As investigações ainda não foram concluídas, mas outros seis executivos do banco já tiveram o passaporte apreendido pela PF para evitar que também caíssem na tentação de desaparecer do país. Os problemas do Credit Suisse, no entanto, não ocorrem apenas em território brasileiro. Em sua sede, na Suíça, o banco também é acusado de receber dinheiro sujo remetido por gente da pior espécie. Entre seus clientes já estiveram os ditadores Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier, do Haiti, Ferdinand Marcos, das Filipinas, e Sani Abacha, da Nigéria, país que é considerado um dos mais corruptos do mundo. No meio de gente desse naipe, José Dirceu só poderia mesmo ser tratado como convidado de honra. Quem sabe não lhe dão até um cheque especial.
Por Fábio Portela – Revista Veja, edição 1955, de 10/05/06
Na próxima terça-feira, o ex-ministro José Dirceu desfrutará mais um episódio da dolce vita de que se tornou protagonista depois que deixou o governo. Ele será recebido com pompas na sede brasileira do Credit Suisse. O banco convidou seus "clientes especiais" para uma confraternização em torno do petista. É isso mesmo. Será um bate-papo íntimo com o chefe da quadrilha do mensalão. Segundo a direção do Credit, o objetivo é manter seus principais correntistas "atualizados e bem informados sobre o que se passa no Brasil". Eles se apressam em dizer que a presença da imprensa está vetada, claro. A reportagem de VEJA, por exemplo, não é bem-vinda. Em qualquer país sério, José Dirceu teria problemas até mesmo para abrir uma conta bancária – afinal, a quadrilha que ele chefiava roubou recursos públicos, fez caixa dois, falsificou documentos e praticou evasão de divisas. No Credit Suisse brasileiro, no entanto, o quadrilheiro-mor terá direito a tratamento vip. Para o banco, não há nenhum problema em associar sua imagem à de um político acusado de chefiar uma organização criminosa. É sintomático. A direção da instituição informa, candidamente, que "o mercado tem todo o interesse em ouvir José Dirceu". É arrepiante imaginar quais podem ser esses interesses.
Essa não é a primeira vez que o nome do Credit Suisse é associado a assuntos de natureza criminal. Em março, Peter Schaffner, gerente do escritório brasileiro de private banking do Credit Suisse, foi preso pela Polícia Federal. Ele tentava embarcar às pressas para a Suíça depois de descobrir que estava sendo investigado por suspeita de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e operações ilegais feitas em parceria com doleiros. As investigações ainda não foram concluídas, mas outros seis executivos do banco já tiveram o passaporte apreendido pela PF para evitar que também caíssem na tentação de desaparecer do país. Os problemas do Credit Suisse, no entanto, não ocorrem apenas em território brasileiro. Em sua sede, na Suíça, o banco também é acusado de receber dinheiro sujo remetido por gente da pior espécie. Entre seus clientes já estiveram os ditadores Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier, do Haiti, Ferdinand Marcos, das Filipinas, e Sani Abacha, da Nigéria, país que é considerado um dos mais corruptos do mundo. No meio de gente desse naipe, José Dirceu só poderia mesmo ser tratado como convidado de honra. Quem sabe não lhe dão até um cheque especial.
Um comentário:
Cadeia para este cidadão...É o que ele merece.
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