“Por trás do Urso de ouro vencido pelo filme brasileiro “Tropa de elite, de José Padilha, se vê o eterno conflito entre duas concepções do cinema: de uma parte, aqueles que pensa ser o filme principalmente um veículo de “conteúdos” mais ou menos comprometido; do outro, os que o vêem sobretudo como uma linguagem: O presidente do júri, o diretor Constantin Costa Gravas, milita no primeiro partido, como demonstra sua filmografia e, não é difícil intuir o quando sua autoridade tenha pesado na escolha no filme de José Padilha, que se refere a uma situação politicamente sensível (violência das forças da ordem e dos traficantes de drogas nas favelas do Rio de Janeiro) tal de provocar polêmicas em seu país de origem (autoridades policiais queriam proibir sua exibição), contudo não é nada mais que um filme muscular bastante equívoco”. Por Roberto Nepoti em la Reppublica (Itália)
Em 11/setembro/2007 a película ainda desconhecida, teve lugar no nosso blog antes mesmo de ter destaque nos outros veículos de comunicação e mesmo de ter sido, merecidamente premiado. O equívoco descrito pelo autor da critica acima fica por conta da falta de informação. Deve ser mesmo difícil de aceitar, sem uma ponta de inveja que o Brasil vende mais do que pornochanchadas, nus baratos, batucadas regadas a bundas. Somos mesmo artistas inatos! Não é engano, é a realidade retratada com competência e arte. Eu mantenho minha opinião de que quem mexe com arte não esta aqui pra passear. Arte é informação, cultura e formadora de opinião! Não se presta a ser peneira que tampa o sol. Contos de fada são realmente lindos e um bálsamo contra as dores da realidade. Esta claro que o cinema nacional vem crescendo e estamos galgando degraus, hoje já não são mais apenas nossas novelas de final feliz que fazem sucesso nas tvs por todo o mundo. Estamos nas telonas, exportamos atores, temos qualidade. E quem não gostou...morda o proprio cotovelo! Parabens Padilha e toda equipe de Tropa de Elite. (Leia abaixo o artigo de 11/09/2007)
(*) Charge de José Padilha
Tropa de Elite
O filme Tropa de Elite deveria estrelar no cinema este mês, mas depois dos acidentes de filmagem (roubo da van com as armas cenográficas), e a impossibilidade do diretor José Padilha de fazer um documentário (os policiais sinceros temeram retaliações) foi PROIBIDO. Você pode estar rindo da expressão “policial sincero”, mas é o que o filme retrata. Com um elenco invejável, uma direção primorosa e a realidade contada de uma forma honesta. Quando a polícia não é a polícia, o bandido não é o bandido, a milícia é sabida, o caixa da prostituição e do tráfico é disputado pelas altas patentes da polícia. Tem policial honesto e com ideais de justiça, tem a pressão que se passa para fazer parte de uma “tropa de elite”, policial abalado emocionalmente, sensível ao nascimento de um filho. O filme não retrata somente o lado corrupto, este nós já estamos cansados de ver nos jornais escritos e televisionados. Trata do lado humano da polícia, sem panos quentes, tem corrupção, violência, vista grossa, mas também é feita de gente, não só de animais. Em uma cena onde o BOPE é chamado para socorrer um “batalhão normal” da PM a frase dita pelo PM alusiva à caveira com uma faca na cabeça que estampa os carros e fardas do BOPE: “ faca na cabeça e nada na carteira”. Fala sobre os filhos da classe média, as “crianças” nas faculdades particulares, e caras, traficando como gente grande. E vale lembrar que, na vida real, quando a corda arrebenta os pais vão aos noticiários da TV defender seus rebentos como “crianças querendo se divertir”. O BOPE entrou como uma ação pedindo a proibição e indenização pela imagem exposta do batalhão no filme. Processar por que, existe mentira nas formas de tortura mostradas? É mentira a corrupção noticiada diariamente em todos os jornais? O Rio de Janeiro é um mar de rosas e não existe violência tampouco prostituição e tráfico? Os policiais que são selecionados para pelotões especiais são convocados em casa, formalmente e vão para um spa relaxar antes do trabalho? A população conhece de cor os refrões cantados pela tropa, coisa amena, do tipo “Homem de preto/ o que é que você faz?/ Faço coisas/ que assustam Satanás.” Ou ainda: “Eu sou do BOPE/ sou treinado para matar.” Nada contra afinal cada um canta o que quer e gosta, mas é hipocrisia tentar calar um filme que retrata a realidade, até que de forma mais branda, já que na película morrem bandidos e afins, a comunidade é poupada. Aliás, caso as incursões fossem como as relatadas no filme, o Complexo do Alemão teria sido menos desastroso. Ah, deve ser pela imagem mostrada do Estado e do País, ficou feio? Neste país de onde não existem corruptos, onde não se vendem a vista grossa o filme é ficção perigosa. Francamente! Visto de perto o filme é algo como aqueles compactos coloridos de historinhas, que quem tem em torno de 35 anos, lembra bem. Um relato real. Se o filme está proibido pela violência, vamos rever este valor também. Todos assistimos inúmeros Rambos e Exterminadores, policiais enlatados com violência de sobra, estratégias policiais contadas, até porque se já são sabidas está na hora de mudar porque bandido também vai ao cinema. E quanto a algumas estratégias do BOPE, o narcotráfico está careca de saber, aliais como fica claro no filme. As que não foram contadas é porque são secretas de verdade. De qualquer forma, depois desta exposição, fica a pergunta que não quer calar, a quem interessa a proibição e por quê? A população conhece as atrocidades, melhor que ninguém, diga-se de passagem. Fica parecendo que a proposta é lesar, para não dizer coisa pior, quem tem compromisso com a verdade. O prejuízo pela não apresentação do filme é enorme. Vale então o refrão cantado pelo pelotão nos treinamentos “tropa de elite osso duro de roer, pega um, pega geral, também vai pegar você”? Pegou Padilha! A arte não é e não pode ser encarada como ópio. Ela é informativa, mesmo quando é divertida e até quando retrata a violência. Ou então estaremos concordando com a velha instituição do futebol e do carnaval para manter o povo calmo e sob controle. Afinal nós somos a força e temos o poder de mudar quando quisermos. Não estamos à venda pelo preço do assistencialismo barato. Longe das armas temos em nossa voz e em nosso voto (por incrível que pareça) todos os poderosos. Assim é a democracia. Queremos o direito de assistir o que bem quisermos na telona, nos palcos e na telinha. Ou será que o “companheiro Chavez” está fazendo escola?
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