26 de fev. de 2008

Até tu, Abi?

O deputado federal do PT de MT Carlos Abicalil (foto), Abi para os íntimos, aquele que ficou nacionalmente conhecido como “cão fiel do PT”, quem diria!, primeiro apareceu suas estranhas ligações com Waldebran Padilha, aquele da gangue do dossiê, depois uma estranha conta poupança com saldo suficiente para comprar um avião, agora apareceu sua suspeita ligação com uma organização não governamental que vive às custas do governo. Veja abaixo a matéria publicada pelo Correio Brasiliense:

Convênios sob suspeita
Por Marcelo Rocha

O impasse entre base aliada e oposição paralisou a CPI das ONGs. Não se votam pedidos de quebra de sigilo bancário ou convocação de representantes de entidades suspeitas de cometer irregularidades no uso do dinheiro público. Longe dos holofotes, porém, os técnicos da comissão seguem na garimpagem. E têm feito descobertas que exigem aprofundamento da investigação. A mais nova coloca um político da base aliada na linha de fogo: o deputado Carlos Abicalil (PT-MT).

Pessoas ligadas ao petista aparecem vinculadas a uma organização não-governamental do Mato Grosso, base eleitoral do parlamentar. Trata-se do Instituto de Apoio ao Desenvolvimento Humano e do Meio Ambiente. Ou apenas Instituto Trópicos, seu nome fantasia. A entidade recebeu verbas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), ligada ao Ministério da Saúde, e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). No total, foi beneficiada com cerca de R$ 13 milhões entre 2001 e 2004.
De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), o instituto se encontra na situação de inadimplente com o governo federal. São quatro convênios firmados com a União — três com a Funasa e um com a Superintendência Estadual do Incra em Mato Grosso — que envolvem mais de R$ 9,4 milhões. A ONG não deu satisfação do que fez com parte do dinheiro recebido.
Ao rastrear os CPFs dos responsáveis por esses convênios na Receita Federal, chega-se a um dos homens de confiança de Carlos Abicalil: Wilmar Schrader, comandante do escritório político do deputado em Cuiabá. Sob os cuidados de Schrader, o Instituto Trópicos firmou três convênios com a Funasa para cuidar da saúde de comunidades indígenas do Mato Grosso. Esses três contratos estão inadimplentes, segundo os dados enviados pela CGU aos técnicos da CPI.
O chefe de gabinete de Abicalil foi responsável pela ONG criada em 1996 até 2002, quando o petista se elegeu para uma vaga na Câmara dos Deputados. Advogado, Schrader se desligou da entidade e passou, depois, a cuidar dos interesses parlamentares do congressista em Cuiabá.
O assessor de Abicalil é ligado ao PT mato-grossense — é integrante da Comissão de Ética do partido no estado para as eleições municipais deste ano. Em 2006, ano em que o deputado conseguiu se reeleger para mais quatro anos no Congresso, Schrader doou ao parlamentar R$ 928.
Cadastro
Apesar da condição de inadimplente apontada pela CGU, o Instituto Trópicos ainda faz parte do cadastro de entidades de interesse público do Ministério da Justiça. Além de endereço em Cuiabá, consta no banco de dados um número de telefone. A reportagem do Correio ligou, mas atendeu um funcionário de uma empresa de informática. Não foi encontrado outro número de contato.
Na sexta-feira, o Correio procurou a assessoria de Carlos Abicalil em Brasília e no Mato Grosso. A informação é a de que ele estaria no interior do estado. A reportagem voltou a ligar no sábado e ontem, mas não houve retorno. Wilmar Schrader também foi procurado, por telefone, no escritório e em casa. Não houve, porém, retorno aos recados deixados com colegas de trabalho e familiares.
Após a saída de Schrader da ONG quem ficou como responsável é também ligada ao PT: Cláudia Maria Calorio, cuiabana, mas filiada ao diretório regional do partido em Brasília. Cláudia desempenha atualmente função comissionada (DAS-4) no Ministério do Meio Ambiente.
Localizada ontem, Cláudia afirmou de início que não se recordava do período exato em que respondeu pelo instituto. “Faz muito tempo. Acho que foi de 1999 a 2001”, afirmou. A informação de que seu CPF constava de convênio firmado pelo Trópicos com o MDA em 2003 refrescou-lhe a memória. “Nós devolvemos o dinheiro (R$ 100 mil) deste convênio porque não conseguimos realizá-lo”, explicou. Ela desconhecia, porém, a informação da CGU sobre a existência de tomada especial de contas para apurar a regularidade do processo. Apesar de conhecer Carlos Abicalil e Wilmar Schrader, com quem militou pela criação do instituto, Cláudia negou ligação da entidade com o PT.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adriana
Só no Brasil mesmo, onde ONG (organização não governamental) só sobrevive às custas de dinehiro governamental.

Anônimo disse...

Adriana, Certíssimo o anônimo um. O título, o registro do estatuto já afastaria o delito da prebenda oficial. É só conferir - o Ministério Público tem que requisitar os estádios de futebol - é muita gente. Não tem que esperar CPI, o MP é órgão (felizmente, potente, não é impotente nem estéril) de promoção e o grande autor de inseminação artifical do Poder Judiciário (a Mulher que só vive sentada e não faz sequer crochê). Tudo, evidente, com a colaboração da zelosa Polícia Federal (não se fale em grupos, a corporação sabe unir os seus). O MP tem que agir rápido, muito rápido (mesmo com alguns infiltrados, como a imprensa falava do algoz de ACM), é o último e único refúgio da Lei (o resto é fantasia - em conversa educada fica tudo desacreditado). Ele integra o grupo que saiu com o abastecedor do mensalão para conseguir uma falsa lista - parece que foi esse fato, dos que choram, gritam e sempre usando comissões, favores e cartões. É a ética da corrupção privativa? Olha, fez na ONG, faz um cento. O caso do Procurador não é suspeito, é algo que foi adredemente feito. O Procurador não tomou as dores em lugar nenhum, só no nosso MT? Confira qual o PAC - como tem violações apontadas pelo TCU e MP - que a União foi tão extremamente zelosa? Ora, só do doador da campanha do indicador. O País não depende de "ficha" e QI? Até o erro republicano vai tirar licença (ou férias).