12 de fev. de 2008

Interpretação de interesse

"A cobertura da imprensa está equivocada", avisou o ministro Tarso Genro. "O governo Lula deveria estar sendo elogiado, porque deu transparência aos gastos". Para descobrir a farra dos cartões corporativos, é verdade, a imprensa pôde dispensar-se de complicadas investigações: bastaram os cinco ou seis cliques no computador que conduzem ao Portal da Transparência, alojado no site da Controladoria-Geral da União.
Lá estavam os nomes dos malfeitores, as delinqüências de cada um, a quantia expropriada e o local do crime. Os jornalistas apenas fizeram as contas, constataram que a gastança com dinheiro de plástico alcançara proporções assombrosas e repassaram ao país as informações reunidas (e expostas à visitação pública) num endereço eletrônico federal. Sem as apurações feitas pelo governo, o Brasil não seria apresentado neste janeiro a um escândalo em que o governo está metido até o pescoço.
Facilitar a descoberta de um crime não torna menos culpados seus autores, nem inocenta quem contribuiu, por ação ou omissão, para a consumação do delito. A Al Qaeda, por exemplo, não se limita a identificar os autores das barbaridades promovidas pela organização. Também distribui vídeos que mostram homens-bombas felizes com a explosão iminente ou o seqüestrado no momento da degola. Osama bin Laden (foto) é muito transparente. Palmas para ele, ministro.

Por Augusto Nunes

3 comentários:

ma gu disse...

Alô, Giulio.

Augusto tascou uma comparação incrívelmente boa. O ministro é branco mas, em função dos seguidos anos de mentiras, perdeu há muito a capacidade de ficar vermelho. Hoje, vermelho só por dentro, consegue falar atrocidades maiores que seu chefe e continuar impávido colosso.

Anônimo disse...

O Bin Laden pode não gostar da interpretação do governo nosso e publicar na Al Jazeera que diferentemente dos petistas ele não é ladrão; só explode alguma coisa ocasionalmente, e que nas plagas dele, ladrões são justiçados imediatamente, o que não parece ser do entendimento do nosso governo.

ma gu disse...

Alô, Giulio.

Marreta lembrou uma coisa importante. Eu fiquei imaginando como seria um governo de manetas...