7 de fev. de 2008

Lula, o dono do Brasil

Não é a primeira vez que acontece em nossa história republicana. Por tratar-se do primeiro presidente de uma República de papel, Deodoro da Fonseca resolveu fazer o que não podia, isto é, dissolver a Câmara dos Deputados. Depois, por ficar quinze anos no poder, em seu primeiro governo, Getúlio Vargas até criou o Estado Novo, muitas vezes confundido com ele mesmo.
Apesar disso, existiam limites. Deodoro renunciou, mandando chamar "o funcionário que deveria substituí-lo". Getúlio Vargas, conta um de seus ajudantes-de-ordem, o coronel Ítalo Fitipaldi, que toda semana tirava de sua carteira algumas notas de cruzeiros e mandava comprar no armazém da esquina um litro de uísque escocês. Nos fins de tarde, no Palácio do Catete, oferecia uma dose aos auxiliares e amigos mais chegados, mas guardava avaramente a garrafa num pequeno armário em seu gabinete, cuja chave sempre trazia numa corrente atada na cintura.

Mesmo no período militar, os generais-presidentes exerciam o poder em sua plenitude, acima e além da lei, mas, justiça se faça, não tiravam vantagens pessoais do Estado. Se não pobres, nenhum deles morreu rico.
As coisas mudaram com Fernando Henrique Cardoso e continuaram mudando com Luiz Inácio Lula da Silva. O público misturou-se com o particular, para esses dois presidentes.
Melhor exemplo não há do que os cartões de crédito corporativos. FHC e Lula, até seus parentes e, num sistema de cascata, quantos detêm maiores ou menores parcelas de poder, transformaram a coisa pública em coisa privada. Despesas pessoais de toda ordem são custeadas pelo tesouro nacional.
Praticou um, e pratica o outro, o raciocínio de caber ao Estado servi-los em todas as necessidades, quando deveria ser o contrário: eles é que foram ou são servidores do Estado.
Fernando Henrique contratou até uma chefe de cozinha para preparar-lhe os pratos mais sofisticados. Dona Marisa bem que dispensou a prestadora de serviços culinários pessoais, mas o marido, em compensação, estendeu a 11.510 servidores públicos as facilidades do uso de recursos do Tesouro Nacional para gastos particulares. Por certo que tudo sob o pretexto de facilitar a prestação de contas e de tornar transparentes as despesas públicas, mas, no fim, o resultado é o mesmo. Prevalecem as despesas privadas, até com a retirada de dinheiro vivo das máquinas eletrônicas.
O governo só tem uma saída para livrar-se dos efeitos dessa desastrada confusão, para não usar palavras mais duras: um decreto do presidente da República extinguindo em definitivo os cartões de crédito corporativos.

Por Carlos Chagas

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Giulio, O Chagas, boa pena, faz pena. Devia parar! Depois de relatar o elenco de violações, em lugar de sugerir o afastamento do responsável geral, sugere um Decreto. Extinguir! E os delitos? A Polícia Federal vai fazer inquérito para cada servidor (é da rotina da nossa força policial civil). O MP vai denunciar todos. Deve entrar com ação popular (tem que devolver tudo, anular tudo). Tem a pena dos delitos, se o Judiciário decidir cumprir a lei. No caso do rapaz dos Esportes, já tem prova sobrando (melhor procurar dos outros e assim vai). É desrespeito ao leitor, fazendo todo mundo de idiota.

Anônimo disse...

Eu só senti ontem que minha câmara fotográficaestava quebrada (não tive temo de comprar outra com o cartão corporativo) para fotografara Dilma, enquanto silabava com seu ar autoritário de laranja indo para a forca prendendo os dois dedos num gesto de mandar toda a nação ir tomar no c... Nossa candidata!