Minha relação com o Amapá não é recente, começou na década de 70, quando aquele torrão, ainda, era um território federal governado pelo comandante Ivanhoé Gonçalves.
Antes disso, em 1968, fundei e fui o primeiro presidente da Ala dos Estudantes da Portela, que é uma das mais importantes alas da Escola.
Essas duas informações são necessárias para demonstrar o interesse que despertou neste escriba o fato da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis escolher a cidade de Macapá, como enredo do Carnaval de 2008.
Mesmo tendo que aturar a superficialidade das informações dos apresentadores e comentaristas da Rede Globo decidi ver Macapá passar na Marques de Sapucaí.
Logo no começo do desfile o comentarista Haroldo Costa se saiu com um comentário inusitado sobre o desfile da Beija-Flor:
- Assim como a Beija-Flor botou Nilópolis no mapa, tá botando agora o Amapá. É uma revelação de uma cultura desconhecida e um desfile que dá vontade de ir pra lá e dá vontade que esse desfile não acabe.O Amapá fica tão distante como Marte.
Com oito carros alegóricos, 29 alas e 4.000 pessoas a escola de Nilópolis cometeu algumas barbaridades, sem que os comentaristas da Rede Globo fizessem as devidas correções. Afinal eles estão ali para comentar o desfile e não para fazer um puxa-saquismo irritante.
A Beija-Flor acabou contando uma história truncada de Macapá, que completou 250 anos nesta segunda-feira (4), com o enredo “Macapaba: equinócio solar, viagens fantásticas do meio do mundo”.
A falha mais gritante do enredo foi à falta de informação de um dos principais atrativos de Macapá. Ela é a única capital da região Norte banhada pelo rio Amazonas e a única que não tem ligação rodoviária com o resto do país. Ou você chega a Macapá navegando ou então de avião.
O rio Amazonas foi ignorado no enredo, uma falha que pode tirar pontos da escola no quesito enredo, caso os jurados conheçam um pouco da história do que julgaram.
Além disso, o enredo desconheceu o arquipélago do Bailique, distrito de Macapá, uma das principais atrações turísticas da cidade.
Outras atrações relevantes da cidade, como Trapiche Eliezer Levy, a Fazendinha, o estádio Zerão, cujo uma metade do campo está no hemisfério norte e a outra no sul, o Museu Sacaca, o único a céu aberto do país e que guarda todos os segredos da medicina popular adquirida dos povos indígenas, o quilombo do Curiaú, o único localizado em uma capital brasileira, e o Sambódromo, inaugurado em 1996 com a presença do Neguinho da Beija-Flor, puxador de samba enredo da escola, assim como o fato de Macapá ter dezenas de escolas de samba, uma tradição trazida pelos militares cariocas que serviram na região na década de 40.
Além disso, o enredo passou batido em uma informação de grande valia. Em momento algum, citou a fortaleza da população negra de Macapá, que em 1862, quando a população de Macapá era de 2.780 habitantes, os negros escravos somavam 722, cerca de 25%. A comunidade negra sempre contribuiu para a formação cultural, econômica, social e política do Amapá. O quilombo do Curiaú e o bairro do Laguinho, onde está o Centro de Cultura Negra são exemplos dessa contribuição que deixou como herança o marabaixo, um ritmo africano, que só é cultuado no Amapá, sempre acompanhado de muita gengibirra, uma bebida que guarda todas as tradições africanas.
Outro dado importante omitido é que de Macapá as pessoas avistam do outro lado do rio Amazonas o estado do Pará.
A informação mais desastrada do enredo é a que foi fornecida pela escola a imprensa e que foi divulgada por quase todos os meios de comunicação, que não checaram a informação e acabaram vendendo gato por lebre. Veja o que diz o portal G1, da Rede Globo:
- Na seqüência do abre-alas, uma ala formada por componentes com fantasias diferentes mostrou a pororoca, o encontro das águas dos rios Negro e Solimões.
Qualquer jornalista bem informado sabe que as águas negras do rio Negro se encontram com as águas barrentas do rio Solimões no estado do Amazonas. O que é uma das principais atrações turísticas de Manaus.
O enredo foi mal desenvolvido, talvez por falta de uma assessoria histórica mais eficiente, que deveria ter sido fornecida pelo poder público municipal e estadual.
De resto foi um desfile como outro qualquer de escola de samba, com muito brilho, luxo e mulheres bonitas. Um belo espetáculo de desinformação sobre o tema Macapá.
Uma pena. Mas como tudo acaba em samba, quem sabe a escola não emplaque mais um campeonato.
- Assim como a Beija-Flor botou Nilópolis no mapa, tá botando agora o Amapá. É uma revelação de uma cultura desconhecida e um desfile que dá vontade de ir pra lá e dá vontade que esse desfile não acabe.O Amapá fica tão distante como Marte.
Com oito carros alegóricos, 29 alas e 4.000 pessoas a escola de Nilópolis cometeu algumas barbaridades, sem que os comentaristas da Rede Globo fizessem as devidas correções. Afinal eles estão ali para comentar o desfile e não para fazer um puxa-saquismo irritante.
A Beija-Flor acabou contando uma história truncada de Macapá, que completou 250 anos nesta segunda-feira (4), com o enredo “Macapaba: equinócio solar, viagens fantásticas do meio do mundo”.
A falha mais gritante do enredo foi à falta de informação de um dos principais atrativos de Macapá. Ela é a única capital da região Norte banhada pelo rio Amazonas e a única que não tem ligação rodoviária com o resto do país. Ou você chega a Macapá navegando ou então de avião.
O rio Amazonas foi ignorado no enredo, uma falha que pode tirar pontos da escola no quesito enredo, caso os jurados conheçam um pouco da história do que julgaram.
Além disso, o enredo desconheceu o arquipélago do Bailique, distrito de Macapá, uma das principais atrações turísticas da cidade.
Outras atrações relevantes da cidade, como Trapiche Eliezer Levy, a Fazendinha, o estádio Zerão, cujo uma metade do campo está no hemisfério norte e a outra no sul, o Museu Sacaca, o único a céu aberto do país e que guarda todos os segredos da medicina popular adquirida dos povos indígenas, o quilombo do Curiaú, o único localizado em uma capital brasileira, e o Sambódromo, inaugurado em 1996 com a presença do Neguinho da Beija-Flor, puxador de samba enredo da escola, assim como o fato de Macapá ter dezenas de escolas de samba, uma tradição trazida pelos militares cariocas que serviram na região na década de 40.
Além disso, o enredo passou batido em uma informação de grande valia. Em momento algum, citou a fortaleza da população negra de Macapá, que em 1862, quando a população de Macapá era de 2.780 habitantes, os negros escravos somavam 722, cerca de 25%. A comunidade negra sempre contribuiu para a formação cultural, econômica, social e política do Amapá. O quilombo do Curiaú e o bairro do Laguinho, onde está o Centro de Cultura Negra são exemplos dessa contribuição que deixou como herança o marabaixo, um ritmo africano, que só é cultuado no Amapá, sempre acompanhado de muita gengibirra, uma bebida que guarda todas as tradições africanas.
Outro dado importante omitido é que de Macapá as pessoas avistam do outro lado do rio Amazonas o estado do Pará.
A informação mais desastrada do enredo é a que foi fornecida pela escola a imprensa e que foi divulgada por quase todos os meios de comunicação, que não checaram a informação e acabaram vendendo gato por lebre. Veja o que diz o portal G1, da Rede Globo:
- Na seqüência do abre-alas, uma ala formada por componentes com fantasias diferentes mostrou a pororoca, o encontro das águas dos rios Negro e Solimões.
Qualquer jornalista bem informado sabe que as águas negras do rio Negro se encontram com as águas barrentas do rio Solimões no estado do Amazonas. O que é uma das principais atrações turísticas de Manaus.
O enredo foi mal desenvolvido, talvez por falta de uma assessoria histórica mais eficiente, que deveria ter sido fornecida pelo poder público municipal e estadual.
De resto foi um desfile como outro qualquer de escola de samba, com muito brilho, luxo e mulheres bonitas. Um belo espetáculo de desinformação sobre o tema Macapá.
Uma pena. Mas como tudo acaba em samba, quem sabe a escola não emplaque mais um campeonato.
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