O governo até agora só conseguiu criar um novo crime. A venda de álcool nas estradas.
Por Ralph J. Hofmann
É inexplicável como o governo regularmente consegue enfiar os pés pelas mãos ao emitir Medidas Provisórias ao bel prazer de um presidente avesso às pesquisas e ao exame profundo de questões além de uma claque que só consegue porejar absoluta e canina admiração pelos seus achados e descobertas.
A medida da proibição da venda de álcool é um destes casos. Obtendo uma pífia, e talvez temporária e maquiada redução de mortes nas auto-estradas temos um novo factóide. O governo salvou mais uma vez o país. Reduziu a mortandade.
Há muitos anos, quando eu andava de calças curtas, e antes de existirem radares para a detecção de velocidade fui à praia com um parente distante. No caminho da praia havia certos postos em que você se detinha, o policial lhe entregava um cartão dando a hora em que passara pelo posto de fiscalização e lhe avisava que o limite para aquele trecho era de, digamos, 60 km. Sessenta ou mais quilômetros adiante você parava em um novo posto, entregava o cartão, e se estivesse cedo demais para a velocidade autorizada era multado.
Meu parente tinha um carro importado do ano, e não concebia se sujeitar a andar em baixas velocidades. Então dirigia, não em velocidades que hoje preocupariam alguém, mas velocidades congruentes com as estradas da época, certamente muito acima da autorizada.
Já vinha programado. A certa altura parávamos, espreguiçávamos as pernas, entravamos numa birosca, comprávamos pão de aipim e milho, mortadela e queijo rústico para a noite, comíamos um sonho e nos colocávamos na estrada novamente. Chegávamos no posto policial dentro do período adequado.
O que as autoridades deviam fazer? Proibir a existência de bares e restaurantes à beira das rodovias? Isto teria penalizado os comerciantes e os viajantes inocentes. Portanto com o passar dos anos, com a disponibilidade de carros nacionais, as rodovias passaram a ser patrulhadas, mesmo que, na época, sem radares. Nada substitui o policiamento.
E assim o é no mundo inteiro. É claro que no mundo inteiro as auto-estradas, freeways, são construídas em lugares onde não há ainda estabelecimentos comerciais à beira da estrada, pois a estrada segue um projeto completamente novo. Você pode viajar de Miami nos Estados Unidos a Toronto no Canadá por freeways se,m encontrar um estabelecimento comercial. Apenas paradouros ocasionais com mesas de piquenique e banheiros públicos. Para comer ou beber terá de sair da estrada fazer suas compras ou refeições, e voltar para a estrada.
Ao viajar pelas estradas você vislumbra Shopping Centers e Hipermercados nas localidades pelas quais você está passando. Pega a próxima saída e compra o que quiser. Consome o que quiser, 30 ou 100 metros da auto-estrada.
De resto em estradas comuns, antigas, estradas que surgiram historicamente interligando cidades, o comércio às margens da via é normal.
Os Shopping Centers, normalmente são planejados para serem à margem destas rodovias. Normalmente são acessados e acessam anéis rodoviários em torno de uma cidade, ou então estão colocados perto de rampas de acesso ou saída das auto-estradas. Isto não é para vender mais álcool. É simplesmente para enxugar o tráfego no miolo das cidades. A pessoa sai de casa, pega uma via radial até a perimetral e eventualmente chega ao Shopping Center sem cruzar com tráfego pesado.
O mesmo conceito tende a nortear a escolha de localização pelos comerciantes brasileiros. E para tanto, exceto nas poucas estradas que podem ser caracterizadas como freeways, há acessos aos Shoppings para quem veio pela estrada.
Então se o Shopping não pode vender bebidas nos seus supermercados, não pode ter cerveja na sua praça de alimentação desde que tenha este acesso que fará com que o que o cliente tenha de entrar no fluxo de tráfego da cidade para se abastecer das suas compras normais, inclusive bebidas de qualquer espécie. Isto evidentemente transfere algum risco de acidente para o tráfego metropolitano já tão conturbado.
Considerando que noventa porcento da clientela provavelmente seja de compradores locais, e mesmo noventa porcento dos usuários da auto-estrada não bebam álcool em viagem a medida do governo é inócua. Aquelas Pessoas que não se disciplinam vão passar a trocar informações do tipo: “Olha, no km 200 da BR-101 em Santa Catarina você pega a direita no Posto Texaco e 100 metros para dentro tem um cara que tira um baita chopp”.
E o coitado do dono de churrascaria de beira de estrada perde a clientela e fecha. Ou fecha o acesso pela estrada. Os clientes passarão a deixar a estrada alguns quilômetros antes e pronto. O governo nada poderá fazer.
A única solução seria maior número de patrulhas com bafômetros. Mas isto não dá IBOPE.
O governo até agora só conseguiu cria um novo crime. A venda de álcool nas estradas.
Meu parente tinha um carro importado do ano, e não concebia se sujeitar a andar em baixas velocidades. Então dirigia, não em velocidades que hoje preocupariam alguém, mas velocidades congruentes com as estradas da época, certamente muito acima da autorizada.
Já vinha programado. A certa altura parávamos, espreguiçávamos as pernas, entravamos numa birosca, comprávamos pão de aipim e milho, mortadela e queijo rústico para a noite, comíamos um sonho e nos colocávamos na estrada novamente. Chegávamos no posto policial dentro do período adequado.
O que as autoridades deviam fazer? Proibir a existência de bares e restaurantes à beira das rodovias? Isto teria penalizado os comerciantes e os viajantes inocentes. Portanto com o passar dos anos, com a disponibilidade de carros nacionais, as rodovias passaram a ser patrulhadas, mesmo que, na época, sem radares. Nada substitui o policiamento.
E assim o é no mundo inteiro. É claro que no mundo inteiro as auto-estradas, freeways, são construídas em lugares onde não há ainda estabelecimentos comerciais à beira da estrada, pois a estrada segue um projeto completamente novo. Você pode viajar de Miami nos Estados Unidos a Toronto no Canadá por freeways se,m encontrar um estabelecimento comercial. Apenas paradouros ocasionais com mesas de piquenique e banheiros públicos. Para comer ou beber terá de sair da estrada fazer suas compras ou refeições, e voltar para a estrada.
Ao viajar pelas estradas você vislumbra Shopping Centers e Hipermercados nas localidades pelas quais você está passando. Pega a próxima saída e compra o que quiser. Consome o que quiser, 30 ou 100 metros da auto-estrada.
De resto em estradas comuns, antigas, estradas que surgiram historicamente interligando cidades, o comércio às margens da via é normal.
Os Shopping Centers, normalmente são planejados para serem à margem destas rodovias. Normalmente são acessados e acessam anéis rodoviários em torno de uma cidade, ou então estão colocados perto de rampas de acesso ou saída das auto-estradas. Isto não é para vender mais álcool. É simplesmente para enxugar o tráfego no miolo das cidades. A pessoa sai de casa, pega uma via radial até a perimetral e eventualmente chega ao Shopping Center sem cruzar com tráfego pesado.
O mesmo conceito tende a nortear a escolha de localização pelos comerciantes brasileiros. E para tanto, exceto nas poucas estradas que podem ser caracterizadas como freeways, há acessos aos Shoppings para quem veio pela estrada.
Então se o Shopping não pode vender bebidas nos seus supermercados, não pode ter cerveja na sua praça de alimentação desde que tenha este acesso que fará com que o que o cliente tenha de entrar no fluxo de tráfego da cidade para se abastecer das suas compras normais, inclusive bebidas de qualquer espécie. Isto evidentemente transfere algum risco de acidente para o tráfego metropolitano já tão conturbado.
Considerando que noventa porcento da clientela provavelmente seja de compradores locais, e mesmo noventa porcento dos usuários da auto-estrada não bebam álcool em viagem a medida do governo é inócua. Aquelas Pessoas que não se disciplinam vão passar a trocar informações do tipo: “Olha, no km 200 da BR-101 em Santa Catarina você pega a direita no Posto Texaco e 100 metros para dentro tem um cara que tira um baita chopp”.
E o coitado do dono de churrascaria de beira de estrada perde a clientela e fecha. Ou fecha o acesso pela estrada. Os clientes passarão a deixar a estrada alguns quilômetros antes e pronto. O governo nada poderá fazer.
A única solução seria maior número de patrulhas com bafômetros. Mas isto não dá IBOPE.
O governo até agora só conseguiu cria um novo crime. A venda de álcool nas estradas.
Um comentário:
Ele só proibiu a venda de álcool nas estradas por não dirigir...hehe.
Postar um comentário