13 de fev. de 2008

O abraço do afogado

O governo Lula busca, mais uma vez, os tucanos como bóia de salvação. Fechou um acordo com o PSDB e topou uma CPI mista dos Cartões Corporativos, com deputados e senadores. O governo não tinha outra saída. A CPI tornou-se inevitável.
Conseguiu, pelo menos, garantir a investigação de gastos desde 1998, englobando cinco anos do tucanato. Agora, o Palácio do Planalto espera conviver com uma comissão mais bem comportada. Não quer repetir os erros da CPI dos Correios, na qual a oposição fez e aconteceu. A próxima missão será garantir maioria na CPI dos Cartões Corporativos, de preferência reservando para partidos governistas a presidência e a relatoria da comissão. Aí, se quiser e suportar o desgaste político, os trabalhos da comissão seguirão o ritmo desejado pelo Palácio do Planalto.
Mas há um preço a pagar. O governo terá de pagar as promessas feitas a sua base aliada, com a distribuição de cargos e verbas. Não por outro motivo os articuladores políticos de Lula ganharam sinal verde do chefe para apressar as nomeações do setor elétrico. O PMDB agradece. E deve retribuir no Congresso.
O governo buscou um entendimento com o PSDB por ainda acreditar ser possível um relacionamento civilizado com o partido do ex-presidente FHC. Daí que emissários do Palácio do Planalto procuraram gente da cúpula tucana em busca de um acordo para criar uma CPI civilizada, que não avançaria em detalhes dos gastos presidenciais de Lula e de FHC. O problema desse tipo de entendimento são os fatos. Numa CPI, a qualquer momento pode surgir algo que seja impossível abafar. Uma "besteira" qualquer, como diz um tucano, pode tornar a vida do governo um inferno.

Por Valdo Cruz

Nenhum comentário: