1 de fev. de 2008

O chamego de Lula pelas elites

Por Chico Bruno

Duas operações empresariais envolvem pessoalmente o presidente Lula. Uma é a compra da belga Xstrata pela Vale e a outra a da Br T pela OI.
Sobre a primeira, pesa a inacreditável inabilidade do presidente Lula em se deixar ser recepcionado com um jantar na residência de Roger Agnelli, presidente da Vale, no Rio de Janeiro, justo porque para viabilizar a compra, Agnelli precisa do aval político de Lula, haja vista, que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e fundos de pensão têm participação na companhia.
Sobre a segunda, pesa a necessidade de um decreto presidencial para que a operação não seja feita ao arrepio da lei.
O mais incrível é que as duas operações, ainda, não receberam a benção do presidente Lula, devido ao esforço da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) em abortar as duas operações.
No caso da Vale - Xstrata, Dilma teme que a operação seja o primeiro passo de uma etapa para que o controle da maior empresa privada brasileira venha no futuro a ficar em poder de estrangeiros. Atormenta a ministra o exemplo da cervejaria Ambev, hoje em poder de um grupo belga.
No caso da OI - Br T, a ministra receia que com a compra seja instalado um quase monopólio privado na área de telefonia fixa, pois com a aquisição da Br T, a OI só não irá operar no estado de São Paulo. Além disso, o precedente da operação entre a OI (antiga Telemar) e o filho do presidente é o outro incômodo. Por isso, Dilma ficou tiririca da vida, essa semana, com o açodamento do ministro Hélio Costa (Comunicações), um dos entusiastas da fusão, em acelerar a operação.
Aliás, Lula anda muito benevolente com alguns segmentos empresariais, incluindo-se entre eles a indústria do ferro gusa, uma das responsáveis pelo desmatamento da Amazônia, que no país é capitaneada justamente por Roger Agnelli, anfitrião de Lula, e pelo empresário Eike Batista, o homem mais rico do país, segundo a revista Exame, depois da venda de parte de suas guseiras, localizadas em Minas Gerais e no Amapá, para a multinacional Anglo.
No caso particular das guseiras, não é só o presidente Lula que blinda esse segmento industrial, é todo o seu governo, inclusive a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) que acusa a soja e a pecuária como os principais responsáveis pelo desmatamento da Amazônia, mas não inclui em seu discurso os guseiros, que utilizam o carvão vegetal, obtido da queima de toneladas de árvores abatidas irregularmente, para a produção de ferro gusa.
O chamego de Lula com as elites empresariais é tamanho, que nesta quarta-feira, 30, ele saiu em defesa do agronegócio e da pecuária com o tosco exemplo de que o desmatamento da Amazônia se assemelha a um “tumorzinho” que não pode ser diagnosticado antes da biopsia.

Um comentário:

Getulio Jucá disse...

Ele tá preparando a aposentadoria dele e do filho.