6 de fev. de 2008

Cartão corporativo

Por Plínio Zabeu

Há mais de um ano que assistimos pela Internet às seguidas denúncias de excesso de gastos de setores do Governo Federal com o uso dos cartões de forma totalmente liberada. Sempre acompanha uma comparação com governos anteriores e chama a atenção o alto valor consumido com esse tipo de gastos. Só os cartões da Presidência consumiu 6 milhões. Leve-se em conta que do total gasto, mais de 15 milhões são sigilosos. Tais cartões foram criados para facilitar o sistema de compras de pequenos valores que antes dependia de formas como concorrência, o que implicava em perda de tempo. Mas, como era fácil, a coisa degringolou.
Finalmente agora o fato se torna público, com a maioria dos jornais, revistas, TV e também a internet mostrando os horrores do mundo político.
Os gastos têm sido astronômicos em todos os setores. A preocupação com o fim da CPMF era justamente a maneira como prosseguir gastando. Lembremo-nos sempre que o lema do nosso presidente é “governar é gastar mais”. Criar ou aumentar impostos é rotina atual. Afinal a maioria folgada nas duas casas do congresso permite essa atitude.
Desde ministros até simples seguranças de titulares e de familiares do presidente, todos com liberdade de gastos sem fim. Um gasta 200 mil. Outro 150 e assim por diante. Uma ministra flagrada nos gastos resolveu se demitir o que foi aceito “com pesar” pelo presidente. No mandato anterior uma outra ministra também teve que sair por gastar de modo irregular.
Mas, mesmo sem cartão, o ministro aloprado (aquele que calou a boca em troca de cargo de alto salário e mordomias sem fim) há poucos dias formou uma “caravana” de 25 influentes funcionários e convidados para um passeio à Amazônia, onde depois de degustar os banquetes, propôs uma “obra” faraônica: “Desviar todo o Rio Amazonas para o Nordeste”. Ainda bem que a ministra do meio ambiente não foi convidada. Ela não iria mesmo, pois capacidade e honestidade ela tem bastante. Mesmo assim se assustou quando soube do ocorrido. Foi necessário um prefeito mostrar pra eles que mesmo com aquela imensidão de água no local, quase um milhão de habitantes sequer possuem o líquido tratado em condições de consumo.
E a farra continua. Mais gastos virão. Fala-se até em CPI. Para quê? Alguém viu algum resultado positivo naquelas que funcionaram nos últimos anos?
CPI no Brasil, sabemos como termina. Uma vez lá no plenário, ou nos bastidores, tudo se resolverá com o velho truque do “você poderá ser eu amanha”.

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