16 de mar. de 2008

Justiça de MT recebe ‘bola’ para defender o governo

O governador de Mato Grosso Blairo Maggi, até o pescoço de escândalos, agora responde por mais um. O jornal Folha de SP publicou hoje o que vem a ser um escândalo ainda maior, pois coloca em dúvida o papel da justiça estadual ao cercear os direitos dos cidadãos por colocar a justiça como advogada do Governo.
Blairo foi além do que Lula considerou intromissão da justiça no executivo. Maggi comprou a justiça estadual de Mato Grosso através de um protocolo de intenções que convertia 20% do valor de execuções fiscais, em uma espécie de honorários para o Tribunal de Justiça. Isto é, em questões onde as partes eram um cidadão e o Estado, e a Justiça deveria julgar com imparcialidade, essa mesma Justiça já sabia que se o cidadão perdesse, 20% do que ele deveria pagar seria ganho dela.
Podem dar outros nomes para isso, mas pra mim é SUBORNO.
Não sei quem ai desempenhou papel mais sujo, se o governador ao propor uma ‘bola’ (comissão de 20%) ao Tribunal de Justiça, ou o Tribunal de Justiça que em troca da ‘bola’ desvirtuou sua função.
O atual presidente do TJ, desembargador Paulo Lessa, rompeu com o contrato na sexta-feira, dia 14, pois o protocolo "carecia de amparo legal". O mesmo que dizer: é ILEGAL. E afirmou: "O Judiciário não pode estabelecer uma preferência de julgamento que os códigos não estabeleceram".
Nisso que deu a tal visão empresarial de Maggi na administração pública. Talvez nos seus negócios essa prática de comprar a justiça fosse algo comum. Nas fotos deste post você vê Blairo Maggi e o então presidente do TJ, desembargador José Ferreira Leite, o que assinou o acordo.


Mato Grosso "divide" com Justiça receita de tributos

Acordo, de 2003, dava 20% do valor de execuções fiscais convertidas em receita ao TJ
Diante de questionamentos da Folha, tribunal anunciou na noite de sexta-feira cancelamento do acordo com o governo do Estado


Por Rodrigo Vargas da Agência Folha, Em Cuiabá


De cada R$ 100 que o governo de Mato Grosso arrecadou nos últimos dois anos em ações judiciais para a cobrança de tributos, R$ 20 foram para os cofres da própria Justiça.
Um protocolo de intenções, assinado em 2003 pelo governador Blairo Maggi (PR) e o então presidente do TJ (Tribunal de Justiça), o desembargador José Ferreira Leite, estabeleceu uma participação de 20% sobre "o valor total das execuções efetivamente convertidas em receita aos cofres públicos".
Às 20h35 de sexta-feira, a assessoria de imprensa do TJ avisou a reportagem que o acordo havia sido cancelado por iniciativa do atual presidente, o desembargador Paulo Lessa, e que uma nota sobre o assunto fora divulgada no portal do TJ na internet. A nota, sob o título "TJ cancela protocolo de intenções", foi publicada às 19h20. Por volta das 21h, o portal saiu do ar, com informação de que estava em manutenção.
Um dos itens do protocolo previa que o TJ "orientasse" os juízes e servidores das comarcas a dar "máxima atenção possível" às ações movidas pelo governo contra os contribuintes, "especialmente nos executivos fiscais de maior valor".
Durante a semana, o governo disse que o acerto foi colocado em prática. De acordo com o procurador-geral do Estado, João Virgílio do Nascimento, foi a maneira encontrada para custear o trabalho dos oficiais de Justiça em suas diligências.
Segundo Nascimento, o Estado arrecada, em média, R$ 1 milhão por meio de ações judiciais de cobrança, a cada mês. Isso significaria algo em torno de R$ 200 mil mensais de repasses extras ao TJ. "Nosso território é muito grande e, por falta de recursos para as diligências, as ações estavam paralisadas. Este foi o mecanismo que encontramos para viabilizar o pagamento", disse.
O dinheiro não tem o objetivo de interferir no resultado final das ações, afirmou Nascimento. "O TJ faz parte do Estado. E os recursos vão para o Poder Judiciário, não para os juízes. O repasse não compromete a independência das decisões."
Nas ações de cobrança de tributos, o juiz analisa a defesa do contribuinte. Pode declarar nula a dívida ativa e extinguir a execução movida pelo Estado. Pode ainda reconhecer a prescrição da cobrança ou a inconstitucionalidade do tributo.
Em novembro de 2007, a Corregedoria Geral de Justiça encaminhou aos juízes de Mato Grosso ofício circular no qual solicitava uma varredura nos processos de cobrança arquivados nos dois anos anteriores.
O objetivo, segundo o documento, seria possibilitar a "cobrança dos valores a que o Judiciário tem direito". O ofício, assinado pelo desembargador Orlando de Almeida Perri, dizia: "Determino que seja informado, em um prazo de 60 dias, quais foram os valores recebidos pela Fazenda Pública Estadual , correspondentes a cada processo de execução fiscal".
Em outro ofício aos juízes, também de novembro, Perri encaminhava a lista de ações de execução fiscal em andamento. O documento pedia que os processos listados fossem movimentados "rumo à solução final, qualquer que seja o resultado", e dava prazo de seis meses para que as comarcas informassem "em quantos deles houve pagamento ou parcelamento da(s) dívida (s), assim como os respectivos valores". À Folha, dias antes do cancelamento do acordo, Perri negou ter tentado exercer qualquer tipo de pressão sobre os juízes.
Questionado, Nascimento disse não ter conseguido levantar, na Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda), os números exatos sobre os repasses mensais ao TJ. Mas ressaltou que o acordo seria desfeito em 2008.
De acordo com dados da Sefaz, o governo arrecadou cerca de R$ 100 milhões de sua dívida ativa-estimada em R$ 3 bilhões-desde 2003. Nos últimos dois anos, foram R$ 34,4 milhões. A maior parte do valor foi obtida por meio de ações de execução fiscal.

6 comentários:

Anônimo disse...

Adriana, infelizmente essa prática não é executada só aí. Parece que essa turma esqueceu tudo o que chega perto de moralidade. é uma pena ver a impunidade. Aliás, há um relatório dos EUA denunciando a Justiça brasileira como coadjuvante da corrupção. Se até o PCC está formando advogados de seus quadros...

Cantinho do Joe disse...

Adriana,sempre um jornal de SP informando sobre o dia a dia daqui.O que fazem nossos veículos de comunicação?Recebem "bola" também?

Abreu disse...

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Isto não é apenas VER-GO-NHO-SO, pois é principalmente CRI-MI-NO-SO.

Agora mesmo é que vamos saber se Mato Grosso possui um Ministério Público digno, honesto, probro, honrado, ...isto porque, 'diligente', está claro que ao menos não foi, já que não atuou como quando e onde devia!

Chacon disse...

Eu diria que o nome disso não é SUBORNO, suborno poderia ser feito em qualquer lugar (vou me abster de exemplos) o nome disso é "MAFIA", porque esse nivel detransação, não o dinheiro vivo escondido na carteira, ou 200 merreis que pra suborno, isso é negociação com a conivencia de ambos os lados.

ma gu disse...

Alô, Adriana.

Antigamente, esse seria chamado de delito de alto coturno (não confundir com coturnonoturno), por envolver duas das figuras maiores NO Estado, o governador e o presidente do TJ.
Por que nunca falo DO Estado? Porque falando-se de 'culpa', o ente Estado (representado pela sua população) somente tem a culpa chamada 'in eligendo' {culpa pela escolha (do governador)}.
Já o presidente do TJ tem a culpa 'in vigilando' (quebra do dever legal de vigilância).
E as duas pessoas ingressam na Teoria da Concausa. Alguns professores chamam de Concausa Conjunta (mais de uma pessoa pratica o ilícito).
Isso tudo analisando-se pelo enfoque da articulista sobre a ilegalidade do ato.
O novo presidente do TJ fala em falta de amparo legal porque tal protocolo não foi previsto.
Eu já não me arriscaria a tirar a conclusão de ilegal, porque muitos autores em Direito dizem que ilegal é apenas o ato realizado contra uma norma que proibe aquele ato.

Unknown disse...

Adriana voce conhece um personagem da TV que quando se vê em apuros ele diz:E agora quem poderá me defender??????? e ai do nada aparece o "heroi" todo desengonçado, é isto que estou querendo fazer porque a balança justiça por estas banda de MT esta pensa para um lado$$$$$$$$$$$$$.

Deus me livre!!!!!!