17 de mar. de 2008

Religião e ciência

Por Plínio Zabeu

Chegou à Justiça Maior o caso da aplicação de uma lei elaborada há tempos que permite as pesquisas com células tronco. Ela foi barrada por uma liminar. Agora, de início, um dos ministros pediu vistas. Ou seja. Mais tempo para estudo do caso. Como se mais de 3 anos não tivessem sido suficientes, tantas as informações dadas por todos os órgãos de comunicação.
A Campanha da Fraternidade deste ano dá ênfase ao “direito à vida”. Muito bem fundamentada e com notáveis ensinamentos. Coloca-se contra o aborto (o que todos os cristãos apóiam), mas também contra as referidas pesquisas.
Entretanto há necessidade de um maior entendimento entre os que simplesmente rechaçam-na. A verdade é que, em se tratando de crença religiosa, faz-se necessário interpretar cada item, especialmente levando-se em conta a época em que foi escrito. Por exemplo: Houve um tempo em que, segundo os Livros Sagrados, o sol giraria em torno da terra. Quem discordou disso pecou. E agora?
Sempre nos foi ensinado que o ser humano está pronto no momento da fecundação. Quando isso foi exposto ninguém sabia o que viria depois com o progresso científico. Muito válido, claro. Uma célula resultante de duas metades e uma nova alma criada.
Mas tal conclusão ocorreu num tempo em que só havia a fecundação natural, ou seja, com a conjunção carnal. Os tempos mudaram e hoje podemos realizar tal fecundação no laboratório. E obtemos um embrião fora do útero da mãe. Tal embrião poderá ser colocado em algum outro útero que se desenvolverá e dele nascerá uma nova criança. Sabe-se de quem será este filho. Mas, e a participação do útero receptor?
Novos estudos comprovam que, para alguém estar vivo precisa ter funcionando o sistema nervoso. Quando uma pessoa perde sua parte nervosa ocorre a “morte cerebral”, ocasião em que seus órgãos poderão ser transplantados para cura de doenças. Quem usar tais órgãos estará “destruindo” uma vida?
Então por quê não usar células de embriões congelados há mais de 3 anos, praticamente inviáveis e com autorização dos que forneceram os gametas? E mais. Não se trata de implantar tais células nos seres humanos, uma vez que elas poderão ser rejeitadas ou formarem tumores malignos no receptor.
A Lei não fere nenhum principio religioso como destruir seres vivos, pois permitirá apenas e tão somente pesquisas. E isso será sem dúvida útil à toda humanidade e caracteriza uma verdadeira “opção pela vida”, como sugere a Campanha da Fraternidade deste ano.

4 comentários:

Anônimo disse...

Quantas vidas são destruídas diariamente? por negligência...injustiça, etc. Isso não é levando em conta, igrejas??? As igrejas tem um único propósito de amansar o povo, fazer acreditar que o paraíso é depois da morte. Nós queremos que o paraíso seja aqui, nesta terra... e isso só se conseguirá com a igualdade entre as pessoas. MAs isso será uma tarefa difícil para todos.

Chacon disse...

Como as religiões manipulam o ser humano, será que se tivessemos apenas espiritas no Supremo isso aconteceria. Bem a minha pergunta é a seguinte, se eles não usarem esse embriões, o que eles vão fazer com eles? Qdo vão amamenta-los, trocar fraulde e leva-los à escola? Não tem como, infelizmente é descartável, vão acabar se perdendo, pois que usem para um fim honrroso, o Brasileiro tem potencial pra tudo, só não tem apoio.

Chacon disse...

O anonimo escreveu bem e me fez lembrar, e os processos contra o INSS que ficam 20 30 anos a espera... da pessoa morrer para não pagar?????? E essa vida que tanto contribuiu e é uma vida com consciência, não uma "vida embrionária". Eu me envergonho disso, podiamos ser mais evoluidos e continuar pensando em DEUS e no próximo, o próximo que precisa, não o próximo que está num tanque de hidrogênio líquido.

Anônimo disse...

Todos que são a favor da limitação da reprodução humana já são nascidos.Dai se vê que tema é polêmico.
O Papa deve ser um homem rico e se ele pudesse casar e ter filhos, ele não faria 12 ou 20 filhos, e nem os padres,bispos fariam.
E se o povo ainda hoje acreditasse neles ainda estaria comprando assento ao lado de Deus, lá no céu.
Chega de prolongar a idade das trevas.