8 de abr. de 2008

Dilma tem medo de apurar

Por Chico Bruno

Quem assistiu com atenção a entrevista coletiva da ministra Dilma Roussef deve ter ficado a certeza que ela não quer apurar nada, mas tergiversar, pois do contrário já teria mandado rastrear a rede de computadores da Casa Civil.
Era visível o nervosismo de Dilma, que acabou realçando toda a sua arrogância.
Antes das perguntas, Dilma fez uma explanação, na qual tentou levantar suspeição sobre a última reportagem do jornal Folha de São Paulo.
Quando confrontada com a primeira pergunta, justo a que pedia a prova da suposta falsificação, Dilma deu várias voltas e disse que a entregaria quando o banco de dados estivesse pronto.
Isso quer dizer, que ela não matou a cobra e muito menos mostrou o pau.
A segunda repórter a interrogá-la, Cristina Lemos, da Rede Record, pediu que ela explicasse melhor a versão de uma suposta invasão remota nos computadores da Casa Civil levantada por ela.
Dilma deu meia volta volver e admitiu, com base em consultas, que 90% dos casos de vazamento é obra de gente que trabalha com os computadores, insinuando à possibilidade de algum funcionário da Casa Civil ter fornecido as informações ou montado o dossiê. Com isso, Dilma derrubou a versão de invasão criada por ela durante a explanação.
A repórter Marta Salomon, autora da matéria da Folha, quis que Dilma explicasse com todos os “efes” e “eres” a suspeição levantada contra a matéria da assinada por ela. Visivelmente irritada usou subterfúgios para não responder.
Dilma, ainda, ouviu as perguntas do repórter Fausto Carneiro, do Portal G1, mas as respondeu meio estapafúrdia e antes que alguém tomasse a palavra encerrou abruptamente a coletiva, mal se despedindo dos 30 jornalistas, cuja maioria ficou a ver navios.
A entrevista desmontou toda a aura criada em torno de Dilma de uma eficiente gerente. A durona se fragilizou ao posar de vítima:
- A pessoa e a instituição que está sendo prejudicada nesse processo são o governo e a Casa Civil. Acho que tem direção certa, é endereçado a mim.
Lá pelas tantas, sem citar o nome do senador Álvaro Dias, tentou incriminá-lo, mas pisou no tomate, incluindo no cesto dos suspeitos um deputado da base aliada:
- Até agora não apareceu o vazador de forma explicita. O que se sabe é que um senador da oposição recebeu. Foi insinuado que havia o conhecimento de um deputado da situação. Esse, até agora, não apareceu, disse ela.
Se estivesse interessada em apurar a responsabilidade pelo vazamento teria mandado rastrear a rede de cinco computadores da Casa Civil, pois qualquer administrador de rede de computadores tem como saber qual usuário criou, alterou, apagou ou copiou arquivos armazenados nos disco rígidos dos computadores da rede.
Como não fez isso, fica no ar a sensação que a revelação pode causar um estrago maior do que o causado até agora.
Na entrevista coletiva relâmpago Dilma agiu como um peru bêbado prestes a ter o pescoço degolado.

11 comentários:

PapoLivre disse...

Mãe Dilmah só pode se sair medianamente bem quando está perante platéias encomendadas escoltada pelo maior mentiroso que assola este país. Já provou que é competente em questões de cofres, como computador exige paciência e discernimento, ela se embroma toda, em sua própria embromação.

Abreu disse...

Ôps!
Li um post e comentei n'outro.
'inda bem que o mesmo comment cabe nos dois.

É uma questão de interpretação semiótica.
A psicanálise explica certas coisas...
Enquanto a sujeita dizia com palavras certas coisas, seu corpo, em linguagem não-verbal seguramente a desmentia.
Cacarejar sobre os ovos alheios parece fácil... Uuuups!

Anônimo disse...

Que pobreza! Para amar um país, a legalidade, a ética, a honestidade, temos que estar informados e participando. Informados sobre Dilma. Informados sobre o protoditadorzinho, querendo o poder eterno em Banânia! Vou pegar meu colírio alucinógeno, como fala o Macaco Simão.
Melhor: vou ler mais uma vez a entrevista de Roberto Romano, para desenrolar por dentro o enrolado por fora invertido e voar livre pelos ideais de uma realidade que vale a pena: real, mas pensada.

Cantinho do Joe disse...

Amigos,
Vamos fazer um acordo:
A cada semana,leiamos um episódio da Velhinha de Taubaté(Veríssimo).
Comecem pelo Grampo da Velhinha.
Vocês verão que é só trocar os nomes e a história continuará igual.
Observem.

Abreu disse...

Joe,
Só que todas as vezes que leio algo escrito pelo Veríssimo, ou quando ouço (ou cantarolo) músicas do Chico Buarque de Havana, não consigo me desvencilhar da idéia de que "tem coisa" no que esses petralhas-esquerdalhas-comunistas-de-beira-de-piscina escrevem...

Anônimo disse...

Cantinho meu amigo, nossos escritores foram demonizados.
O Analista de Bagé, Ana Terra,Negrinho do Pastoreio, Castro Alves,Drumond de Andrade,Neruda,Garcia Marques,Gandi,Voltaire,Kant,O Chapeuzino Vermelho(comunista)Peter Pan (verde) integralista, Jesus com os burros e cabritos(mendigo).
Vivemos uma seção de tiro ao alvo, se errar sou petralha se acertar sou bushista.
Muito cristão para um agnóstico e muito ateu para um crédulo.E quem fugir do carimbo: Paredon ou Guantanamo.

ma gu disse...

Menos, Marreta, menos.

O Abreu provavelmente se referiu ao fato dos dois citados no comentário dele serem, tal qual um professor de história o seja, amantes da múmia cubana. Nem por isso foram viver lá.

Um amigo da juventude, comunista, meu companheiro de congressos na UNE, foi viver uns tempos na Rússia de Kruschev. Eram os 60. Aprendeu a lingua. Quando voltou, contou que uma das coisas que mais o impressionara eram as filas. Nenhum moskovita evitava. Via uma fila, entrava. Um dia ficou para ver o resultado. Uma senhora gordinha e baixinha sai da loja com um par de sapatos masculinos nº 45. Perguntada se era para o marido, disse não. O detalhe era pegar o que tivesse. Aquele dia era dos sapatos masculinos grandes. E daí iria para a praça mais próxima, onde a população trocava, entre sí, o que havia conseguido naquele dia, ou em outros.
Perguntei-lhe, então, quando da volta, se continuava comunista. Disse não. Uma coisa é ser comunista, maoista, caralhista, na teoria. Outra coisa é viver 'in loco' num país sob regime comunista. E concluiu: Tô fora... E nunca mais tocou em assunto de ideologia, até sua morte, prematura.

Concluindo o assunto começado lá em cima, não lhes diminui a qualidade de, digamos, artistas, aos quais apreciamos. Diminui apenas o conceito que temos das 'pessoas'...

Anônimo disse...

Bem dito Magu,eu reavaliei e peço desculpas pelo desabafo.O que passava pela minha cabeça era que qualquer obra lida no passado,e que eu tenha gostado, hoje não é mais politicamente correto.
Eu li os Veríssimos, o Érico e o Luiz Fernando e gostei.
Eu leio o Reinaldo e gosto mas,em num assunto comentado fez referencia a Voltaire, pois bem, o Olavo de Carvalho com um artigo elogiava a posição política dele com uma ressalva de ter feito uma menção simpática ao francês.
Eu fico longe disso.
Eu sofro de burrice atávica, e por isso ainda torço para o coiote pegar o papaléguas.
Desculpe Abreu não tive a intenção de magoá-lo.

ma gu disse...

Alô, Marreta.

Cabra safado! Eita! Reconhecer enganos é coisa de grandes almas...

A minha restrição interpretativa, às vezes, me faz enxergar mais longe, apesar da miopía do personagem.
As ações do glorioso partido fizeram que o conceito de 'politicamente correto' tenha ido para o brejo! Acabamos não sabendo mais o que é isso.
Eu também espero que, um dia, o Tom consiga comer o sacana do Jerry, eheheh...

Abreu disse...

É isso ai, Cavalheiros!

Muitas vezes, um simples ímpeto nos leva a ter que refazer ou desfazer alguma coisa, logo depois que tenhamos acabado de fazê-la (construindo-a, dizendo-a, etc.).

Falou-se aqui em Reinaldo Azevedo.

Eu não tenho sequer uma fração do talento e da competência do RA para analisar e comentar os mais diversos fatos sociais com a rapidez, correção e efifiência com que faz, todavia, a cada texto que ele publica, tenho a impressão de que fui eu que escrevi (exceto quando ele entra em picuinhas contra seus invejosos adversários, que eu — tivesse o mesmo prestígio e competência dele, simplesmente igonaria por completo).

Todavia, poucas semanas atrás, o próprio RA — que começara a corretamente descompor e desqualificar (pelas condutas e pelo que escreve) um certo "diretor teatral" —, num repente passou a tratá-lo como se fosse o mais antigo amigo de infância, etc e tal — o que, obviamente me aborreceu (mas já passou).

Ora! Se até o RA — que "me psicografa" a todo instante — pode ser intempestivo e dele não guardo qualquer má impressão, por que eu guardaria dos demais "mortais, que em pé de igualdade integram os 26 daqui do 'forte'"? Hehe!

Seja como for, agradeço ao Magu pela correta interpretação das minhas palavras — aliás escritas —, o que sempre possibilitam a releitura em busca — no mínimo — de ironias eventualmente escondidas.

Forte abraço a todos,

Unknown disse...

Adriana!
Estes dias estive ouvindo a radio CBN e ouvi um comentario da Lucia Hipólito ela dizia: o planalto esta procurando um novo Delubio pra assumir tudo e ficar quiéto.
(desculpe não sei se podia dizer o nome de uma outra emissora e de outra jornalista)