1 de abr. de 2008

Nova versão não se sustenta

Por Chico Bruno

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) tentou envolver em sua defesa um acórdão do Tribunal de Contas da União, usando-o como justificativa para a criação de um "banco de dados" dos gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Infelizmente a desculpa não colou, pois "a auditoria e o acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) aprovados em 2006 não fazem ressalva ao período do governo passado nem pedem investigação. Ao contrário, apontam pagamentos em duplicidade na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O acórdão 230/2006 pede ressarcimento de valores pagos a mais no aluguel de carros usados na segurança de Luriam Cordeiro, filha de Lula, chama a atenção do valor pago pela comitiva do vice-presidente José de Alencar, no Rio, no carnaval de 2005 e pede transparência na justificativa de gastos estranhos com cartão corporativo. Sugeriu que a Presidência montasse um sistema de pesquisa de preços de hotel e locação de veículos para evitar gastos vultosos, conforme matéria divulgada pelos repórteres Gerson Camarotti e Isabel Braga na edição do O Globo nesta segunda-feira, 31.
A nova alternativa do governo Lula é assumir o imbróglio e jogá-lo no colo de alguém, segundo alegação do ministro José Múcio (Relações Institucionais). Neste domingo, 30, ele divulgou a alternativa:
- Usaram o banco de dados com o intuito de fazer mal ao governo, e fizeram. Está claro que o relatório foi tirado do banco de dados. Alguém de dentro do Planalto resolveu fazer o mal. Esses dados foram vazados por alguém do governo. O banco de dados estava sendo montado caso a CPI precisasse. Mas esse banco de dados não era direcionado. O governo agora está procurando saber quem foi que fez isso. Claro que foi alguém da equipe com o objetivo de acirrar o ânimo entre governo e oposição. Foi pura maldade, disse o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.
O problema dessa nova versão, propalada por José Múcio, é que além dos assessores palacianos da Casa Civil, ministros e integrantes da base aliada com assento na CPMI da Tapioca já tinham conhecimento do "banco de dados" de FHC.
Portanto, é bem provável a sindicância aberta no Palácio do Planalto para apurar o vazamento dos gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aberto na semana passada, não dê em nada, pois, entre os suspeitos estão ministros, deputados, senadores e os respectivos assessores.
Vale lembrar, que a imprensa já havia divulgado, que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) teria confidenciado a empresários paulistas que o o governo Lula estava montando um "banco de dados" sobre os gastos de FHC na presidência da República.
Aliás, nos corredores do Congresso Nacional, desde o carnaval, todo mundo comentava, que os integrantes da base aliada de Lula na CPMI da Tapioca seriam abastecidos com dados dos gastos de FHC e seus ministros para usá-los para pressionar os membros da oposição na referida CPMI.
O grande problema deste imbróglio, é que a imprensa sabe que o autor da ordem para a confecção do "banco de dados" foi do presidente Lula, quando irado cobrou dos ministros e da base aliada à aprovação da MP da TV Pública e uma reação a altura contra os movimentos da oposição em torno da CPMI da Tapioca.
Uma fonte afirma que o presidente Lula teria dito nesta ocasião:
- Se é guerra que eles querem, eles terão guerra.

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