21 de abr. de 2008

A Soberania Nacional

Por Carlos Chagas

Coincidência ou não, quinta-feira, dia da sessão solene com que o Congresso homenageou o Exército, ecoavam pelos corredores da Câmara e do Senado as palavras pronunciadas na véspera pelo comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, de que o Alto Comando do Exército é um órgão que serve ao Estado brasileiro, não ao governo.
Foi no Clube Militar, no Rio, na presença de oficiais generais da ativa e da reserva, e de dois ex-ministros do Exército, que o oficial contestou a política do governo para com as populações indígenas. Manifestou-se contra a reserva contínua estabelecida na fronteira Norte, na região Raposa Serra do Sol, em Roraima, à mercê de ONGs interessadas em ver declarada a independência do que chamam de "nações indígenas", desligando-as da soberania do Estado brasileiro.
Não há como esconder, está declarado um conflito entre o pensamento militar e as decisões do governo que insiste em manter a reserva contínua e até mobilizou a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança para expulsar da região os fazendeiros e seus peões, há décadas plantando arroz num território igual ao do estado de Sergipe.
Ainda ontem o ministro da Justiça, Tarso Genro, insistia em que a determinação está tomada, que vai haver a expulsão, permanecendo apenas suspensa por mandado de segurança concedido pelo Supremo Tribunal Federal.
É bom tomar cuidado. Não dá mais para imaginar as Forças Armadas como responsáveis pelo regime ditatorial vigente entre 1965 e 1985. Os generais de hoje, quando muito, eram cadetes ou aspirantes naquela época. Nada tiveram a ver com os desmandos do período. Desde a redemocratização, Exército, Marinha e Aeronáutica vêm mantendo conduta exemplar, não obstante certo corporativismo nos debates e discussões sobre o passado.
Fica evidente que os militares cumprem ordens, estão subordinados ao poder civil e à Constituição, mas têm o direito, como cidadãos, de manifestar-se sobre todos os temas de interesse nacional. Não vão pegar em armas para defender seus pontos de vista. Mas esperam poder participar de estratégias e de políticas públicas envolvendo sua própria razão de ser. Seria uma pena o governo fazer ouvidos moucos e desconsiderar a delicada situação hoje envolvendo a soberania nacional.

Um comentário:

Anônimo disse...

O jurista(?), Tarso Genro está ficando bem no papel de Béria.Stalin entrou na fita dele.
"Como surgiu essa raça de lobos em meio do nosso povo? É a nossa raiz? É do nosso sangue?”- A. Soljenítsin - Arquipélago Gulag, 1973”.
"Ao verem-no de pincenês imaginaram-no um professor provinciano, um acomodado homem de letras, e não o que ele era, o barqueiro Caronte que levava os caídos do regime ao inferno do arquipélago dos campos de concentração. Beria logo se aclimatou no Kremlin. Privando com Stalin diariamente. Como um cão farejava-lhe os mínimos desejos, alimentado a paranóia do ditador. Enquanto existissem conspirações, sabotadores, espiões reais ou imaginários, Beria continuaria íntimo da casa. Ao pobre povo russo, desprovido dos seus deuses, aterrorizado, só restou celebrar celerados como ele. Na curta e surda luta pelo poder que se deu após o falecimento de Stalin, em março de 1953, Krushev e o Marechal Zukhov, o Partido e o Exército, prenderam e fuzilaram Beria em 23 de dezembro do mesmo ano. Foi tarde. Stalin e Beria haviam dizimado o país. Praticaram de certo modo um darwinismo ao contrário: a eliminação seletiva do melhor. Não houve pessoas decentes, talentosas ou criativas, que não submeteram aos rigores do artigo 58 do código de 1926: quer dizer presa, torturada, deportada ou fuzilada. Sobraram os descendentes dos medíocres, dos covardes e dos patifes.".
Como surgiu essa raça de lobos em meio do nosso povo? É a nossa raiz? É do nosso sangue? eu vou continuar me perguntando, eles pretendem implantar alguma espécie de Stalinismo aqui no Brasil?
A cegueira do nosso povo vai permitir essa desgraça que toma corpo com os ensaios de cada dia?