25 de fev. de 2007

O PAI DOS POBRES E DOS ÍNDIOS

Por Giulio Sanmartini

Na calada, durante o carnaval, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, através do ministério da Justiça, partiu para mais uma demarcação de área que será destinada à criação de mais uma reserva indígena. São 4 milhões de hectares, onde estão 5oo indivíduos, algo do tamanho da Holanda só que este país tem 16 milhões de habitantes.
As explicações de tanta terra para tão pouca gente são inúmeras, mas ainda não ouvi alguma que não fosse demagógica ou babacamente correta.
Quando o Museu do Índio era na rua Mata Machado (Rio de Janeiro), ao lado do Maracanã, freqüentava o local que tinha uma excelente filmoteca sobre a vida de diversas tribos de silvícolas da terras do Brasil. Além disso o pude tomar conhecimento dos trabalhos da preservação da cultura indígena, feita no nas primeiras décadas do século XIX pelo príncipe austríaco Maximiliano Wied Nuwied e pelo médico prussiano Von Langsdorf, este último cônsul no Brasil do Czar da Rússia. Ambos interessaram-se pela cultura do nativo especialmente a parte lingüística, deixando em suas obras vocabulários de diversas tribos. Langsdorf, de sua coleta, mandou centenas de latas com documentos e anotações que se encontram no Museu do Ermitage, muitas ainda sem terem sido abertas.
No início dos anos 1960 pude ter em Rondônia, contacto direto, nas malocas dos Nhambiquaras e dos Pacaá Novas. Jamais fui indigenista ou sertanista, era tão somente leva pela curiosidade de um sistema de vida diferente. Portanto conheço os súlvicolas não só de ouvir falar.
Como os índios eram e são considerados pela lei inimputáveis e precisavam da proteção do estado, inicialmente foi criado o Serviço de Proteção ao Índio - SPI, que era chamado ironicamente “serviço de perseguição ao índio”, portanto deveria mudar de nome e assim foi feito, passou a chamar-se Fundação Nacional do Índio – Funai, mas sua estrutura em quase nada mudou. Funciona dentro de uma demagogia protecionista. Um índio inimputável, Juruna, pôde ser deputado Federal, me parece que as duas coisas são incompatíveis. Outro, Paulinho Paiacã, estuprou uma professora, mas foi absolvido pois se tratava de um uso de sua tribo e além do mais, era inimputável, mesmo tendo fato acontecido em sua camionete, que ele dirigia com a devida carteira de habilitação.
Não consigo entender porque essa nova demarcação foi feita quase que em segredo, a não divulgação levanta suspeitas sobre as intenções. A Amazônia é desconhecida, é alvo de atividades madeireiras criminosas, é uma província mineralógica que ainda não foi integralmente medida, mas do que se sabe parece ser a maior e mais rica do mundo. Portanto inspira a cobiça dos ditos civilizados e estes preferem tratar com os índios que com os brancos.
O problema indígena deve ser encarado com seriedade, começando a não tratar os chefes silvícolas por “caciques” palavra de etimologia tainá, tribo encontrada por Colombo no caribe, especialmente, onde hoje existe Cuba, Haiti e República Dominicana. Os brasileiros são morubixabas.

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