30 de mar. de 2007

Ao leitor Abreu

O leitor Abreu deixou a seguinte mensagem no post da charge “A gravata do Rabino”:
Não vou defender o rabino, pois certamente ele encontrará quem o faça. Pelo que
sei, seguramente, ele não precisa roubar uma, duas ou dezenas de gravatas.
Certamente, ele pode pagar por todas elas, e provavelmente ele sequer as usaria.
Por que alguém com a posição, credibilidade e importância que ele possui se
sujeitaria a tamanha boçalidade? Imagino que não tarda e saberemos os porquês.
Há hábitos, tais como consumir drogas, subtrair [inexplicavelmente] bens alheios
e outras compulsões que não se explicam nem podem ser interpretadas como má
índole, pois não se constituem como meio de vida ou forma de alcançar algum
rendimento para qualquer fim.
Não conheço o rabino, mas, olhando retrospectivamente, recordo-me de suas ações e proposições sempre socialmente úteis e positivas. Tudo indica que ele não passe por um bom momento. Deixemos, então, que seus opositores e inimigos o açoitem. Poupemos-nos disso! Neste momento, solidarizo-me com seus amigos, familiares e entes queridos e torço para que tudo se explique e se resolva.
Caro Abreu, concordo com você, mas em termos. Entendo que existam vícios, compulsões e doenças que são considerados desvios de comportamento. No caso do Rabino, até acredito que ele não precise roubar gravatas, assim como a atriz Winona Ryder não precisava ter roubado roupas de uma sofisticada loja de departamento em Los Angeles.
Tudo isso eu entendo, mas acredito que não podemos ser permissivos com desvios de comportamento. Se um Zé Ninguém fosse preso em Nova York roubando o que quer que seja, ele seria tratado como doente? Não poderia por ser pobre.
Uma mulher pega roubando um litro de leite para alimentar seu filho está cometendo um erro grave tão grave quanto os cometidos por Marcos Valério, por exemplo. Seus motivos podem ser legítimos e nobres, mas o erro foi cometido e o dono do mercado é um trabalhador que não pode ser responsabilizado pelo desgoverno brasileiro que faz com que uma mãe não possa alimentar seu filho dignamente.
Sergio Buarque de Holanda definiu esse tipo de permissividade como sendo típico do Brasil e do brasileiro, o Homem Cordial, aquele para quem o conceito de moral é flexível.
Temos que ser intolerantes com delitos seja pequeno ou grande, intencional ou instintivo. Sensibilizo-me com os percalços que a família do Rabino deva estar passando, mas não posso admitir que roubar gravatas seja um crime menor que roubar carros.

2 comentários:

Abreu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Abreu disse...

Bom dia, Adriana!

Grato pelo destaque — que renova a oportunidade para melhor discussão deste fato, pelos que quiserem fazê-lo.

Você tem razão no que diz. Todavia, não no Brasil — onde a notícia não poderia mesmo ser sonegada, já que se trata de um fato real —, o rabino será julgado, mas no condado de Palm Beach, de acordo com as leis locais, onde tudo aconteceu.

Entre nós, nesta Nação de moral frouxa, a atitude do rabino Sobel servirá apenas para rechear os veículos de mídia e para criar-lhe constrangimentos morais, nos ambientes sociais em que transita. Se ele fosse um desses "frouxos", imagino que a notícia não o afetaria. Como creio no contrário, a primeira conseqüência já se concretizou: ele já está afastado da Presidência da Congregação Israelita Paulista — "cargo" muito cobiçado e disputado em seu meio.

Pelo que sei [com farto índice de ignorância], o rabino não é 'lá muito bem visto' por expressiva parcela da comunidade judaica — que chega mesmo a combatê-lo pelo fato dele ter interpretações "muito avançadas" sobre as possibilidades de paz/armistícios com os palestinos. Todavia, como não tenho competência bastante para me alongar sobre o tema, devo realçar que falo como mero palpiteiro.

Igualmente, devido às históricas manifestações de boa vontade e de integração religiosa sempre externadas pelo rabino Sobel, não duvido que [não fosse por este incidente] ele viria a ser figura de destaque em alguma possível cerimônia ecumênica durante a visita que o Papa Bento XVI nos fará nas próximas semanas.

Por fim, como o crime imputado ao rabino foi cometido num país de primeiro mundo, com trâmites processuais bastante céleres [e despendiosos], nos próximos dias, Sobel submeter-se-á ao julgamento que as leis locais o obrigam. Se considerado culpado, sofrerá as sansões legais. Se não, mesmo assim não poderá livrar-se da desonrosa vergonha da notícia que ora corre o mundo. Culpa dele mesmo, reconheçamos, mas ... "quem quer saber se é ou não alguma doença?"

Em favor do rabino cite-se que em nenhum momento ele "deu carteirada" — que mesmo em Palm Beach poderia render-lhe alguma ajuda/solidariedade por gente que mesmo sem acobertar nada, poderia diminuir-lhe alguns constrangimentos.

Saudações,



EM TEMPO Como sou "meio disléxico", só depois de publicado é que observei que o texto antes adicionado possuía vergonhosos erros ortográficos. Por isso, e em homenagem à Adriana e a quem visse a lê-lo é que consta a observação acima de postagem removida pelo autor. Os erros que agora forem encontrados serão frutos de pura inguinóranssa [rs].