Dirceu – o falastrão (esta matéria serve para o leitor Aládio)

Dirceu “desmente”, em reportagem ao O Globo em 03/12/2006, relação com Carlos Slim. Também desmente que presta “consultoria” para Eike Batista no imbróglio deste com o governo da Bolívia. Depois compare essas “verdades” ditas por ele e a recente declaração do Eike Batista à Veja em 14 de março de 2007.

O Globo: clipping do ministério do planejamento (em 03/12/2006)
O senhor fechou negócio com essa empresa, a J. C. Wattf?
DIRCEU - Fui conhecer. Não tenho relação com eles. Essas coisas levam seis, oito meses, desde que você conhece uma empresa e passa a dar consultoria. Tenho empresas para as quais presto consultoria. Não revelo os nomes porque há confidencialidade nisso. Infelizmente, estou na disputa política. E tenho que separar minha atividade profissional da política.
O senhor esteve recentemente no México.
DIRCEU - Fui na convenção de um grupo empresarial, que me convidou. O grupo Elektra (de lojas de varejo).
Mas o Elektra o convidou para tentar entrar no Brasil?
DIRCEU - Não. América Central. E no Brasil, também. Eles estão pensando em fazer um estudo sobre investimento no Brasil.
No México, conversou com o Carlos Slim, da Telmex?
DIRCEU - Não tenho nenhuma relação profissional ou de consultoria com a Telmex. Eu fui ao México duas vezes. E o visitei e depois participei de um jantar com os filhos dele. Até agradeço a propaganda feita de que eu presto consultoria para o grupo Telmex. Muitas empresas me procuraram a partir daí e me contrataram como consultor.
Como o senhor se aproximou do empresário mexicano Carlos Slim?
DIRCEU - Eu o conheci em Campos de Jordão, naquele famoso seminário que era para ser confidencial, em 2003. E depois mantive relações com ele. Mas não tenho relação profissional com ele.
Integrantes do governo contam que o senhor teve uma aproximação com ele no período da compra da Embratel pela Telmex, em 2004.
DIRCEU - Não tem nada a ver. Eu era do governo na época.
Exatamente por isso...
DIRCEU - Não. Quem resolveu isso foi a Anatel, a CVM, os órgãos. Eu não tive nenhuma participação. Isso não tinha nenhuma relação com a Casa Civil.
Mas quando estava na Casa Civil, havia muita demanda empresarial em seu gabinete...
DIRCEU - O que interessa é que não tenho relação profissional com a Telmex e com o grupo Slim. Como no Brasil, tenho relação política e pessoal com dezenas de empresários brasileiros, mas não profissional.
Em abril, o senhor esteve na Bolívia. Foi resolver questões de interesse de Eike Batista?
DIRCEU - Eu não fui resolver interesse de Eike Batista.
Mas o senhor viajou no jatinho da empresa dele?
DIRCEU - Sim. Mas uma coisa não tem nada a ver com outra. Eu fui à Bolívia. Fiz reuniões políticas por minha iniciativa. Conversei com a oposição e com o governo boliviano. Fiz uma avaliação sobre a Bolívia e emiti essa avaliação para quem me consultou. E nunca toquei no assunto de Eike Batista, ou da MMX ou da EBX (empresas de Eike). Posso ir a qualquer país. Fui à Nicarágua e visitei o Daniel Ortega antes e depois da vitória. Conheço ele há 30, 40 anos!

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Agora veja a entrevista de Eike Batista para a Veja (14/03/2007):
Clique aqui:
Observe como a mentira tem perna curta.

A tentativa de construir uma usina siderúrgica na Bolívia resultou em fiasco. A empresa foi expulsa do país pelo presidente Evo Morales. Atualmente, ele negocia a retirada dos equipamentos avaliados em 50 milhões de dólares e, se tudo der certo, Eike só vai perder nessa jogada 20 milhões de dólares. Para conversar com os bolivianos, o empresário chegou a contratar o consultor José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil do governo Lula. "Foi um contrato de quatro meses, que infelizmente não funcionou. Mas ele é um excelente consultor", diz Eike. José Dirceu preferiu não falar sobre o assunto.

Deduzindo, quando Dirceu concedeu a entrevista ao O Globo, os “quatro meses de contrato” dito pelo empresário brasileiro, ele já era consultor de Eike Batista. Como mentiu neste caso, não teria também mentido sobre sua consultoria para Carlos Slim?