25 de mar. de 2007

O Brasil censurado


O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Amapá (Sindjor), Volney Oliveira, publicou uma carta aberta onde pede apoio de todos na luta em defesa de Alcinéa Cavalcante. A jornalista está sofrendo perseguições e cerceamento de sua liberdade de expressão por revelar em seu blog, os podres dos poderosos locais.
Leia a Carta abaixo, em “texto completo”
É, parece que Sarney faz escola...deve ser o modelo do deputado de MT que também costuma usar desse expediente.



Carta Aberta à População
Processos, indiciamentos, censura, mordaça... Querem calar os jornalistas amapaenses

Absurdo 1: O senador José Sarney
Durante a campanha eleitoral do ano passado, a jornalista Alcinéa Cavalcante publicou no blog alcinea.zip.net, um dos mais acessados no Amapá, uma nota sobre José Sarney, que concorria a um novo mandato de senador pelo Estado. Um internauta acessou o blog e deixou um comentário afirmando que José Sarney fede, fede muito. O texto abaixo é uma nota do Sindicato dos Jornalistas do Amapá em apoio à jornalista Alcinéa Cavalcante, que está sendo processada pelo senador José Sarney e pelo desembargador Honildo Amaral (do Tribunal de Justiça do Amapá), por injúria, calúnia e difamação. Alcinéa é um dos nomes mais importantes da imprensa na Amazônia brasileira e noticiou, como a nota deixa claro, informações de interesse da sociedade brasileira. Que fique bem claro: o comentário foi lançado por um internauta, um leitor, não pela jornalista. Mesmo assim, o blog foi censurado e retirado do ar pelo provedor, no caso a UOL. Como se não bastasse, Alcinéa Cavalcante foi indiciada pela Polícia Federal e está respondendo a processo por injúria, calúnia e difamação.

Absurdo 2: O Desembargador Honildo Amaral
Censurada e vendo a sua liberdade de expressão cerceada, Alcinéa Cavalcante lançou um novo blog, o alcineacavalcante.blogspot.com. Operando no novo endereço virtual, a jornalista ousou publicar a fotografia de um prédio que está sendo construído (suntuoso para os padrões amapaenses) pelo desembargador Honildo Amaral de Mello e Castro no centro de Macapá, mais precisamente na esquina da rua São José com a avenida Coriolano Jucá. O jornalista Correa Neto, outro profissional dos mais respeitados da imprensa amapaense, reproduziu a fotografia em seu blog (correaneto.com.br), fez alguns comentários a respeito da grandiosidade do prédio em questão, argumentando que os recursos investidos na construção são incompatíveis com os ganhos do desembargador Honildo Amaral. Detalhe: o nome do proprietário está estampado, para que todos leiam, na placa da construção. Sentindo-se ofendido, o desembargador decidiu processar Correa Neto e Alcinéa Cavalcante por injúria, calúnia e difamação.
Os donos do poder querem calar os jornalistas
Ações judiciais desta natureza (entendemos como assédio judicial) confirmam que a situação está ficando insustentável para os jornalistas amapaenses. Tudo indica que os donos do poder estão decididos a estabelecer uma indústria da indenização, firmada em perseguições e represálias a jornalistas. Não se pode mais denunciar ou noticiar nada. O profissional que ousar cumprir o seu papel de jornalista está sujeito a ser processado. É um absurdo o que está acontecendo. É cerceamento da liberdade de pensamento e expressão, coisa que não se vê no restante do País - um prejuízo ao estado democrático e de direito, diriam senadores e desembargadores comprometidos com a democracia. A situação é grave e causará sérios danos aos profissionais de imprensa - e o pior deles é a intimidação. Vamos acionar o Congresso Nacional, o Tribunal Superior Eleitoral, o Conselho Nacional de Justiça e, se preciso for, a Anistia Internacional, para garantir a liberdade de imprensa e o direito da sociedade à informação. Processar Alcinéa Cavalcante e qualquer outro jornalista é pisar na história da imprensa do Amapá, uma história que independe de desembargadores e de senadores importados.
Apoio: Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amapá; Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Pará; Federação Nacional dos Jornalistas; Sindicato dos Servidores Públicos Federais; Sindicato dos Bancários Pará/Amapá; Sindicato dos Urbanitários; Conlutas; Associação dos Moradores do Jardim Felicidade I; Associação de Mulheres Empreendedoras; Associação Amapaense de Escritores; Articulação de Mulheres do Amapá.

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