De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.Um Brasil indignado, mas não surpreso, recebeu a notícia de que o Supremo Tribunal Federal decidiu colocar na rua quatro das mais importantes personagens da “Operação Furacão”. Foram três desembargadores e um procurador-regional da República. “Eles têm direito a foro
(trecho do poema de Rui Barbosa “Sinto Vergonha de mim”)

O bravo e integro procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, havia pedido a prisão preventiva dos 26 acusados de envolvimento com uma organização criminosa especializada na venda de sentenças judiciais para beneficiar a máfia dos jogos ilegais bingos e caça-níqueis, tudo com a mais completa relação de provas da culpabilidade de todos, graças a um trabalho exaustivo e de alta competência da Policia Federal.
Além das pessoas que haviam sido presas pela operação da PF, o corajoso procurador incluiu em sua denúncia mais um nome, o do ministro Paulo Medina, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), sob o qual pairam gravíssimas acusações e evidências da conivência e beneficiamento de criminosos. Para vergonha nacional e desmoralização do Poder Judiciário, os magistrados foram denunciados por formação de quadrilha, corrupção passiva e prevaricação.
O ministro Paulo Medina pediu afastamento do tribunal por 28 dias alegando problemas de saúde. O afastamento é remunerado, ou seja, ele não terá desconto dos dias parados em seu polpudo salário. A informação no STJ era que o ministro “sofria de dores fortes nas pernas”. Qualquer desculpa vale, só não dizer que estaria com dor na consciência. Ele é suspeitíssimo de uma decisão judicial que teria beneficiado donos de casas de bingo, segundo a Polícia Federal. O irmão dele, Virgílio Medina, atuaria em defesa dos interesses de casas de bingo. A informação é que a decisão possa ter sido vendida por R$ 1 milhão. As investigações também descobriram que Virgílio emprestou para o irmão R$ 440 mil. O advogado do ministro disse que o dinheiro foi para a compra de um apartamento e que consta da declaração do IR do ministro. Tão bonzinho o maninho!
Para vergonha de todos nós e jogando lama no Judiciário o episódio se assemelha ao mensalão dos deputados promovido pela República petista. Por sinal, o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Geraldo Araújo, assim o denominou: “o bingão da Justiça”. Segundo as denúncias os magistrados além das generosas gratificações por sentença, ainda tinham direito a mensalidades entre R$ 20 e 30$ mil da bandidagem.
É uma vergonha que os tentáculos podres de uma justiça corrupta venham jogar no charco da indignidade, magistrados honrados com uma vida dedicada ao cumprimento da lei. O presidente da seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Wadih Damos,falando sobre o caso disse que “ o desmembramento do processo da Operação Furacão da Polícia Federal, determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Cezar Peluso,possibilitou uma distorção e criou uma situação complicada". A magistratura brasileira não pode acobertar com o manto da impunidade marginais de toga, roubando e se comportando como criminosos.
Para vergonha de todos nós e jogando lama no Judiciário o episódio se assemelha ao mensalão dos deputados promovido pela República petista. Por sinal, o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Geraldo Araújo, assim o denominou: “o bingão da Justiça”. Segundo as denúncias os magistrados além das generosas gratificações por sentença, ainda tinham direito a mensalidades entre R$ 20 e 30$ mil da bandidagem.
É uma vergonha que os tentáculos podres de uma justiça corrupta venham jogar no charco da indignidade, magistrados honrados com uma vida dedicada ao cumprimento da lei. O presidente da seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Wadih Damos,falando sobre o caso disse que “ o desmembramento do processo da Operação Furacão da Polícia Federal, determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Cezar Peluso,possibilitou uma distorção e criou uma situação complicada". A magistratura brasileira não pode acobertar com o manto da impunidade marginais de toga, roubando e se comportando como criminosos.
3 comentários:
por PAULO ROBERTO DE ALMEIDA
Doutor em Ciências Sociais, diplomata, autor de vários trabalhos sobre relações internacionais e política externa do Brasil.
Pequeno manual prático da
decadência (recomendável em caráter preventivo...)
O conceito de decadência está histórica e usualmente associado às imagens – e também às realidades – de declínio econômico, de disfuncionalidade política, de regressão social, de queda relativa nos padrões de vida, de desordem institucional, de involução moral, quando não ao caos gerador de conflitos exacerbados e possível elemento-motor (“gatilho”) do colapso de toda uma sociedade.
pode-se saber que um país, ou uma sociedade, está em decadência quando:
O sentimento de mal-estar se torna generalizado na sociedade, ainda que possa ser difuso.
Os avanços econômicos são lentos, ou menores, em relação a outros povos e sociedades.
Os progressos sociais são igualmente lentos ou repartidos de maneira desigual.
A lei passa a não ser mais respeitada pelos cidadãos ou pelos próprios agentes públicos.
As elites se tornam autocentradas, focadas exclusivamente no seu benefício próprio.
A corrupção é disseminada nos diversos canais de intermediação dos intercâmbios sociais.
Há uma desafeição pelas causas nacionais, com ascensão de corporatismos e particularismos.
A cultura da integração na corrente nacional é substituída por reivindicações exclusivistas.
A geração corrente não se preocupa com a seguinte, nos planos fiscal, ambiental ou outros.
Ocorre a degradação moral ou ética nos costumes, a despeito mesmo de “avanços” materiais.
"Infeliz daquele país que tiver de julgar seus juíses...". Não lembro quem disse, mas se presta à nossa condição. Essa situação vergonhosa, e fora de controle, joga, sim "no charco da indignidade, magistrados honrados com uma vida dedicada ao cumprimento da lei". Pior os "magistrados honrados" ficam à beira da conivência criminosa, quando se acovardam diante de tamanha bandalheira no seio da sua corporação. É assim com deputados e senadores. É assim com todas as instituições. A esperança seria, justamente, a indignação da honra da maioria, a "chutar o pau da barraca", que poderia iniciar o caminho da moralização. Infelizmente faltam alguns "Falcones" na nossa justiça. Acovardamo-nos todos!
Alô, Adriana
Não pasme! É obrigatório ter sempre um juiz, um cartorário e um oficial de justiça, de plantão, nos fins de semana, nos forums federais. Acredito que nos estaduais também.
Quanto à liberação dos acusados, também pode ser considerada normal pois, todos tem endereço fixo, emprego fixo e podem ser encontrados a qualquer tempo.
Não estou defendendo os acusados. Soltá-los não significa que não vão continuar a ser processados.
magu - s.paulo
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