O Colunista da Folha de São Paulo, Josias de Souza faz uma analise sintética do que é o Brasil de hoje, segue abaixo na íntegra é uma peça que não pode deixar de ser lida. (G.S.)
SE TUDO ACABA EM SAMBA, MELHOR QUE SEJA DE JOBIM
Ser brasileiro é contabilizar todos os ovos quebrados e lamentar a ausência da omelete, é comparar o príncipe e o torneiro mecânico e constatar que falta-nos ora um bom eletricista ora um controlador de vôo, é olhar pra frente e enxergar ou um futuro pré-Thomas Edson ou um destino pré-Santos Dumont, é dar de cara com o absurdo e achá-lo muito parecido com o natural, é procurar culpados e só encontrar inocentes e cúmplices, é recordar a última do português e se dar conta de que nenhuma piada superou aquela contada por Pedro Álvares Cabral, em 1500, é procurar a esquerda e verificar que ela virou à direita, é ter saudades dos ideais revolucionários e lamentar que o único extremismo que restou foi o radicalismo da incompetência, é descobrir que a classe média está à procura de uma nova utopia e lamentar que ela se limite à pontualidade da ponte-aérea, é imitar o IBGE, refazer as contas e concluir que as chances de o governo ser mandado à raiz cúbica de pi dividida pela soma do quadrado dos catetos aumentaram 100%, é entrar em desespero e lembrar que, entre nós, tudo acaba em samba. Se é assim, em nome do bom gosto, que seja o Samba do Avião, de Tom Jobim
Ser brasileiro é contabilizar todos os ovos quebrados e lamentar a ausência da omelete, é comparar o príncipe e o torneiro mecânico e constatar que falta-nos ora um bom eletricista ora um controlador de vôo, é olhar pra frente e enxergar ou um futuro pré-Thomas Edson ou um destino pré-Santos Dumont, é dar de cara com o absurdo e achá-lo muito parecido com o natural, é procurar culpados e só encontrar inocentes e cúmplices, é recordar a última do português e se dar conta de que nenhuma piada superou aquela contada por Pedro Álvares Cabral, em 1500, é procurar a esquerda e verificar que ela virou à direita, é ter saudades dos ideais revolucionários e lamentar que o único extremismo que restou foi o radicalismo da incompetência, é descobrir que a classe média está à procura de uma nova utopia e lamentar que ela se limite à pontualidade da ponte-aérea, é imitar o IBGE, refazer as contas e concluir que as chances de o governo ser mandado à raiz cúbica de pi dividida pela soma do quadrado dos catetos aumentaram 100%, é entrar em desespero e lembrar que, entre nós, tudo acaba em samba. Se é assim, em nome do bom gosto, que seja o Samba do Avião, de Tom Jobim
Nenhum comentário:
Postar um comentário