Por Adriana Vandoni
(Entenda o caso DNIT.)
O Calvário
Não agüento mais esta novela da nomeação de Luiz Antonio Pagot para o Dnit. Não, vocês não fazem idéia do suplício que tem sido. A primeira vez que sua indicação foi noticiada (ou notificada, dependendo do caso) foi no dia 31 de outubro de 2006, quando o Dnit virou uma espécie de “dote” de Lula pelo apoio de Blairo. Isto quer dizer cento e oitenta e quatro dias (184) de espera. É mole? Claro que não. No dia 24 de janeiro de 2007, durante o programa Resumo do Dia, apresentado pelo ex-prefeito de Cuiabá, Pagot deu uma entrevista ao vivo confirmando sua ida para o Dnit: “a documentação já foi remetida a ABIN e no máximo em 20 dias assumo o posto”.
Musiquinhas de aleluia!
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45 – o nefasto
Hoje, cento e um (101) dias depois da entrevista, nada! O que vi foi uma enxurrada de denúncias e suspeitas pairarem sobre a cabeça do indicado. A mensagem de Lula com sua indicação já foi recebida pelo senado (é preciso passar por uma sabatina para ocupar o cargo) e Pagot agora depende apenas do presidente da Comissão de Infra-estrutura marcar a data da sabatina. Quem é o presidente da Comissão? Marconi Perillo do PSDB. Ironia do destino, Perillo é do mesmo partido que Pagot tanto abomina e que deveria ser banido da vida pública, como ele mesmo sempre disse: “o 45 [número do PSDB] nefasto, que tanto prejudicou as populações”.
É, reciclando o antigo ditado. eu diria: “boca falou, @# pagô”.
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Pagot X Minas Gerais
Nesse calvário todo que se tornou a nomeação, o mais grave são as declarações de Pagot ao comentar as denúncias que vêm sendo feitas sobre sua idoneidade. Pagot está alimentando uma rixa que não existe, nutrindo um ódio xenófobo. No começo ele atribuía as denúncias a um tal “complô de empreiteiras mineiras”. Isso foi crescendo. Pagot então declarou guerra ao jornalista Ricardo Noblat, acusando-o de ter sido comprado peles tais empreiteiras mineiras. Depois Pagot extrapolou e disse que o jornalista está afrontando “a ABIN e a sociedade brasileira, excluindo a mineira” com argumentos “simplistas”.
O que ele está pretendendo? Declarar guerra ao estado de Minas Gerais? Ora, ao “excluir” a sociedade mineira do que ele julga ser uma afronta, ele está dizendo que a população de Minas Gerais pode ser afrontada? Ou ele está mandando o aviso de que os investimentos no estado, que possui a maior malha viária do país, serão reduzidos e que as empreiteiras terão maiores dificuldades em participar de licitações?
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O Xenófobo
Isso é muito perigoso. Se Pagot restringisse suas críticas a um grupo de construtoras, ainda vá lá, mas jogar toda sua raiva no colo da população de Minas Gerais é xenofobia.
E pensar que todo esse desatino é para ocupar um cargo no governo que ele tanto criticou, até com ironia, como neste discurso: "E essa turma dos petistas, de Alexandre [Alexandre César, suplente de deputado estadual PT/MT] e companhia? Vem conversando mole, dizendo que o Lula faz. O que o Lula fez? Me digam uma obra que ele fez em Mato Grosso".
Mais uma vez: “boca falou, @# pagô”.
Já que é inevitável em função de acertos pré-estabelecidos, que saia logo esta nomeação antes que ele coloque Mato Grosso numa guerra contra Minas Gerais.
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A denúncia
Pagot é acusado de omitir informações no currículo enviado ao Senado. Ele trabalhou como assessor no Senador de Jonas Pinheiro (DEM/MT), de 1995 a 2002 e, no mesmo período era Superintendente da Hermasa Navegação da Amazônia, em Itacoatiara (AM). Essa situação, segundo um ministro do STJ consultado por Ricardo Noblat, contraria a Lei 8.112, de 1990, que "proíbe ao servidor participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada (...)" e também veda "exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho".
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A defesa e Os fatos
Pagot alega ter feito uma consulta no Senado e que não havia impedimento. Diz que sua dupla jornada era de conhecimento do senador e que dava conta do recado.
Pesquisei e não encontrei no Senado o registro de que Pagot ou o senador Jonas Pinheiro tenham feito uma consulta sobre a possibilidade de abrir uma brecha na lei, para que ele pudesse atuar simultaneamente como secretário parlamentar e superintendente da Hermasa.
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Onipresente
O senador Jonas Pinheiro não pode dizer que não sabia. Em 1997 ele discursou numa cerimônia da Hermasa em Itacoatiara como Senador e Pagot ao seu lado como Superintendente. Fica difícil imaginar que o Senador não soubesse que Pagot era o Superintendente, ou que não soubesse que o tinha em sua folha de pagamento. Apesar disso, ao ser questionado sobre o assunto, o Senador respondeu: "Não sei, mas de qualquer maneira ele não apresentava incompatibilidade nenhuma com o cargo. Para mim não teria problema nenhum se ele ocupasse uma outra função, desde que os horários fossem compatíveis".
Vale lembrar que Itacoatiara fica a mais de 3.200 km de Brasília.
4 comentários:
Alô, Adriana
Sua matéria (ótima, como sempre) tem só um pequeno senão. Acho que não existe o cargo assessor de senador. É "ASPONE", fora os poucos que comparecem.
É verdade Magu, tinha me esquecido desse detalhe. Poderíamos até colocar como título: Senador pagô Pogot para ser ASPONE...rssssss
E as obras quando este senhor era secretario de infra estrutura mt.
E quando foi para casa civil criou um fundo tranferiu tudo para casa civil autorizou o famoso ginágio no verdão fez a obra sem licitação? Santo pagot
O nosso tce verificou as contas do sr. pagot quando administrador do dinheiro público?
Cadê o resultado?
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