11 de jun. de 2007

Época em que um Presidente tinha Vergonha na Cara

No dia 5 de agosto de 1954, o jornalista Carlos Lacerda, ferrenho opositor do presidente Getúlio Vargas, sofreu um atentado, que ficou conhecido na história como o “da Rua Tonelero”. Lacerda recebeu um rito no pé e seu acompanhante, major da Aeronáutica, Rubem Vaz, estendido na rua, morto.
As investigações foram rápidas e eficiente e chegaram dentro do palácio do Catete (o presidencial na época), envolvendo como mandantes o irmão do presidente, Benjamin e o chefe de sua segurança pessoal, Gregório Fortunato.
O inquérito concluiu que o atentado fora planejado e executado sem o conhecimento de Getúlio, mas também mostrou que um presidente incapaz de saber o que acontecia no Palácio não estava apto a governa o país. Assim Getúlio viu-se compelido a renunciar (24 de agosto). Poucas horas depois suicidou-se para não passar pela vergonha de ter que sentar no banco dos réus.
Getúlio tinha pejo, dignidade e honradez, o que hoje é algo raro, especialmente no presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
Carlos Chagas faz uma pergunta sobre as ondas de escândalos que se sucedem dentro no governo nesses quase 5 anos, vejamos: (G.S.)

ARMADURA ERODIDA E TRINCADA
“Com todo o respeito e sem nenhuma insinuação de ordem pessoal, mas há uma pergunta que não quer calar: não acabará o presidente Lula sendo atingido por tantos atos de corrupção praticados à sua volta? Não sabia de nada a respeito de atividades ilícitas de tanta gente postada ao seu lado, gente acusada, indiciada, cassada e até condenada por atos de corrupção, desde que ele assumiu o poder? Será falta de atenção ou ilusão de que amigos, compadres, companheiros e até parentes não têm defeito? Será complacência?
Complicou-se a situação de seu irmão mais velho, Genival Inácio da Silva, e de seu compadre, Dario Morelli, denunciados pela Polícia Federal por crimes de tráfico de influência e formação de quadrilha. Mas o que dizer, antes, do amigo Osvaldo Bargas, do churrasqueiro Lorenzeti, do assessor Freud Godoy, dos amigos Paulo Okamoto, Gushiken, Delúbio, Silvio Pereira, José Dirceu, Palocci, Genoíno, Duda Mendonça, envolvidos com o mau uso da coisa pública?
Deve cuidar-se Lula, porque em torno dele multiplicou-se a presença dos que confundiram exercício do poder com satisfação de interesses pessoais desonestos. Por enquanto, prevalece a blindagem da liderança popular inconteste e a evidência de uma vida pessoal incorruptível, mas a proximidade com tantos companheiros envolvidos não acabará erodindo e trincando a sua armadura?”

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