
Por Laurence Bittencourt Leite
Com toda sinceridade, na minha avaliação, a única classe política que existe no Brasil é a estatal. Só. E sua única produtividade é a burocracia. Essa classe política estatal é aquela mesma, por exemplo, que Emil Sader chamou de “burguesia mafiosa no poder”, ao falar do que resultou o socialismo da ex-União Soviética sob o stalinismo, e que foi tão brilhantemente acusada e acuada por Trotsky. E se a humanidade “não está condenada a qualquer destino pré-determinado”, aqui no Brasil, infelizmente, contrariando esse fato, podemos dizer que sim.
O governo atual (ia escrever apenas o federal, mas sei que serve como uma luva para os estaduais também) em nosso país, é aquilo que podemos chamar de “ídolo erguido” através de uma falsificação ideológica. Da mesma forma que o stalinismo “venceu” através de uma falsificação grosseira, inescrupulosa e sistemática do passado, aqui também ocorre o mesmo.
A imagem glorificada de um homem sem culpas ou manchas como grande parte da população carente (e também não carente) vê em Lula, não pode continuar. É um desejo meu? Certamente. Mas vale a pena. Certamente, que também não deve ser um objeto de um retrato onde só impere a fraqueza ainda que essa seja, talvez, a mais correta. Lula e seu governo são tão responsáveis por esse Brasil atual, como todos os governantes e partidos que já o precederam. O mundo não começou hoje.
Mas a grande revolução nesse país, insisto, ainda está por acontecer, que seria a construção e solidificação de uma cultura capitalista. Mas quem há de implantá-la? O golpe de Estado patrocinado e realizado pelos militares a partir de 1964 tinha esse objetivo, segundo todos os historiadores recentes. Tenho minhas dúvidas. O certo é que após a derrubada de Jango, o que vimos foi a implantação gradual, firme e ampla dos objetivos da esquerda ou das diversas esquerdas, com uma estatização sem precedentes no país. Como parênteses, um amigo meu de “esquerda” esteve recentemente no Chile. Voltou impressionado com o que viu de positivo. Chegou a dizer que o Chile era o único país da América Latina que parecia com a Europa. Deu vontade de perguntar qual a explicação para tal fato. Preferi o silencio, porque certamente, ele iria dizer qualquer coisa, menos que se deve a implantação de um regime de mercado na economia com privatização total.
Bom, mas voltando a nossa história, é possível dizer que mesmo com a parca iniciativa de industrialização iniciada por JK nos anos de 1950 foi contraposta (tanto é verdade que o próprio JK foi perseguido pelos militares) às idéias “esquerdizantes” dos militares. Eu sempre costumo dizer que a mentalidade esquerdista e a militar se não são siameses, chegam próximos (ok, o Chile foi exceção, mas que só confirma a regra). Daí minha tese de que a grande revolução a ser feita nesse país, continua sendo a de tirá-lo das traças medievais e da burocracia ineficiente estatal. Quem será esse homem? Quem? Ou qual partido? Collor esboçou um rascunho, mas foi abatido em pleno vôo, pelas forças que não admitiam (nem admitem) a intransigência com elas, alijando-as do processo. Sei que não foi apenas por isso, claro.
Por fim, resta repetir as palavras geniais e proféticas de Maquiavel no clássico “O Príncipe”: “...não há nada mais difícil de realizar, mais perigoso de conduzir ou de êxito mais incerto do que tomar a iniciativa na introdução de uma nova ordem de coisas. Porque o inovador tem como inimigo todos os que estavam bem nas condições antigas, e defensores pouco dispostos naqueles que talvez venham a ficar bem nas novas”.
laurencebleite@zipmail.com.br
Bom, mas voltando a nossa história, é possível dizer que mesmo com a parca iniciativa de industrialização iniciada por JK nos anos de 1950 foi contraposta (tanto é verdade que o próprio JK foi perseguido pelos militares) às idéias “esquerdizantes” dos militares. Eu sempre costumo dizer que a mentalidade esquerdista e a militar se não são siameses, chegam próximos (ok, o Chile foi exceção, mas que só confirma a regra). Daí minha tese de que a grande revolução a ser feita nesse país, continua sendo a de tirá-lo das traças medievais e da burocracia ineficiente estatal. Quem será esse homem? Quem? Ou qual partido? Collor esboçou um rascunho, mas foi abatido em pleno vôo, pelas forças que não admitiam (nem admitem) a intransigência com elas, alijando-as do processo. Sei que não foi apenas por isso, claro.
Por fim, resta repetir as palavras geniais e proféticas de Maquiavel no clássico “O Príncipe”: “...não há nada mais difícil de realizar, mais perigoso de conduzir ou de êxito mais incerto do que tomar a iniciativa na introdução de uma nova ordem de coisas. Porque o inovador tem como inimigo todos os que estavam bem nas condições antigas, e defensores pouco dispostos naqueles que talvez venham a ficar bem nas novas”.
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