23 de jul. de 2007

Como Remunerar Heróis

Por Ralph J. Hofmann

A cena de Marco Aurélio Garcia dando top-top para a plebe me remete a todos os crimes que a canalha que inspirou este aproveitador já aprontou.
Digo isto pensando não só no Brasil mas em outros países que durante décadas foram o lar espiritual dessa gente antes de 1989.
Digo isto pensando nas polpudas pensões e compensações que tem sido pagas a elementos que vão de desertores a ladrões de banco. Falo de soldados que são promovidos a generais retroativamente quando ninguém poderá afirmar que passariam de majores ou tenentes-coronéis em suas carreiras.
É como se o Brasil tivesse perdido uma guerra e uma força invasora estivesse cobrando compensações de guerra do país todo.
Isso vindo de pessoas que nunca contribuíram para a formação das riquezas que hoje estão esbanjando enquanto as pessoas sensatas vislumbram um novo ciclo econômico à frente em que talvez o desempenho da economia brasileira não seja tão brilhante por ter tornado difícil o desenvolvimento de indústrias de ponta enquanto as colunas móveis de movimentos criminosos como o MST solapam a noção de propriedade e da justa remuneração do esforço pessoal entre a geração futura e ao mesmo tempo atemorizam quem poderia ao menos fortalecer a indústria agropecuária.
Heróis não são essas pessoas que passaram anos na Argélia ou na Alemanha vivendo como refugiados. Essas pessoas podem ser patriotas. Heróis não. Deveriam receber alguma compensação baseada em algum critério adequado semelhante a um pecúlio, com preferência para os idosos para que tenham alguma chance de aproveitar a compensação.
Mas não deveriam ser ganhadores de loteria.
Acabo de ver um DVD tcheco interessante. “A Dark Blue World”, creio que em português” Um Céu Azul Escuro”. Trata dos pilotos tchecos, alguns dos quais atravessaram países a pé para unir-se aos aliados e combater os alemães que haviam invadido sua pátria. De 2000 que serviram na RAF sobreviveram uns mil. Voltando à terra natal, ocuparam seus postos de trabalho, fosse nas forças armadas, fosse como mestres-escolas, fosse trabalhando em fábricas. Em 1948 após o golpe comunista os amigos do Dr. Marco Aurélio Top-Top os recolheram e jogaram em masmorras. Alguns lá ficaram até a “Primavera de Praga” em 1968. Outros foram soltos antes, mas apenas podiam trabalhar como mineiros. Isso para homens que haviam comandado alas inteiras da RAF.
Esses homens hoje têm 80 e mais anos. Poucos estão vivos. Alguns receberam a patente de general, pois haviam ocupado posições de comando comensuráveis durante os combates.
O governo de Vaclav Havel os socorreu. Recebem um soldo digno. Aos poucos o seu povo está descobrindo que há heróis silenciosos entre os velhinhos jogando xadrez na praça. Mas nem eles pleiteiam nem o governo atual concebe a concessão de compensações enormes. Seria diminuir seu heroísmo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma pergunta que não quer calar! O Carlos Heitor Cony já assumiu como Diretor de Redação de algum jornal. Ele se aposentou com mais de 19 mil reais pelo INSS, pois foi perseguido e só assim não conseguiu ser Diretor de Redação de um jornal que já faliu!!!!!!!