A mãe da miss

Por Adriana Vandoni

Era véspera de mais um concurso de miss. Um escândalo recente era manchete em todos os jornais, e a polícia até tinha dado nome de Operação Songamonga para pegar criminosos disfarçados de autoridades públicas.
Ao mesmo tempo em que se aproximava o dia do concurso, a polícia investigava o crime cometido por essas autoridades, que consistia em superfaturar carrinhos de hot dog, adquiridos com o discurso de que eram indispensáveis para a alimentação do povo, carente de salsicha e pão, mas eram comprados apenas para a alimentação parental, isto é, dos parentes dos criminosos.
Tudo corria na maior tranqüilidade até que os policiais descobriram que os carrinhos eram de má qualidade, improvisados e muito acima do preço normal. Os donos da fábrica de carrinhos de hot dog foram presos. Um escândalo!, várias autoridades foram envolvidas, acusadas de receber propinas, nada de novo naquele país. Foi nessa hora que entrou em cena a Mãe da miss, sacana que só ela, pagante compulsiva que achava que podia pagar tudo e todos, resolveu tirar proveito do escândalo.
Mesmo sua filha sendo linda, uma miss loira de olhos azuis, maravilhosa e cobiçada, ela, não satisfeita com a beleza da sua filha e com sua quase certa vitória, resolveu eliminar a adversária, envolvendo-a no escândalo Songamonga.
Pegou o Tinhoso, empregado de sua confiança, e o mandou para a cidade das garoas. Tinhoso era conhecido por causar repulsa e nojeira e a sua missão era de comprar uma das autoridades envolvidas, que naquela cidade se encontrava. Queria que ele envolvesse no escândalo a miss adversária. Sem sucesso, Tinhoso retornou e resolveu usar outra estratégia, conversar com um antigo amigo, o VP-Maligno. Marcou, então, um encontro entre a Mãe da miss e VP-Maligno, onde tudo foi acertado.
Sai de cena o Tinhoso e fica só o VP-Maligno, que, conforme combinado, foi visitar o dono da fábrica de carrinhos de hot dog no presídio. VP-Maligno era um ser rejeitado pela mãe, e por isso resolveu que além de envolver a miss adversária, como era o combinado, envolveria também acusar sua mãe. Faria o serviço encomendado pela Mãe da miss e se vingaria da própria mãe que o tinha rejeitado e impedido quando quis ter uma empresa para iluminar o inferno.
Tudo parecia estar dando certo, até que a polícia descobriu a nova armação que envolvia mais outro concurso de miss. Que rolo, heim!! Parece coisa de doido, de aloprado!! O escândalo tomou proporção nacional, VP-Maligno foi preso e, no apuro, citou um tal advogado.
Mas a história acabou por aqui. Por quê? Não sei, mas se quiserem saber perguntem ao advogado, ôpa, à Mãe da miss.